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'Não é o que Itaparica merece', diz presidente da Associação dos Quiosqueiros de Vila Velha

Prefeitura retomou, nesta segunda, a demolição dos 43 quiosques das praias de Itapuã e Itaparica. Vinte novos estabelecimentos serão construídos na orla

Foto: TV Vitória

A demolição dos 43 quiosques das praias de Itapuã e Itaparica, em Vila Velha, foi retomada pela prefeitura nesta segunda-feira (03), obedecendo a uma decisão da Justiça Federal. A previsão é que os estabelecimentos sejam demolidos até o dia 18. Outros três, em más condições, já haviam sido derrubados no final de 2019.

A cena dos quiosques sendo derrubados com a ajuda de um trator chamou a atenção de muita gente que passou pela orla durante a manhã. Muitos ficaram revoltados com a situação. “Eu esperava que eles ficassem pelo menos até o carnaval. Muita gente precisa trabalhar. A gente começando o verão e eles fazerem essa retirada dos quiosques”, afirmou a estudante Valéria Pitanga.

“Tinham que esperar o verão acabar e pedir opinião ao povo – o que frequenta a praia, os turistas – qual a opinião deles em relação a isso aí. Não fazer o que estão fazendo”, opinou o operador industrial Paulo Carvalho Leite.

Outros 20 quiosques serão erguidos no lugar dos antigos. Segundo a prefeitura, a construção deles será custeada pelos comerciantes que assumirem a administração pelos próximos 20 anos.

Já foi concluída a concessão de 13 dos 20 novos quiosques a comerciantes que já atuavam nos antigos. A concorrência para a entrega dos sete restantes ainda está em andamento.

Com número reduzido, os novos quiosques devem ficar prontos até o mês de agosto. Cada um deles terá cerca de 130 metros quadrados, seguindo o padrão determinado pela prefeitura.

O presidente da Associação dos Quiosqueiros de Vila Velha, Paulo Roberto Neves, afirma, entretanto, que as dimensões do modelo proposto não serão suficientes para atender a população.

“É bonito, é mais ou menos funcional, mas não é o ideal para atender a essa praia. Não é o que Itaparica merece. Essa praia já perdeu muito de atendimento ao público e vai perder muito mais. Merecíamos uma coisa melhor, de mais comodidade, para atender mais pessoas. Nós vamos ter aqui, daqui a seis a oito verões, 150 mil pessoas nessa praia. Quem vai atender?”, questionou.

No entanto, há quem aprove o novo modelo dos quiosques. O estudante e garçom Alexandre Rocha acredita que os novos estabelecimentos serão mais atraentes aos turistas.

“Vi os novos modelos e falei: ‘nossa, vai ficar bacana, vai ficar bonito, vai ficar melhor’. É mais agradável tanto para mim, que sou um trabalhador de quiosque, sou garçom nas horas vagas, quanto para os turistas que vão chegar na cidade, que vão ver algo mais bonito, mais ornamentado”, afirmou.

Prefeitura

A polêmica começou em 2008, quando o Ministério Público Federal (MPF) pediu a retirada dos quiosques. O processo se arrastou durante 11 anos com vários recursos da Prefeitura de Vila Velha e também dos quiosqueiros.

O procurador-geral do município, Ribamar Bezerra, afirma que não é possível adiar a saída dos quiosqueiros. Se a prefeitura não cumprir a decisão judicial, terá que pagar multa e o dinheiro sairá dos cofres municipais.