O Espírito Santo é considerado um dos estados mais perigosos para mulheres em todo o Brasil. Em 2022, o Estado registrou 33 feminicídios, além de 70 tentativas, o que corresponde a um aumento de 52% em relação ao ano anterior.
A cada três vítimas de feminicídio, duas são mulheres negras, o que motivou a 1ª Marcha de Mulheres Negras na tarde desta sexta-feira (28), em frente ao Palácio Anchieta, sede do governo do Estado, em Vitória, onde foi entregue um manifesto à chefia de gabinete do governador Renato Casagrande (PSB).
A marcha pedia medidas e políticas públicas para garantir a segurança e a proteção da população negra, especialmente das mulheres no Espírito Santo.
Durante a marcha, os manifestantes, membros de movimentos negros, sindicais e políticos se deslocaram do palácio até a Praça Costa Pereira, onde continuaram a movimentação.
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“Aqui, no Espírito Santo, o número de violência doméstica, de estupro, aumentou muito. O anuário da violência está aí para provar. O número de crime de ódio. O Movimento de Mulheres Negras tem propostas, e cabe ao governo ter vontade política de enfrentar o racismo no Espírito Santo”, disse Ana Paula Rocha, representante do movimento Círculo Palmarino.
Pedidos de medidas protetivas negados no Espírito Santo
Os números de pedidos de medidas protetivas negadas cresceu exponencialmente nos últimos dois anos.
De acordo com a pesquisadora Rosely Pires, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), 6 mil mulheres tiveram os pedidos negados.
“Quando a gente pega o anuário, a gente tem o número de mulheres que fazem o pedido e o número de mulheres que tiveram o pedido deferido. O número é gritante, o Brasil tem hoje mais de 23% das mulheres batendo na porta da delegacia e tendo o pedido negado”, afirmou.
Quem também esteve presente na marcha foi a deputada estadual Camila Valadão, que defendeu medidas de emancipação e equidade entre mulheres brancas e negras.
“Quando falamos em mulheres negras, tivemos um aumento. A importância da gente pensar a articulação de racial e de gênero para termos de forma verdadeira uma sociedade com maior equidade entre mulheres brancas e negras”, disse.
“Por isso, a importância de apresentar um direcionamento para o governo do Estado, que atenda as mulheres negras para que a gente avance em políticas públicas e em direitos”, disse.
O governo do Estado informou que o manifesto foi entregue à chefia de gabinete, pela ausência do governador Renato Casagrande. Disse ainda que o movimento deve protocolar um pedido oficial de agenda para apresentar as demandas.
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*Com informações do repórter Alex Pandini, da TV Vitória/Record TV