Não é novidade para ninguém que o amor de mãe é incondicional. Para ver a felicidade dos filhos, elas são capazes de qualquer coisa e estão sempre à postos para defendê-los, protegê-los e apoiá-los. Adriana Menegueli Fonseca, 44 , é um exemplo disso. Em apoio ao filho, ela decidiu pintar a casa, no balneário de Iriri, no município de Anchieta, com as cores da bandeira LGBTQIA+.
Bruno Menegueli Fonseca, 22, assumiu ser homossexual aos 16 anos. Ele, que é ator, ganhou o papel de protagonista nessa história. “Eu tinha 16 anos quando descobriram que eu ficava com rapazes! Me viram na praia com um rapaz e contaram para a minha mãe. Na verdade, todos já sabiam. Sempre fui gay”, conta.
A ideia de pintar a casa surgiu em 2019, durante um almoço em família, quando ele contou à mãe sobre o desejo de dar mais cores à residência. A conversa causou gargalhadas entre os familiares, mas o pedido não passou despercebido. “A casa estava desbotada e, brincando com a situação, eu sugeri que ela pintasse com várias cores, fazendo a bandeira gay,” disse Bruno.
Por conta dos estudos, o ator voltou para o Rio de Janeiro e, neste período, a mãe do rapaz decidiu fazer uma surpresa. Ela começou a pintar toda a casa nas cores da bandeira LGBTQIA+ e recebeu apoio dos familiares para prosseguir com a homenagem, que levou dois meses para ser concluída.
A notícia chegou até Bruno por meio de amigos. Mas, ao chegar em casa e ver tudo de perto, a emoção foi muito maior. “Me sinto a pessoa mais amada do mundo, pois isso é um ato de muito amor e coragem que nunca esperava dos meus pais. Gratidão eterna por eles e todos que nos abraçam nessa causa”, contou.
Ainda na infância, Bruno viveu uma experiência negativa na escola em que estudava mas, por ser criança, não entendia bem os olhares e comentários das pessoas em relação à ele. Enquanto isso, Adriana trabalhava na ‘missão de mãe’ para poupá-lo de coisas ruins.
“Minha mãe sofreu porque eu ainda era muito inocente para entender essas coisas. Apesar de tudo, ela ficava muito feliz em me ver fazendo o que eu gostava e sempre me deu apoio,” lembra.
Ponto turístico
E a homenagem não ficou apenas em Iriri! A casa virou um ponto turístico na região e tem espalhado a ‘onda do amor’ nas redes sociais. “Todos os dias recebemos pessoas aqui para tirar fotos e espalhar amor. As pessoas sempre falarão da sua vida. Basta você decidir se será feliz com isso ou não! Isso é uma escolha pessoal e, cada um, tem seu tempo. Mas lembre-se que sua história é você quem faz. Isso é o que importa”, resumiu o jovem.
Inspiração para outras mães
A empresária Jane Rocha Abdo, de 64 anos, é uma das pessoas que ficou encantada com a homenagem. Ela mora em Belo Horizonte, Minas Gerais, e em uma de suas viagens para Iriri, ela fez questão de garantir um registro na casa. Mãe de um filho também homossexual, Jane conta que se espelhou no gesto de Adriana e fez questão de mandar a foto dela em frente da casa para o filho.
“Com o tempo, aprendi que a sexualidade do meu filho não importava à ninguém, nem mesmo à mim. Além disso, penso que seu caráter e sua índole é que definem o homem que é! Aprendi com ele que ser homem com ‘H’ não é necessariamente ser heterossexual. Meu filho é um grande homem gay! Filho, tio, irmão, amigo carinhoso e profissional de sucesso! É amado e apoiado por mim, pelas irmãs e todos da família,” afirmou.
Rodrigo Ladeira, de 31 anos, é diretor de uma produtora de vídeo, e assumiu a homossexualidade também os 16 anos, assim como Bruno. Ela conta que, neste período, o apoio e o amor incondicional da mãe foram essenciais.
“Eu ainda tinha muitas dúvidas, tentava me entender para poder me expressar. Desde jovens somos cobrados a nos posicionar e sermos firmes. Tenho minha família sempre me apoiando e do meu lado. Ao pensar nesses 15 anos que se passaram, vejo como tudo mudou muito. O mundo conversa mais abertamente sobre orientação sexual, pessoas bem mais jovens que eu na época, já se assumem e fazem com menos medo. Muito ainda precisa caminhar. Como movimento estamos em um processo lento, mas vejo que estamos caminhando”, destaca Rodrigo.
Ele estava em São Paulo quando recebeu a foto da mãe em frente à casa e lembra sua reação. “Eu estava cozinhando no domingo com meu namorado, quando vi umas fotos chegando no grupo do WhatsApp. Vi uma casa colorida e minha mãe na frente dela. Ri, me perguntando o que era aquilo, então ela me contou a história. Essa foi uma das milhares maneiras que ela sempre encontra de dizer que me apoia,” concluiu.