O relato de uma capixaba, que mora em um bairro próximo ao Aeroporto de Vitória, chamou a atenção nas redes sociais. Na publicação, realizada na manhã desta quinta-feira (20), ela questiona o excesso de poeira no local por conta das obras.
Segundo a moradora do bairro República, Fernanda Sartório, a casa dela fica bem próxima do portão da obra e, segundo ela, a promessa de realização de uma ‘obra molhada’ não está sendo cumprida e a cortina de poeira vermelha tem sido vista na região, por volta das 7 às 19 horas.
“É impossível manter a casa limpa. Estamos colocando panos para vedar as gretas das portas e janelas para impedir a entrada do pó em casa. Minhas contas de água e luz aumentaram porque temos que gastar para tentar limpar tudo”, disse.
O cenário é de janelas e portas fechadas, sem roupas estendidas no varal e as roupas de cama precisam ser sacudidas todos os dias para tirar o excesso de sujeira.
A moradora ainda relata que gastou cerca de R$ 378,46 com remédios apenas neste mês por conta de problemas respiratórios e alérgicos. Veja relato:
“Acho super válido o racionamento de água e tal. Mas…. E quem mora perto do aeroporto? Como faz? Muda? Impossível ficar nesse lugar! Essa obra do aeroporto não termina por nada e o pior eles prometeram fazer obra “molhada” com água do mar e o que se vê a partir das 7 da manhã até às 19:00 Hs é uma cortina de poeira “vermelha/de barro”. As casas estão cobertas com esse pó, as janelas não podem ser abertas, não se pode estender roupas no varal, porta aberta, nem pensar, cortinas: tirar urgente, roupa de cama: bater todos os dias antes de deitar, enfim um verdadeiro Desrespeito. e reclamar, pra quem? E a conta da farmácia por problemas respiratórios e alérgicos? So esse mês R$ 378,46. Qual a solução? Ligar pra qual desses?156, Iema, Ibama, Governo??? Tudo isso já foi feito e nada resolvido. Foto do carro lavado ontem e colocado imediatamente na garagem”. (Texto copiado do Facebook da moradora).
Outros casos
As obras do Aeroporto de Vitória estão causando transtornos para os moradores de bairros do entorno. Em dezembro do ano passado, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semmam), multou em R$ 24.845,81 a Infraero por causa do problema.
De acordo com Francisco de Souza Filho, morador da Mata da Praia, a quantidade maior de poeira começou a ser percebida em novembro de 2015. “Em novembro percebemos o problema, mas em dezembro a situação começou a ficar mais crítica. Hoje tenho que limpar minha casa, pelo menos, duas vezes ao dia”, relatou.
Na ocasião, a Prefeitura de Vitória informou que a empresa deveria molhar regularmente a área com 14 caminhões-pipa. O Auto de Infração emitido pela Semmam foi enviado ao Instituto Estadual do Meio Ambiente (Iema), que é o órgão licenciador da obra.
O outro lado
Por meio de nota, a Infraero informou que, juntamente com o consórcio responsável pela obra de construção do novo complexo do Aeroporto de Vitória, vem intensificando as ações mitigadoras, em cumprimento às determinações dos órgãos ambientais, visando a minimizar os impactos causados pelos serviços. Desta forma, a empresa esclarece que diariamente é aspergido o conteúdo relativo a 20 caminhões-pipa nas áreas das obras. Essa água é obtida nos pontos de acumulação nos canais de drenagem do sítio aeroportuário.
A nota informou também que tecnologias modernas de utilização de material aglomerante diluído em água estão sendo intensificadas visando reduzir as emissões.
Além disso, durante os serviços de terraplanagem, os terrenos são compactados e uma camada de bloqueio é lançada. Em determinadas vias de trânsito de veículos foram lançadas britas. A etapa de plantio de grama foi antecipada e já iniciada. A supressão da vegetação nas áreas limites do sítio aeroportuário também foram postergadas para a última fase da obra, com o objetivo de manter uma barreira natural.
A Infraero frisou que é importante destacar que a etapa em questão compreende a fase final da terraplanagem da nova pista de pousos e decolagens, e que representa uma fase importante dos serviços a serem realizados no local.