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Mais de 6 mil casos de desaparecimento registrados em 7 anos no Estado

Somente este ano, o Espírito Santo registrou 354 casos de desaparecimento Foto: Reprodução

Casos que geram desespero para as famílias, angústia e que, infelizmente, nem sempre possuem um final feliz. Essas são algumas das características dos casos de desaparecimentos, cujas estatísticas são elevadas em todo o país. E no Espírito Santo, somente sete anos, 6.717 pessoas desapareceram, segundo levantamento da Polícia Civil. Os dados podem ser ainda maiores, já que a Delegacia de Pessoas de Desaparecidas (DPD) de Vitória registra apenas os casos da região Metropolitana.

Somente em 2007, quando foi lançado o Folha Vitória, 773 pessoas desapareceram na Grande Vitória. De acordo com o levantamento, o ano com maior casos de desaparecimentos foi 2010, com 1.096 registros. De acordo com o delegado titular da Delegacia de Pessoas Desaparecidas, José Lopes, no período, a maior parte dos casos de desaparecimento esteve relacionada ao tráfico de drogas. “Foi uma fase de elevados índices de homicídio no Estado e, por vezes, esses casos de mortes e desaparecimentos estiveram ligados ao tráfico de drogas”, expõe.

Este ano, entre os meses de janeiro a abril, 354 casos foram registrados pela DPD. Deste total, sete morreram. Segundo a Polícia Civil, 37,3% dos registros feitos no período referem-se ao desaparecimento de meninas, com idades entre 12 e 17 anos. “Em geral, são garotas que fogem de casa porque são proibidas de namorar, e querem intimidar a família”, explica o delegado. 

Já as mulheres, na faixa dos 35 anos, representam 70% dos casos. A maioria, segundo a polícia, sai de casa na tentativa de acabar com a violência doméstica.“Os casos envolvendo mulheres nessa idade estão relacionados à violência. Elas apanham muito, e  acabam fugindo de casa para evitar o problema”, diz.

Mas em todo este contexto, uma notícia boa: do total de casos registrados na DPD, ao longo dos últimos sete anos, 5.384 foram pessoas foram encontradas com vida. Na última segunda-feira (19), o tema foi discutido durante um encontro de delegados de todo o país, em Brasília. Na ocasião, os profissionais também discutiram estratégias para evitar este tipo de problema.

Retrospectiva

E nesses sete anos de história, o Folha Vitória acompanhou vários casos de pessoas que desapareceram no Estado. Alguns permanecem sem solução até hoje. Relembre:

Entre os casos de pessoas desaparecidas noticiados pelo Folha Vitória, está o de uma criança de apenas um ano, que sumiu em um cafezal no município de Brejetuba, em junho de 2008. Quando desapareceu, a menina estava próxima da mãe, que colhia café em uma propriedade rural, distante cinco quilômetros da sede do município.

No mês seguinte, o Folha Vitória noticiou a triste história da professora Fábia Lázaro Machado, 25 anos. A jovem, que morava em Venda Nova do Imigrante, ficou desaparecida por 15 dias. A professora acabou assassinada e o corpo foi encontrado, em adiantado estado de decomposição, em Mutum Minas Gerais.

Já em 2009, o taxista Carlos Arantes Maciel, de 53 anos, desapareceu em Cariacica. Os filhos encontraram o carro dele na Ilha do Príncipe, em Vitória, na região conhecida como cracolândia. Dentro estavam dois casais e marcas de sangue nos bancos e no porta-malas.

Em 2010, o desaparecimento de um menino, de apenas cinco anos, chocou os capixabas. A criança ficou desaparecida por três dias. Ao ser encontrado,  contou que foi levado por um homem e que teria sido abusado e agredido durante todos os dias em que estava desaparecido. O menino contou ainda que brincava na rua com a irmã em frente à casa da tia, no bairro Santo Antônio, em Cariacica. A garota entrou para o quintal, quando um homem de bicicleta teria passado e realizado o sequestro.

No mesmo ano, uma adolescente desapareceu, na Serra, após marcar um encontro pelo internet.

Em 2011, familiares ficaram desesperados com o desaparecimento de um taxista, de 65 anos. Ele sumiu ao fazer uma corrida para dois homens no ponto da praça de Muquiçaba, em Guarapari. Sócrates, como era conhecido pelos amigos, trabalhava como taxista há mais de 30 anos e desapareceu depois de transportar dois homens no carro.

O desaparecimento da jovem Amanda Correa, em 2012, ainda é um mistério Foto: Reprodução Facebook

Já em 2012, um ar de mistério tomou conta da cidade de Castelo, região Sul do Espírito Santo. No dia 11 de agosto, a jovem Amanda Correa desapareceu quando saiu de casa para ir a uma festa. O último contato que ela teria feito foi com uma amiga. Atualmente, a jovem continua desaparecida, e o caso corre em segredo de justiça.

Em 2013, a história do desaparecimento do caminhoneiro gaúcho Luiz Magno Frantz, em Viana, teve um final feliz. Ele havia desaparecido após trazer uma carga de Salvador para Viana. Dias depois, ele foi encontrado sem documentos e desmemoriado. Ele pediu ajuda no posto da PRF, em Viana, para encontrar a família.

Em março deste ano, o Folha Vitória divulgou o desaparecimento do jovem Luciano Alves, de 20 ano. Ela havia sumido, após sair de casa para encontrar amigos, em um shopping de Vila Velha. Muitas pessoas compartilharam fotos do rapaz nas redes sociais, e dias depois ele foi localizado com vida.