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MPF vai mediar diálogo entre Samarco e atingidos no ES por rompimento de barragem

Uma Comissão Estadual formada pelos afetados pela tragédia foi criada para que eles participem das decisões da empresa referentes ao processo de reparação dos danos

População do Espírito Santo afetada pelo rompimento da barragem da Samarco poderá participar das decisões da empresa referentes ao processo de reparação dos danos Foto: EBC

O Ministério Público Federal no Espírito Santo (MPF/ES), por meio da Procuradoria da República em Linhares, vai acompanhar o trabalho desenvolvido pela Comissão Estadual, que será formada pelos atingidos no Espírito Santo pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), mediando sua atuação e diálogo junto à Samarco e demais empresas envolvidas no desastre socioambiental.

Segundo o MPF, a comissão terá atuação estadual e será formada por pequenas comissões representativas de comunidades/municípios específicos, dando espaço para que as associações que já são constituídas participem – tanto de pescadores, moradores, etc. 

Entre as cidades participantes estão Baixo Guandu, Colatina, Linhares e São Mateus, mas não se exclui a possibilidade de que mais áreas, como Aracruz, possam integrar o movimento.

Tudo isso ficou decidido em reuniões realizadas na última quarta-feira (22), em Linhares, das quais participaram membros do Movimento dos Atingidos de Barragens (MAB), defensores públicos estaduais e federais, além do MPF.

De acordo com o MPF, a Comissão Estadual tem como objetivo possibilitar a participação social dos atingidos pelo desastre nas decisões da Samarco referentes ao processo de reparação dos danos ambientais e socioeconômicos. 

“A ideia é que haja diálogo direto, o que, segundo os presentes na reunião, não foi criado nem pela empresa nem pelos governos federal, estadual e municipais. Segundo nos foi relatado, as reuniões com a Samarco muitas vezes acontecem com poucos representantes das associações e das comunidades, sempre a portas fechadas. E os atingidos querem que isso se dê de uma forma mais transparente. Querem ter mais voz, mais poder de condução dos trabalhos da Fundação Renova”, explicou o procurador da República em Linhares, Paulo Henrique Trazzi.

Trazzi destacou ainda que os atingidos questionam a transparência no repasse de informações. “Eles entendem que muitas vezes as informações não têm sido claras, há falta de diálogo e há falta de transparência. Além disso, ficou consignado que sempre que a Comissão Estadual se reúna com representantes da empresa haja a presença do Ministério Público e da Defensoria Pública”, disse.

Entre os encaminhamentos das reuniões também estão as propostas de criação de um calendário para realização de atividades da Comissão Estadual e criação das comissões municipais com a participação da Defensoria Pública e do MPF. Ainda não há data marcada para nova reunião.

Por meio de nota, a Fundação Renova, que responde pelas ações desenvolvidas pela Samarco junto às comunidades citadas, reforçou seu compromisso de atender todas as pessoas impactadas pelo rompimento da barragem de Fundão e informou que mantém canais de diálogo constante com as comunidades, por meio de reuniões, central de relacionamento (0800) e centros de informações físicos nas localidades, para assegurar que o processo seja feito de maneira eficaz e transparente. 

Ainda de acordo com a fundação, são realizados encontros periódicos para tratar das ações de reparação e recuperação junto à população e a Renova entende que a participação das comunidades é fundamental no processo de decisão conjunta pelas melhores soluções, respeitando a realidade de cada região.

A Fundação Renova também esclareceu que, por meio de um levantamento emergencial, realizado logo após o rompimento da barragem, famílias de Linhares impactadas receberam cartões de auxílio, e que somente em Linhares, foram entregues 1662 cartões de auxílio emergencial, sendo 287 em Regência. Além disso, em janeiro foi iniciado o Programa de Indenização Mediada (PIM) por danos gerais em Linhares para ressarcir os impactados de maneira ágil e sem os trâmites e custos de uma ação judicial.