O município de Cachoeiro terá duas exposições voltadas à memória da família Braga de Abreu, uma das mais tradicionais do estado e berço de personalidades emblemáticas, para a política local e a literatura. Os objetos ficam disponíveis a visitação na Casa dos Braga a partir do próximo dia 13, quando o espaço será reaberto ao público.
A coleção de Anna Graça Braga de Abreu, artista plástica falecida em 2013, caçula dos irmãos Rubem, Newton, Carmosina, Armando e Yedda, filhos de Rachel Coelho Braga e do primeiro prefeito de Cachoeiro, o Coronel Francisco Braga, ficará em exposição.
No período em que o prédio abrigou a família, entre 1913 e 1958, a cidade era referência regional em educação, indústria, saúde pública e infraestrutura urbana, entre outros temas que pautavam também conversas ali, com parentes e amigos de outras cidades. A casa era lugar de convivência, um abrigo de pessoas e ideias.
Beatriz Braga de Abreu e Lima e Carol Abreu, respectivamente filha e nora de Anna Graça, cuidam da organização das duas mostras, fruto de parceria entre a família, a prefeitura de Cachoeiro e o Governo Estadual.
“O trabalho que Carol e eu fizemos foi muito intenso, mas muito gratificante. Envolveu muita coisa desde o de idealizar o uso da casa, orientar o projeto da obra, pesquisar informações, projetar as exposições, selecionar todo o material, redigir os textos, orientar a preparação das peças, até colocar tudo no seu devido lugar para a reabertura da Casa”, explica Beatriz.
Publicações
“Minha cidade, minha casa” será a mostra de maior duração, dois anos. São 132 peças, entre lustre, máquina de escrever e de costura, quadro, estante, cadeira de balanço, talheres e móveis de dormitório.
A outra é “Rubem e seus amigos artistas”, que exibe até maio do ano que vem material alusivo à relação entre o cronista e seus contemporâneos nas artes. De acordo com a curadora, Carol Abreu, a atuação como jornalista o ajudou a estreitar laços com autores nas áreas de música, pintura, escultura, dramaturgia e poesia.
O visitante poderá ver ainda reportagens, crônicas, entrevistas e artigos, em jornais, revistas e televisão, que registram a intensa atuação de Rubem no universo da arte. Quando foi editor, ele buscava estimular a publicação de escritores iniciantes e de autores de língua espanhola. Esses livros estarão disponíveis na exposição.
“A cidade ganha um atrativo turístico muito relevante, um lugar onde os moradores e visitantes possam se inspirar, ao conhecer um pouco do que a família de Newton e Rubem andou fazendo de bom e de bonito e da importância que a Casa dos Braga teve na sua formação e em suas memórias”, avalia Carol.
Restauração
O imóvel da família foi adquirido em 1985 pela prefeitura e protegido por tombamento municipal. Foi inaugurado como Centro Cultural Casa dos Braga em 1987 e abrigou, até 2014, a biblioteca municipal.
Voltou então a receber visitantes, em eventos públicos como saraus e lançamentos literários, também em seu jardim, à sombra do famoso pé de fruta-pão. A casa foi tombada pelo Conselho Estadual de Cultura em 2011, restaurada pela Secretaria de Estado da Cultura em 2016 e agora será reaberta por meio das exposições.