Geral

Mais de mil pacientes aguardam por um transplante de órgão no Espírito Santo

Os dados são referentes a 2016. No total, 1.098 pessoas aguardam transplantes para receber coração, fígado, rim e córneas. As informações são da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa)

A lista de espera por um transplante de órgãos no Espírito Santo contava até o dia 31 de julho com 1.098 pessoas. Deste total, 05 aguardam receber um coração, 42 precisam de um fígado, 984 esperam um rim e 67 aguardam transplante córneas.

Mais de 1 mil pacientes aguardam por transplantes Foto: Divulgação/Internet

Os dados divulgados pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) levantou discussão após a família da jovem Rosiele Ferreira Onofre Pires, de 17 anos, que era mantida viva por aparelhos para que a gestação de sua bebê completasse 33 semanas, passar por uma cesária na noite desta quinta-feira (18). Os aparelhos que mantinham a adolescente viva foram desligados logo após o parto da pequena Vitoria Manuela.

O caso da adolescente foi o primeiro registrado no Espírito Santo, em que uma paciente diagnosticada com morte cerebral é mantida viva para que um parto pudesse ser feito. Para o médico da Central de Transplantes do Estado, João de Siqueira Neto, a doação de órgãos de uma pessoa declarada com morte encefálica só pode acontecer com a autorização da família do paciente.

“O que vale é a vontade do familiar. Mesmo que a pessoa em vida afirme o desejo de ser doadora de órgãos um familiar responsável pelo paciente tem que assinar o documento”, explicou.

O irmão da adolescente, Carlos Ferreira Onofre, contou que a família ainda tinha esperanças de que Rosiele melhorasse e tivesse alta médica. Mas, depois da cesárea, os aparelhos foram desligados já que a família de Rosiele se recusou a doar os órgãos a pedido da mãe da jovem.

“A minha mãe não quis que tirassem nada da minha irmã, nenhum órgão para doação e respeitamos a vontade dela”, disse.

A pequena Vitória nasceu com 1 quilo 110 gramas na noite desta quinta-feira (18), às 22h30 no Hospital São José em Colatina, região Noroeste do Espírito Santo. Segundo o tio da bebê, que ainda não conheceu a sobrinha pessoalmente, Vitoria está em uma incubadora e será liberada pelos médicos quando atingir dois quilos.

“A nenezinha está bem e está internada para poder ganhar peso, eu ainda não tive tempo de ir até o hospital para ver ela porque estou na correria cuidando das questões do velório e enterro da minha irmã. Agora é ter forças para tocar a vida adiante e poder criar Vitória. Estamos arrasados, mas temos que cuidar da nossa Vitória”, disse Alexandre.

Carlos disse ainda que o corpo da irmã está sendo velado na Câmara de Veradores de Alto Rio Novo e o enterro está previsto para acontecer neste sábado (20) às 17 horas no cemitério municipal da cidade.

Rosiele Ferreira Onofre Pires, de 17 anos, teve morte cerebral após sofrer um aneurisma no dia 3 de julho, mas era mantida viva por aparelhos para que a criança fosse gerada.

De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), em 2015 foram realizados 478 transplantes no Estado, incluindo 327 de córneas, 80 de rim, 28 de fígado e 1 de coração. Entre janeiro e junho de 2015 foram realizados 235 transplantes no Estado, incluindo 159 de córneas, 34 de rim e 12 de fígado.

Ainda segundo a Sesa, no mesmo período deste ano, ocorreram 246 transplantes no Estado, incluindo 170 de córneas, 33 de rim, 14 de fígado e 4 de coração.

O médico da Central de Transplantes do Estado, João de Siqueira Neto explicou que no caso da jovem Rosiele, todos os órgãos dela poderiam ser captados para transplante, apesar da morte dela ter sido declarada.

“A data e a hora da morte da paciente que vai para o documento de declaração de óbito é a data e hora da morte cerebral, que é constatada por três exames diferentes. Ela estava morta e tinha apenas o coração e pulmão funcionando através de medicamentos e aparelhos. Quando um coração para de bater o cérebro só irá morrer cinco minutos depois e então só se pode captar as córneas do paciente”, disse.