Dados fornecidos pelas prefeituras de Vila Velha, Vitória e Cariacica, mostram que mais de 4 mil alunos já foram prejudicados só nos primeiros seis meses deste ano, devido aos tiroteios nas comunidades da Grande Vitória.
O município que mais registrou casos foi o de Cariacica, onde 2.318 mil estudantes dos bairros Vista Dourada, Novo Horizonte, Piranema, Operário, Nova Rosa da Penha 1 e Nova Esperança ficaram sem aula por ações criminosas nas regiões.
´Já no caso de Vila Velha, foram 1.500 mil estudantes prejudicados nos bairros de São Torquato, Morro da Boa Vista e Ataíde. Vitória ficou em terceiro lugar, com 582 alunos dos bairros São Benedito e Fradinhos que ficaram sem aulas durante tiroteios. A prefeitura de Serra informou que não faz levantamento de tipo de dado.
Uma professora da rede pública, que preferiu não se identificar, relatou o desespero que toma conta das instituições. “As crianças começam a chorar mesmo, preocupadas e com medo do que pode acontecer. A gente tenta controlá-los nesse momento, mas é muito complicado. Meu sonho é que a gente fosse mais valorizado, mais respeitado”, desabafou.
Consequências
Esses casos acontecem porque em comunidades comandadas pelo tráfico de drogas, os criminosos dão ordens de fechamento de comércio com ameaças, então, os próprios profissionais das escolas optam por cancelar ou interromper aulas para evitar problemas. Por conta disso, desde de janeiro deste ano até o mês de agosto, mais de 4 mil alunos foram prejudicados na Grande Vitória.
Artur Lugon, diretor Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Espírito Santo (Sindiupes), aponta para os problemas dessa violência. “Na comunidade o maior prejuízo causado, sem dúvidas, é que infelizmente percam-se vidas. Mas, do ponto de vista da escola, o primeiro é que a descontinuidade do planejamento pedagógico compromete todo o processo de ensino e aprendizagem. Muitas vezes os profissionais acabam sendo afastados por problemas psicológicos, estresse e muitos professores com depressão”, disse.
Segurança Pública
O delegado do Departamento Especializado de Narcóticos, Fabrício Dutra, explica que existem ações para tentar inibir essa violência. Neste ano, 33 criminosos foram presos durante a operação Anjos da Lei.
“Nós temos o trabalho do Anjos da Lei, prendemos essas traficantes, temos dado respostas e esses elementos que continuam a trazer problemas para a comunidade, é questão de tempo para estarem presos também. A Polícia Militar tem o Proerd, a Polícia Civil tem o Papo Responsa, onde os policiais vão as escola, fazem uma visita tranquilizadora e instruem alunos e pais para como lidar com esse flagelo que é o tráfico de drogas”.