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Ministério Público recebe mais de 40 denúncias de fraudes nas cotas raciais da Ufes

Após a divulgação do resultado do vestibular, várias denúncias foram feitas. Uma lista foi montada e entregue ao Ministério Público Federal (MPF) do Estado

Essa não teria sido a primeira vez que a organização recebeu esse tiro de denúncia Foto: ​TV Vitória

Mais de 40 denúncias de fraudes em cotas raciais foram feitas ao Coletivo Negrada, que é uma organização de estudantes negros da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Todos os nomes foram enviados para eles após a divulgação do resultado final dos aprovados no vestibular de 2016. Uma lista foi montada e entregue ao Ministério Público Federal (MPF) do Estado junto com as denúncias de fraude.

Segundo o grupo, essa não teria sido a primeira vez que a organização recebeu esse tipo de denúncia. “No ano passado nós também recebemos denúncias, mas não foram tão pontuais como nesse ano. Desta vez ficamos preocupados com a quantidade. Além dos nomes nós recebemos também fotos. São fraudes gritantes e que não vamos aceitar. Encaminhamos uma lista, mas já temos mais nomes”, informou a militante do Coletivo Negrada Mirtes Santos.

De acordo com a organização de estudantes, as denúncias são de que há candidatos brancos que fraudaram a autodeclaração étnico-racial para obter vantagens ao usufruir ilegalmente do termo “pardo” e concorrer as vagas das cotas raciais em cursos como medicina, enfermagem, odontologia, arquitetura, direito, psicologia, engenharias, entre outros cursos da universidade capixaba.

“Estamos esperando uma decisão do Ministério Público e gostaríamos que a Ufes montasse uma comissão para apurar esses fatos. Mesmo sabendo das denúncias, os alunos conseguiram fazer a matrícula e tomar a vaga de outra pessoa que deveria ser beneficiada. Em todos os outros tipos de cotas documentos são exigidos, mas as cotas para negros são banalizadas. Por isso, pedimos para que as pessoas que souberem desses casos façam a denúncia”, disse Mirtes.

O Ministério Público Federal informou que já recebeu as denúncias e está analisando as representações. Já a Administração Central da Ufes disse que, em decorrência das denúncias apresentadas sobre a existência de fraude no sistema de reserva de vagas na modalidade de cotas para pretos e pardos, foi instaurado um processo administrativo para apurar se, sob o ponto de vista jurídico e fático, realmente ocorreram os fatos classificados na denúncia como fraudulentos.

A Ufes também informou que a Procuradoria Federal da Advocacia Geral da União, junto à universidade, esclareceu que se após o devido processo legal, no qual será garantida a ampla defesa e o direto ao contraditório aos acusados, for constatada violação da Lei Federal de Reserva de Vagas e da Resolução da Universidade que estabelece sistema de reserva de vagas no Processo Seletivo da Ufes, os estudantes que tiverem praticado irregularidades terão suas matrículas anuladas, com o consequente desligamento da Universidade.