O motorista de um carro que atropelou e matou um motociclista na BR 101, em Linhares, no Norte do Estado, no ano passado, foi condenado a mais de 45 anos de prisão.
Segundo a acusação, Márcio Dias da Silva estava embriagado no momento da batida, que além de matar Watilla Feu dos Santos, deixou a esposa dele gravemente ferida. Márcio também não possuía habilitação, segundo a polícia.
A sentença foi proferida nesta quarta-feira (01). O acusado foi condenado pelos crimes de homicídio consumado e tentado, ambos triplamente qualificados, dolo eventual e perigo comum, além de omissão de socorro no trânsito, fraude processual, entre outros.
O acidente aconteceu no dia 15 de junho de 2020. O casal trafegava na motocicleta, no sentido Três Barras – Jardim Laguna, e atravessava a BR-101, com o sinal verde naquele sentido, quando foi surpreendido pelo veículo do réu.
A batida foi registrada por câmeras de segurança. As imagens mostraram o momento em que o motorista do carro avançou o sinal vermelho, em um cruzamento, e bateu na motocicleta.
As vítimas foram lançadas ao ar e o carro arrastou a moto por alguns metros. Watilla morreu e a mulher dele foi socorrida e encaminhada para o Hospital Geral de Linhares (HGL), onde passou por cirurgia.
Após a colisão, Márcio fugiu do local sem prestar socorro às vítimas. Poucos quilômetros depois, uma equipe de policiais do Grupo de Motociclistas da PRF de Linhares conseguiu alcançá-lo.
Entretanto, o motorista não obedeceu às sinalizações de parada feitas pelos policiais. Durante o trajeto, segundo a polícia, Márcio cometeu várias infrações, como ultrapassagens proibidas, forçadas e pelo acostamento, colocando em risco a vida de outras pessoas que passavam pela rodovia.
Ao se aproximar do bairro Canivete, o condutor do veículo tentou realizar uma curva, para acessar uma rua lateral. Nesse momento, uma das passageiras que estavam no carro abriu um das portas e se lançou na rua. A mulher acabou com as pernas atingidas por um dos pneus do veículo.
O que dizem acusação e defesa
Para o promotor de Justiça do Ministério Público do Espírito Santo (MPES) Bruno de Freitas Lima, que atuou no júri, a sentença reproduz integralmente o que estava na denúncia.
“O Ministério Público trabalhou com os fatos que ora se mostram corretos. A sentença culmina um trabalho de investigação de sucesso, que demonstrou claramente o crime praticado”, avaliou.
Já o advogado Leandro Freitas, responsável pela defesa do motorista condenado, achou que a pena imposta pela Justiça foi muito dura e disse que vai recorrer da decisão.
“A defesa respeita muito a decisão dos jurados, mas entendemos que as provas que foram produzidas nos autos são completamente incompatíveis com a tese da defesa. Ou seja, o Márcio deveria ser condenado pelo crime de homicídio culposo na direção de veículo automotor, até porque há uma legislação específica que trata desses crimes. Certamente iremos apresentar, no prazo legal, o recurso cabível, e iremos aguardar a decisão”, afirmou o advogado.