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Max Filho diz que só tomará decisão mais rígida de isolamento em conjunto com governo do ES e outros prefeitos

Prefeito do município canela-verde afirmou que essa decisão precisa ser tomada em conjunto entre os demais municípios da Grande Vitória e o governo estadual

Foto: TV Vitória

A partir da matriz de risco do Governo do Estado, as prefeituras dos municípios capixabas têm autonomia para adotar medidas mais rígidas de isolamento. No entanto, em Vila Velha, município com o terceiro maior número de infectados pelo novo coronavírus no Espírito Santo, o prefeito Max Filho afirma que não é possível tomar essa decisão sozinho.

Segundo Max Filho, essa decisão precisa ser tomada em conjunto com os outros prefeitos da Grande Vitória e com o governo estadual. “Temos atuado em parceria, no sentido de monitorar a situação, e a gente espera que não aconteça. Mas se encaminhar para um colapso da rede de saúde, tanto pública quanto particular, não se descarta o decreto. Nesse caso, o município de Vila Velha não tem como fazer isso sozinho. Vila Velha não é uma ilha. Em que pese Vitória seja uma ilha, mas é uma ilha dentro do continente, numa fronteira muito próxima de Vitória, de Cariacica e da Serra. Então esse movimento todos os municípios teriam que estar engajados conjuntamente”, afirmou.

A equipe de jornalismo de TV Vitória/Record TV tem acompanhado a situação das unidades de pronto atendimento das principais cidades da Grande Vitória e, nesta quinta-feira (04), voltou a Vila Velha para verificar o atual panorama do sistema de saúde do município.

O número de pessoas que procuram os Pronto Atendimentos com sintomas da covid-19 vem se multiplicando em Vila Velha — na proporção do número de casos confirmados. Em 20 dias, desde a última reportagem da TV Vitória na cidade, o número de registros de pessoas infectadas com o coronavírus mais que dobrou: passou de 1.305 para quase 2.922. Já o número de mortes quase triplicou no período, saltando de 43 para 125.

Mesmo assim, a estrutura nos Pronto Atendimentos do município tem se mantido a mesma. Segundo o prefeito, o que mudou, nesse período, foi a inauguração de uma nova unidade de saúde, em Vila Batista.

Além disso, em todo o município, 220 profissionais de saúde foram afastados no mês de maio, por diversos problemas, inclusive suspeita de coronavírus. Segundo o Max Filho, está difícil repor o quadro de servidores, porque a prefeitura não consegue realizar as provas práticas do último concurso público — justamente por conta da pandemia.

PA da Glória

No PA da Glória, referência para a covid-19 em Vila Velha, há 19 leitos de isolamento, além de seis respiradores, sala de medicação e seis consultórios exclusivos para atendimento de pacientes infectados com o novo coronavírus. 

“A internação hospitalar é algo assim, quando o quadro evolui para uma situação mais grave, nós dependemos das vagas que são disponibilizadas pela Central de Regulação de Vagas do Estado. Os PA’s estão preparados, estão capacitados, estão com os instrumentos adequados, os aparelhos adequados. Nós tivemos caso, por exemplo, no PA da Glória, de manter um paciente aguardando um leito por 18 dias”, destacou Max Filho.

Dentro da unidade de saúde, as portas e janelas agora ficam abertas, para melhorar a ventilação, e a primeira triagem acontece logo na entrada: pacientes com síndromes gripais são direcionados para um lado e os sem sintomas respiratórios, para o outro. Além disso, só entra quem está de máscara.

O PA da Glória foi a porta de entrada da mãe do educador físico Herison Dias ao sistema público de saúde. Segundo Herison, a mãe está internada, com suspeita de coronavírus, e em estado grave. O rapaz conta que, desde segunda-feira, ela está na fila de espera por um leito de UTI na rede estadual de saúde.

“Os médicos falam que está difícil conseguir vaga nos leitos, que estão todos cheios. Só que a gente está tentando correr atrás para conseguir. A gente está tentando conversar com o pessoal do PA e está um pouco complicada essa comunicação entre a gente e o pessoal do PA. Eles falam que é para a gente ter calma, mas a gente não consegue ter calma nesse tipo de situação. É a nossa família que está lá dentro”, protestou o educador físico.

Por meio de nota, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou que a vaga na UTI para a mãe de Herison foi disponibilizada na tarde desta quinta-feira e que a paciente será transferida nas próximas horas.

PA de Cobilândia

Apesar de o PA da Glória ser a referência para a covid-19 em Vila Velha, muitos moradores do município com sintomas da doença também procuram o PA de Cobilândia. A estrutura é menor e, segundo a prefeitura, não há espaço físico para ampliações. 

Em Cobilândia, também passou a funcionar a triagem na porta do Pronto Atendimento. Pacientes com sintomas respiratórios são separados dos outros. A unidade de saúde conta com cinco respiradores. 

Para quem tem sintomas respiratórios, foram disponibilizados dois leitos de observação e dois de emergência. No entanto, a ocupação é completa, ou seja, sai um paciente, imediatamente entra outro.

Foi o que contou o vigilante Rodolfo Firme, que está com o pai internado no PA, por complicações provocadas pela covid-19. “Assim que uma cama fica vazia, chega outro paciente, que está com covid confirmado. Não para. Os PA’s e hospitais estão todos lotados. É só covid”, afirmou.

O vigilante disse que espera que o pai tenha alta o quanto antes, tanto pela vida dele quanto para a segurança de toda a família. “Eu não estou, até agora, com sintomas nenhum, mas eu tenho uma filha pequena, de 3 anos, e minha esposa está grávida. Eu tenho que tomar muito cuidado no retorno para casa, porque é complicado”, disse.

Com informações da jornalista Andressa Missio, da TV Vitória/Record TV