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Ministério da Saúde planeja ampliar isolamento a partir de abril

Equipe técnica do órgão estuda novas medidas para evitar proliferação do novo coronavírus

Foto: agencia

O Ministério da Saúde começou a distribuir cartilhas com recomendações para gestores do Sistema Único de Saúde em todo o país. Segundo o documento, medidas com maiores restrições devem ser adotadas entre abril, maio e junho, para combater o novo coronavírus. 

A cartilha traz um balanço das medidas adotadas até a última sexta-feira (27), pelo Governo Federal. Dentre elas, está a criação de mais de 20 mil leitos de internação para atender a demanda dos infectados no próximo mês. A previsão é de haver necessidade de 40 mil leitos até 30 de abril. O problema ocorreria no pior cenário previsto para o período.

No planejamento do isolamento social, com duração estimada pelos próximos três meses, está previsto a contratação de trabalhadores informais para promoverem a conscientização da população em questões de saúde relacionadas à covid-19. A ideia é que as equipes orientem as pessoas na rua, identifiquem idosos que estão fora do isolamento para enviá-los para casa, além de atuarem na limpeza de superfícies.

Aulas e eventos já tinham sido suspensos por orientações dos estados e municípios. A partir de agora, a orientação vem do Ministério da Saúde. A medida foi tomada depois de uma observação dos acontecimentos por parte da pasta. De acordo com o Ministério,  houve excessos em muitos casos, e por isso, a partir de 06 de abril serão  implementadas novas medidas. 

Os técnicos responsáveis pelo documento, acreditam que devem sofrer represálias, após o discurso do presidente Jair Bolsonaro, que deseja a retomada de atividades econômicas. Uma das possibilidades ventiladas é a eventual demissão da equipe de Vigilância em Saúde (SVS), mais resistente à postura de Bolsonaro.

Conflitos

Neste sábado (28), Bolsonaro se reuniu com ministros no Palácio da Alvorada, entre eles Luiz Henrique Mandetta. Enquanto isso, parte da equipe de saúde realizou uma reunião na sede do ministério para debater o tema. 

O presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Alberto Beltrame, defendeu a continuidade do isolamento. “Esperamos que a equipe técnica do Ministério possa seguir esse trabalho sério, técnico e cientificamente orientado, sem que qualquer outra orientação se sobreponha ao interesse da proteção da saúde e da vida das pessoas”, afirmou Beltrame.

Enquanto a situação não se resolve, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, está sob forte pressão nos últimos dias para atender aos anseios de Bolsonaro e ao mesmo tempo se manter fiel ao que recomendam as entidades médicas. 

Na última semana, ele foi criticado pela atuação na reunião com secretários estaduais e municipais. Embora não tenha defendido o isolamento vertical, Mandetta adaptou o discurso e defendeu a abertura de igrejas, desde que com cautela.

A preocupação é que, caso o ministro deixe o cargo, poderia ser substituído por Antonio Barra Torres, presidente da Anvisa, que acompanhou o presidente da República em manifestação feita no dia 15 de março, na qual ele teve contato com centenas de pessoas.

*Com informações  R7.

Foto: Thiago Soares/ Folha Vitória
Gabriel Barros Produtor web
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Graduado em Jornalismo e mestrando em Comunicação e Territorialidades pela Ufes. Atua desde 2020 no jornal online Folha Vitória.