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Motoristas têm prejuízo com pneus furados em buracos nas vias da Grande Vitória

Municípios da Grande Vitória vêm realizando operações tapa-buraco. Reportagem ouviu relatos de quatro condutores que sofreram com avarias nos veículos

Foto: Leitor | Whatsapp Folha Vitória
Pneu furado na Enseada do Suá, em Vit´ória, no dia 10 de janeiro

Nos últimos dias, em virtude das fortes chuvas no Espírito Santo, diversos novos buracos foram relatados por motoristas pelas vias da Grande Vitória. 

Na Capital, o cenário esburacado se destaca nas principais avenidas da cidade, como a Reta da Penha, Américo Buaiz, Dante Michelini e Leitão da Silva. Mas quem trafega na Serra e em Vila Velha não está livre do caos.

O resultado são pneus estourados e avarias nos veículos. “Isso acontece principalmente em dias de chuva, em que os buracos acabam ficando invisíveis”, disse um motorista de guincho de uma seguradora, que prefere não ser identificado. Ele afirma que os chamados nesta época do ano aumentaram.

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Segundo o proprietário da corretora de seguros Convel, Carlos Pezente, desde o início do período de chuvas, houve, em consequência, aumento nos acionamentos das seguradoras. “Recebi pelo menos três ligações essa semana, sem contar os clientes que ligam direto para as empresas contratadas”, afirmou.

Roda amassada e pneus furados

Um dos casos que se desdobraram em transtorno afetou o publicitário Caio Amaral, de 30 anos. Ele conta que teve a roda do carro amassada e dois pneus furados, o que o fez desembolsar R$ 300 de uma só vez.

Foto: Caio Amaral

“Estava chovendo muito no dia, estava passando em frente ao Shopping Montserrat, no sentido Jacaraípe, na Serra, pela pista da direita. Como a pista estava molhada, o buraco estava cheio de água e se confundiu com a pista. O impacto da batida foi muito forte e em menos de um minuto o pneu dianteiro e o traseiro do lado direito estavam furados”, desabafou.

Segundo ele, primeiro foi trocado o pneu dianteiro, que esvaziou muito mais rápido, e depois ele seguiu para uma borracharia. 

Foto: Caio Amaral

“Lá constatamos que o pneu tinha rasgado e a roda estava empenada. O traseiro foi um furo mesmo. Para arrumar, tivemos que vulcanizar o pneu dianteiro, desamassar a roda, consertar o furo do pneu traseiro, alinhar e balancear as rodas. Isso tudo sem contar com o tempo esperando na borracharia, que estava lotada com vários carros passando pelo mesmo problema por causa de vários buracos nas ruas”, acrescentou.

“Tive a roda da moto empenada”

Já no caso da Engenheira Civil, de 35 anos, Jaqueline Luci Ferreira, o problema foi com sua motocicleta, comprada já em 2022. 

“Tive a roda da moto empenada, era de liga leve, então gastei R$ 770. Minha moto estava novinha, foi comprada em julho, mas passei em um buraco”, contou.

O caso aconteceu no dia 28 de dezembro do ano passado, quando a engenheira seguia para a academia de ginástica, no sentido Morada de Laranjeiras para Laranjeiras, também na Serra. 

“Passando pela Avenida Talma Rodrigues, próximo à Rotatória do Ó, não consegui desviar, pois havia carros ao lado, então acabei passando em um buraco e quase caí. Graças a Deus consegui equilibrar a moto, mas notei que estava estranha. Parei logo à frente e vi que a roda estava empenada. Fiquei até o dia 7 de janeiro sem o veículo”, afirmou.

Foto: Jaqueline Luci Ferreira

Além do prejuízo em razão da roda, ainda houve gastos com Uber para garantir a locomoção nos dias em que Jaqueline ficou a pé.

“A gente nunca conta com R$ 3,5 mil a menos”

Um caso ocorrido na capital foi o do gastrônomo Eduardo Romanello, de 34 anos. Além de ter furado pneus, ainda teve as rodas e os eixos do carro empenados.

“Aconteceu na Avenida Leitão da Silva, em um dia em que estava rodando muito. Quando cheguei em casa, percebi que o fundo do carro estava agarrando na rampa do prédio. Quando fui trocar os pneus, dias depois, o vendedor do loja me falou que havia empenado as duas rodas dianteiras, os amortecedores da frente e os dois eixos”, lamentou.

Quanto ao furo, ele definiu a dor de cabeça como tendo sido ainda pior. “Não lembro exatamente em que rua foi, mas o carro ficou cerca de três dias parado na garagem. Quando fui pegá-lo para ir à rua, o pneu da frente do motorista estava no chão. Levei para três borracheiros e nunca achavam o furo”, disse.

Buraco em Coqueiral de Itaparica, Vila Velha

O quarto caso recebido pela reportagem do Folha Vitória foi do Thiago Camata, um policial militar de 35 anos. Ele contou que caiu em um buraco na rua da praia, em Coqueiral de Itaparica, entre uma casa de shows de rock e uma rotatória. 

“Porém, era por volta de 2h da manhã e estava chovendo muito. Havia vários buracos. Alguns dias depois, eu passei por lá e a prefeitura estava arrumando. Eu não consegui tirar foto por conta da chuva, que estava intensa. Só tenho a via do cartão que paguei ao borracheiro, no valor de R$ 100 reais. Eles vulcanizaram o meu pneu, que estava novinho. Era um buraco bem fundo e grande”, lembrou.

O que diz a Prefeitura de Vitória?

Em entrevista à reportagem, o secretário da Central de Serviços da Prefeitura de Vitória, Leonardo Amorim, informou que o município tem tomado medidas para evitar transtornos aos cidadãos e a quem transita pela capital.

“O primeiro fato é que mesmo no período de chuvas, atuamos com a operação tapa-buracos com produto especial para esses dias: asfalto a frio, ou também chamado de ecológico. É verdade que o material é utilizado de forma paliativa, mas com objetivo de que quando haja um fluxo de chuva muito grande, principalmente nas avenidas, conseguimos pelo menos reduzir acidentes”, comentou.

O secretário também afirmou que, durante as chuvas, também aumenta o volume de vendas via aplicativos de delivery, provocando um crescimento no fluxo de motocicletas. Desse modo, é preciso tomar medidas, mesmo que paliativas, para que os trabalhadores nas motos não caiam e se machuquem. “Usamos este produto para garantir segurança”, esclareceu.

Logo após, segundo o secretário, as condições climáticas permitiram o uso de caminhões de asfalto a quente. “Então iniciamos uma operação maciça em Vitória, em que estamos usando quatro caminhões por dia, com aproximadamente 50 toneladas de asfalto diariamente”, frisou Amorim.

Operação tapa-buraco noturna

Como novidade em termos de serviço, o secretário tratou de uma ação que teve início no último dia 10 de janeiro, que se trata de uma intervenção noturna de tapa-buraco nas avenidas de Vitória. Nela, são empregadas, em média, cem toneladas de asfalto, a partir das 21h, até cerca de 4h ou 5h do dia seguinte.

“Temos, com isso, o objetivo de trabalhar onde temos maior fluxo de veículos, impactando o mínimo possível do trânsito. Iniciamos na Américo Buaiz, ali na região da Curva da Jurema. Estamos fazendo sentido Camburi, pela Dante Michelini e, em seguida, faremos todo o retorno e vamos para a Reta da Penha fazer o mesmo trabalho”, esclareceu.

Na visão dele, a intenção é impactar menos o trânsito, executando a ação durante a noite. Devido ao grande período de chuvas, há previsão de, em no máximo 60 dias, as vias da cidade toda terem tido manutenção e as vias terem sido normalizadas. Fazia 10 anos que esse serviço não era feito de modo noturno em Vitória”, pontuou o secretário.

O que diz o DER?

Questionado sobre a Avenida Leitão da Silva, de responsabilidade do governo do Estado, o Departamento de Edificações e de Rodovias do Espírito Santo (DER) informou que já acionou a empresa responsável pela obra para as devidas providências.

O que diz a Prefeitura da Serra

Também questionada pelo Folha Vitória, a Prefeitura da Serra, por meio da Secretaria Municipal de Serviços, informou que o serviço de tapa-buracos está sendo feito diariamente na cidade. 

“Há equipes em vários pontos do município por conta da demanda proveniente das chuvas. Importante ressaltar que o trabalho só é efetivo quando o tempo fica firme”, disse em nota.

O que diz a Prefeitura de Vila Velha

Com relação ao município de Vila Velha, foi informado que a prefeitura está com todas as equipes nas ruas para minimizar os transtornos causados pelas chuvas.

Em nota, a administração afirmou que, devido às chuvas intermitentes, quando os buracos possuem água acumulada, são preenchidos com solo brita, até que o reparo possa ser feito quando tempo seco. 

Também em dias chuvosos, asfalto a frio vem sendo usado para tampar espaços menores e não empossados, garantiu o município, além do serviço de sinalização para posterior manutenção do pavimento ou, no caso de reparo prolongado, com a ruptura de manilhas da rede de drenagem.

Segundo a PMVV, as equipes de recapeamento asfáltico estão trabalhando todos os dias, inclusive aos finais de semana e com horário estendido durante a semana.

“Lembrando que a pavimentação de Vila Velha é antiga, possui mais de 20 anos e não teve trabalho preventivo de recuperação anteriormente. Dentro do planejamento da gestão da Secretaria de Obras, já foram requalificadas as pavimentações em vias de grande fluxo. Exemplo é a extensão da orla da Praia de Itaparica, a avenida Délio Silva Brito (Coqueiral de Itaparica) e outras”, informa a nota.