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Mandetta sobre Hospital Infantil de Vitória: 'vão ter que trocar o pneu com o carro andando'

Ministro da Saúde esteve no Espírito Santo, nesta segunda-feira, para participar do 7º Congresso Brasileiro Médico e Jurídico, na capital

Foto: Acácio Rodrigues
Médico e ´presidente do PSL no Estado, Carlos Manato, ao lado do ministro Luiz Henrique Mandetta e o deputado estadual Doutor Hércules, mostrando o símbolo da campanha Setembro Amarelo

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, esteve no Espírito Santo nesta segunda-feira (16) para participar do 7º Congresso Brasileiro Médico e Jurídico, na capital. Antes da abertura oficial do evento, ele conversou com a imprensa e disse que, em vista do que vem acontecendo com o Hospital Infantil de Vitória, o poder público terá que “trocar o pneu com o carro andando”.

“É igual é você morar dentro de uma casa e nunca fazer isso. Um dia quebra a maçaneta, outro dia a torneira está lá e enrola um pedaço de pano. O que aconteceu com esse hospital? Ele começou a colocar em risco os pacientes e os servidores. Tiveram que colocar carro do Corpo de Bombeiros para garantir o funcionamento. Agora vão ter que gastar de uma maneira atípica, vão ter que trocar o pneu com o carro andando”, afirmou o ministro da Saúde. 

No dia 27 de agosto, a equipe de jornalismo da TV Vitória/Record TV teve acesso, com exclusividade, a documentos que mostram irregularidades encontradas no local, o que fez com que a renovação do alvará fosse negada ao Hospital Estadual Infantil Nossa Senhora da Glória, em Vitória. Segundo os documentos, há problemas no sistema de proteção por hidrantes, no sistema de proteção contra descarga atmosférica, no sistema de alarme de incêndio, nas saídas de emergência, no sistema de iluminação de emergência e no sistema de proteção por extintores.

“Hospital é um prédio que a gente constrói para salvar vidas. Os engenheiros ‘quebram’ sua cabeça, os arquitetos, vão lá e fazem o prédio. A gente põe os médicos e os enfermeiros e vai lutando. Acontece que o prédio precisa de ter sua vida preservada. Então, precisa dar manutenção preventiva, de tempo em tempo você tem que reformar. Mas eu acredito que as equipes da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) vão dar conta. Já conversei com o secretário. Vão dar conta de fazer, normalizar, dar a segurança que as pessoas precisam e que fique a lição para todos”, completou.

Mandetta comparou à situação do incêndio no Hospital Badim, que é privado, no Rio de Janeiro, e matou 12 pessoas – número atualizado na tarde desta segunda-feira. “Se fosse um hospital público, estariam todos apontando o dedo para o SUS, dizendo que o SUS era péssimo. Acidentes acontecem, falhas acontecem, erros acontecem. No caso lá, foi um gerador. Isso chamou a atenção de todo o País. Talvez o de Vitória emblematize esse nesse momento a necessidade de todos os demais hospitais, não só do Espírito Santo, mas do Brasil, de olhar as suas práticas. Acho que o Infantil de Vitória sai maior no final desse processo”, acredita.

Foto: Divulgação

Mais cedo, o ministro visitou as obras do Hospital Materno Infantil, na Serra. “Acabo de visitar o Materno Infantil, na Serra, e existem outras possibilidades de construção de unidades hospitalares, precisa recuperar hospitais importantes, como é o Infantil de Vitória, que ficou muito tempo sem nenhuma prevenção, mas eu acho que de uma maneira geral o Estado vai se organizando. Tem muita participação da bancada federal, vejo a classe política muito focada na organização do sistema de saúde. Acho que a gente está no caminho certo”, disse Mandetta.

Investimentos no ES

“Olha, a gente precisa agora concluir essa obra (Hospital Materno Infantil na Serra) de quase R$ 60 milhões, uma das maiores obras aqui no Estado. Não adianta construir a parte física da obra, precisamos agora colocar todo o equipamento dentro do hospital, que são de alta tecnologia e consomem um enorme de um recurso, e depois a gente não pode penalizar o município. A gente tem que fazer a locação do custeio, que algumas vezes não aparece, não tem glamour, mas a gente precisa se preocupar com o custeio da unidade”. 

Novos leitos

“De acordo com essas aberturas, temos aberturas de habilitações de leitos de UTI de redes de SAMU  que são quase 30 milhões aqui no Espírito Santo para fazer até o final do ano, mais os serviços novos e aqueles que estão em fase de pré-projeto. Então, isso a gente vai garantir para que a gente conclua a obra, esteja equipado e ponha em funcionamento. Queremos fazer tudo junto: prédio, equipamento para funcionar, inaugurar e no dia seguinte abrir”.

Atenção primária

“A gente precisa melhorar, aprimorar a atenção primária, que são todas as atividades de prevenção. Lembrando que esse mês abordamos a saúde mental, no próximo mês a gente trabalha muito sobre o câncer de mama com o Outubro Rosa, Novembro Azul é o câncer de próstata, então temos muita coisa para relembrar. Mas, as medidas de prevenção, vacinar bem, porque com a rota de navios o mundo sofre hoje com a entrada de doenças emergentes”. 

Sistema Único de Saúde (SUS)

Foto: Image

“Precisamos de um melhor amadurecimento para entender que a legislação é para construir o SUS. Ele está em construção! Tem países que levaram 200, 300 anos construindo seu sistema de saúde. O nosso tem 30 anos. Nesses 30 anos, nós andamos muito. Não tínhamos nada antes de 1988”. 

Vacinação

“Acabou fronteira. Quando você chega aqui no Espírito Santo, a quantidade de navios com gente do mundo inteiro, além de quem vem dos aeroportos internacionais… Os turistas que vieram esse ano no Carnaval, a gente já tinha comunicado São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, vieram com sarampo a bordo, ou seja, não existe mais fronteira. As pessoas vão e vêm. A Venezuela está com uma crise enorme sanitária, est´a com difteria lá dentro, tem sarampo lá dentro. Nós não sabemos se a Venezuela tem ou pode vir a ter poliomielite, nós estamos com receio de voltar a polio pela Venezuela. Então, o que nos resta? Aumentar a nossa vigilância, hoje nas fronteiras, e em outubro a gente vai fazer a campanha de colocar em dia a vacinação de todas as pessoas em território nacional. Infelizmente, essas doenças estão aí e matam”.