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MEC suspende cronograma do novo ensino médio; especialistas avaliam

O modelo entrou em vigor no ano passado e traz mudanças na grade curricular e oferta de disciplinas optativas em todas as escolas do país

Foto: Divulgação / Escola Monteiro

O Ministério da Educação (MEC) suspendeu, nesta terça-feira (4), o cronograma de implementação do novo ensino médio. A medida valerá por 60 dias, podendo ser prorrogada.

Na sala de aula, a rotina dos estudantes não será alterada, isso porque a suspensão é apenas no cronograma de implementação da reforma. O novo ensino médio entrou em vigor no ano passado e traz mudanças na grade curricular e oferta de disciplinas optativas em todas as escolas do país.

Por exemplo, cada estudante pode montar seu próprio ensino médio, escolhendo as áreas nas quais deseja se aprofundar. 

Segundo o calendário de implementação, no ano que vem, o Enem deveria levar em conta as mudanças com partes específicas no exame conforme a escolha do estudante. Mas, com a suspensão do calendário, o exame continuaria no formato atual, uma prova igual pra todo mundo, com cobrança de todas as disciplinas.

Se o Enem acontecer no formato tradicional, isso poderia prejudicar os alunos?

Um dos principais questionamentos que surgem, já que atualmente os estudantes do ensino médio estão se preparando para o Exame Nacional do Ensino Médio seguindo as novas diretrizes curriculares, é: se a prova acontecer no formato tradicional, isso poderia acabar prejudicando os alunos?

À reportagem da TV Vitória, a estudante Victoria Helena Rodrigues de Souza, do segundo ano do ensino médio de uma escola pública estadual, afirmou que um novo formato pode vir a ser prejudicial.

“Em vez de ter matérias que vão cair no Enem, tenho itinerário com poesia. É importante, mas eu preferiria ter muito mais aulas de química e física, por exemplo”, disse.

Para a professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e pesquisadora do ensino médio, Elisa Bartolozzi, realizar mudanças na prova de acordo com o novo modelo de ensino pode ser pior. “Se ajustar o Enem, o caos vai ser maior”, pontuou.

A especialista argumentou que a reforma do ensino médio sem outros investimentos, como na infraestrutura das escolas e na valorização dos professores, é prejudicial sobretudo para os alunos de escolas públicas, o que ampliaria a desigualdade social.

Já para o diretor Cristiano Chibib, de uma escola particular de Vila Velha, o novo currículo aproximou os alunos da escola e trouxe mais dinamismo para a o ensino.

O que diz o Sindicato das Empresas Particulares de Ensino

O sindicato das Empresas Particulares de Ensino enviou uma carta ao ministro da Educação, Camilo Santana, em que afirma que o novo ensino médio pode estar sujeito a mudanças e aperfeiçoamentos, mas não à revogação e retrocesso.

O que diz a Sedu

A Secretaria de Estado da Educação (Sedu) afirmou que aprimoramentos e ajustes podem e devem ser discutidos. No entanto, a revogação do novo ensino médio não é o caminho para tornar essa etapa mais atrativa ao estudante.

De acordo com a Sedu, as 295 escolas de ensino médio do estado contam com o novo modelo de ensino, totalizando mais de 105 mil alunos. 

A Organização Todos Pela Educação afirmou que o momento é de identificar os desafios que as escolas estão encontrando e construir um verdadeiro novo ensino médio. Para isso, é preciso investir na formação de professores e na infraestrutura das instituições de ensino. 

* Com informações da repórter Luana Damasceno para a TV Vitória | RecordTV