Um acontecimento de março do ano passado ganhou um novo capítulo. Quem não lembra do muro de arrimo do calçadão da Praia da Areia Preta, em Guarapari, que acabou cedendo por conta de rachaduras e do avanço do mar?
Uma das maiores preocupações com a queda do muro era que parte da estrutura de dois prédios vizinhos poderia ser afetada.
Desta vez, moradores temem um novo risco de colapso diante da movimentação da maré, que puxa a areia por baixo do muro. Segundo registros realizados pela autônoma Maria Luzia Effgen Nunes, de 53 anos, os moradores e banhistas que passam pelo local já têm motivos suficientes para se preocupar com o caso.
“Estamos à mercê de uma situação em que o mar puxa a areia por baixo do muro. Lá atrás, avisávamos e ninguém tomava providências, até que o muro caiu. E agora, novamente, percebi a mesma cena. Fiquei a semana toda em Guarapari e observei que dentro de umas três semanas não vai ter mais areia na beirada do muro. A parte de frente para os prédios ficou totalmente na terra, na argila e a sapata do muro já está aparecendo”, narrou.
Maria Luzia também contou e mostrou em vídeo que o muro está trincado de cima a baixo. “O risco ali está muito alto, para os moradores dos prédios, para os banhistas que circulam no local e também para quem fica ali pegando sol. Isso pode provocar uma grande tragédia”, continuou.
Escada de difícil acesso para a praia
Além da situação do muro, outra questão que incomoda é a escada instalada ao lado do muro: ela tem cerca de 1,5 metro de altura, impedindo a descida para a praia, em especial de pessoas com mobilidade reduzida.
“Para descer é bem complicado. Colocaram umas pedras lá para servir de continuação para a escada. O acesso está muito difícil para a Praia da Areia Preta. Ninguém consegue subir ou descer pela escada. E no meio do calçadão, se analisar as pedrinhas que foram colocadas, já estão rachado de ponta a ponta”, destacou Nunes.
Síndico de prédios afetados diz que procurou a prefeitura de Guarapari
O síndico dos prédios que deveriam ficar protegidos pelo muro de contenção, o senhor Adael Fonte Boa, afirmou à reportagem do Folha Vitória que a prefeitura de Guarapari já foi acionada diversas vezes.
“A prefeitura não nos diz nada, quando muito, a resposta que eles dão é que só podem agir depois que o muro cair. Assim fica difícil, o risco é muito grande. Vejo o pessoal ali deitado tomando sol, sem imaginar o perigo que estão passando. Ninguém toma providência, sequer termina o serviço. A minha previsão do muro cair é dentro de 15 dias, talvez um pouco mais, por conta da maré”, revelou.
Fonte Boa também comentou sobre a escada: “Ela tinha três degraus. Para descer para a areia, é muito mais de um metro. Ali não desce idoso, criança, ninguém”, disse.
>> Quer receber nossas notícias 100% gratuitas? Participe da nossa comunidade no WhatsApp ou entre no nosso canal do Telegram!
O que diz a Prefeitura de Guarapari
A Prefeitura de Guarapari afirmou nesta quarta-feira (1) que, através da Secretaria de Obras Públicas(Semop), uma equipe técnica já foi ao local com a Defesa Civil Municipal e o engenheiro responsável pela construção do muro, para verificar a situação.
“Foi constatado que o descalce do muro não compromete a estrutura da engenharia e a fissura apresentada já foi tratada. Com relação à escada, uma técnica irá ao local para avaliar”, disse.
Além da prefeitura, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES) também foi procurado para comentar o assunto.
Em nota, o conselho informou que já há sinalização de que os profissionais irão programar uma nova visita ao local para verificar questões inerentes à atuação do Conselho. “Assim que tivermos retorno das equipes informaremos”.