A Associação Médica do Espírito Santo (Ames) divulgou uma nota, na tarde desta segunda-feira (2), repudiando a postura da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) em afastar as duas médicas que estavam de plantão no Hospital Infantil de Vila Velha na madrugada em que o adolescente Kevinn Belo Tomé da Silva, de 16 anos, morreu enquanto aguardava atendimento na unidade.
De acordo com a Ames, a secretaria realizou um “pré-julgamento dos médicos envolvidos no caso”. A associação afirmou ainda que “o afastamento sumário sem processo administrativo disciplinar para apuração dos fatos, precocemente feita pela Sesa, denota uma tentativa de retirar de si qualquer responsabilidade sobre o caso”.
Por sua vez, a Secretaria da Saúde disse que o Código de Conduta do Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba) prevê o afastamento de colaborador ou prestador de serviço diante de “fraude, escândalo ou algo do gênero” até a apuração da investigação, garantindo a ampla defesa.
“Vale frisar que a investigação do caso segue pelos órgãos responsáveis e o Himaba, sempre que acionado pelas autoridades, está colaborando com as informações necessárias”, informou a Sesa.
A Secretaria da Saúde ressaltou ainda que, nesta segunda-feira, abriu uma auditoria para avaliação de todo o processo envolvendo o atendimento de Kevinn Belo Tomé da Silva.
Secretário diz que médicas foram negligentes
Nesta segunda-feira, o secretário Estadual de Saúde, Nésio Fernandes, afirmou que as médicas foram negligentes ao se recusarem atender o adolescente. Ele morreu após ficar cerca de quatro horas dentro de uma ambulância, na porta do hospital, aguardando por um leito de UTI.
“Houve uma omissão de socorro, uma negligência grave, uma falta grave! Não houve falha da administração. Houve, sim, uma falha grave das profissionais assistentes em não acolher o paciente”, afirmou o secretário.
De acordo com Nésio, a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Himaba tinha condições de acolher o jovem, se o paciente tivesse sido atendido pelo Pronto Atendimento no momento em que chegou na unidade.
Tanto a família do garoto quanto a direção do Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba) registraram um boletim de ocorrência sobre o fato, que está sendo investigado pela Polícia Civil.
A direção do hospital também encaminhou uma representação junto ao Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES) para avaliar a conduta dos profissionais envolvidos. Já o CRM informou que já abriu sindicância para apurar as responsabilidades das profissionais.
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