No último fim de semana, mulheres foram às ruas manifestar apoio à Mariana Ferrer e clamar por justiça, em diversos municípios brasileiros. Em Guarapari não foi diferente. Ontem (08), o ato “O patriarcado é o juiz”, organizado pelo coletivo feminista interseccional de Guarapari Mulheres que Lutam, reuniu aproximadamente 30 pessoas que protestaram pelo fim da cultura do estupro, na Praia do Morro.
“O patriarcado é o juiz, que nos julga por nascer, e nosso castigo é a violência que se vê”, é um dos trechos da palavra de ordem que o grupo de manifestantes cantou ao longo do trajeto da Praça da Paz ao fim da Praia do Morro, em repúdio ao tratamento que a influenciadora digital Mariana Ferrer, de 23 anos, recebeu durante a audiência judicial que analisava a denúncia de estupro registrada por ela. Embora o caso tenha acontecido em Florianópolis (SC), a indignação reverberou por todo o país.
De acordo com Elisa O’neill, integrante do coletivo Mulheres que Lutam, o grupo pensou em somar-se à ação que acontecia em Vitória, na mesma data, mas optou por provocar a discussão no município. “Nós optamos por ficar exatamente para fortalecer o movimento local, que ainda é muito fraco por aqui, em uma cidade bastante conservadora”.
Segundo Emilly Marques, assistente social e militante feminista do coletivo Mulheres que Lutam e do Fórum de Mulheres do Espírito Santo, o objetivo da ação foi denunciar a violência cometida não apenas contra Mariana Ferrer, como aquela vivenciada cotidianamente por todas as mulheres. “A gente quis mostrar que isso não é um caso isolado e convidar a população de Guarapari a refletir sobre a importância do feminismo no combate às violências contra a mulher”, declarou.
A Dra. Rosânia Soares, membro da Comissão da Mulher Advogada, da 4ª Subseção da OAB/ES, foi uma das advogadas presentes no ato e afirmou que a manifestação tem um importante papel na preservação dos direitos das mulheres. “Nós vimos, na audiência, violação dos direitos à intimidade, personalidade e honra da Mariana Ferrer e isso não pode passar impune. Isso retrocede toda a nossa luta para que as mulheres quebrem a barreira do silêncio e é um exemplo do que sabemos que acontece todos os dias no judiciário, quando mulheres buscam na justiça acolhimento e encontram mais violência”.
Vanessa Xavier, estudante do Ifes Guarapari e diretora de Cultura do grêmio do campus, acredita em dias melhores. “Eu vim porque acredito que participar de atos como esse, enquanto estudante e mulher, é muito importante para buscarmos nossos direitos! A gente tem que lutar por respeito”.