Os municípios de Serra e Vila Velha possuem, juntos, uma população em situação de rua de aproximadamente 300 pessoas. Nesta segunda-feira (10), cerca de 50 delas deram início a uma nova etapa, que pode ser a oportunidade para virar essa página. Essas pessoas estão participando de um curso de qualificação para garçom e garçonete, ofertado por meio de uma parceria entre as prefeituras desses dois municípios e o Governo do Estado.
O curso vai acontecer durante os próximos dois meses. Os cerca de 50 participantes fizeram suas inscrições nos centros de assistência social das prefeituras.
Em Vila Velha, as aulas acontecem na Associação de Moradores do bairro Cristóvão Colombo. Dos 24 inscritos, 18 são pessoas em situação de rua e outros quatro são moradores da comunidade local.
“Fazer um processo inclusivo, e não exclusivo, de fortalecer essa convivência, fortalecer o convívio, os laços emocionais deles com a sociedade e até para romper o preconceito. Então essa interação é muito importante, ela faz parte do processo de ressocialização. As ofertas estão sendo oportunizadas pelo poder público e os que querem estão abraçando a oportunidade, estão entrando, se capacitando, e nós vamos colocar eles no mercado de trabalho”, destacou a secretária de Assistência Social de Vila Velha, Ana Cláudia Simões.
Além de teoria e prática a respeito da profissão, são feitas dinâmicas em grupo para fortalecer e, muitas vezes, resgatar o equilíbrio emocional e laços sociais, como respeito ao outro e autoestima. A secretária estadual de Direitos Humanos, Nara Borgo, disse que a parceria com os municípios e a Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) possibilitou a realização do projeto.
“O papel das prefeituras foi nos auxiliar a encontrar essas pessoas, via Centro Pop, auxiliar com essa pequisa de como a gente poderia chegar até eles e quais os cursos que eles gostariam. O Estado fez essa parceria, mas os recursos são nossos”, frisou a secretária.
Oportunidade
Um dos que resolveram abraçar a oportunidade foi Edinelson Lombelo, de 27 anos, que veio de São Paulo. Ele conta que essa foi a segunda vez que foi parar nas ruas. Na primeira, foi por causa das drogas; e agora, depois de a esposa pedir a separação. Ele está no Espírito Santo há cerca de cinco meses.
“Preferi achar um lugar que tenha assistência, um lugar que dá uma condição melhor para nós que estamos na rua. Porque, querendo ou não, um incentivo para um morador de rua sair da rua é o que a gente mais precisa, não pessoas para estar ali só julgando, condenando nós. Isso daí vai acabar afundando cada vez mais aquela pessoa, em vez de estar ajudando ela”, afirmou.
Outro que resolveu se inscrever no curso foi Tiago Alves, de 35 anos, que é capixaba de Vila Velha. Ele é formado em pedagogia e fazia pós-graduação. No entanto, como ficou desempregado por muito tempo, teve de parar os estudos, entrou em depressão e acabou saindo de casa.
“Isso foi um momento muito triste, lamentável para mim. Mas hoje eu busco as terapias, a convivência com os amigos que são realmente amigos, para dar a volta por cima”, contou.
Para ele e todos que abraçaram a oportunidade, a expectativa é de virar a página em busca de um futuro melhor. “As expectativas são muitas, principalmente futuramente trabalhar com equipes, ser um excelente pedagogo, um excelente instrutor, um excelente educador, porque eu acho que eu tenho potencial para isso. E ser um grande exemplo para os meus colegas que estão aqui”, ressaltou Tiago.
Com informações do repórter Alex Pandini, da TV Vitória/Record TV