Após o surto de diarreia registrado em uma creche localizada na Praia da Costa, em Vila Velha, o Laboratório Central de Saúde Pública do Espírito Santo (Lacen) continua analisando as amostras de água e alimentos coletadas no local.
Na creche, os resultados preliminares da análise apontam para a ausência de agentes causadores do botulismo e do rotavírus, eliminando, até o momento, a hipótese de contaminação da água canalizada pela Cesan.
Questionado se é avaliado algum tipo de recomendação para que as pessoas não tomem a água canalizada, ainda que filtrada, até o relatório completo das análises, o coordenador geral do Lacen, Rodrigo Rodrigues, disse que não há nenhum indício que sugira qualquer tipo de contaminação na água da Cesan.
“Temos um grande quebra-cabeça a ser montado para identificar o agente causador desse surto de diarreia, mas, com os resultados preliminares que recebemos, não há nenhum indício de contaminação da água da Cesan coletada na creche”, afirmou.
Uma segunda fonte de água, de um chafariz em um ambiente mais afastado dentro da creche, foi identificada nesta quinta-feira (28) pela Vigilância Sanitária. Também foram coletadas amostras desta água que vão ser analisadas em laboratório.
Alimentos em análise
Um quiosque, de onde foram coletadas amostras de quatro alimentos – batata frita, peroá congelado, peroá refrigerado e camarão – também está sendo investigado.
Na creche, foram coletadas amostras de peito de frango e carne bovina congeladas, além das amostras de água. Até o momento, não há uma interdição dos locais onde as crianças estiveram no dia anterior aos primeiros sintomas. A Prefeitura de Vila Velha recomendou a suspensão das aulas da creche desde terça-feira (29), que foi acatada pela proprietária da unidade de ensino.
A Secretaria Estadual de Saúde irá conversar com o município e não descarta a interdição do local. A ordem, que deve ser direcionada apenas à creche, deverá vir do município, que tem a prerrogativa para decisões desta natureza.
Casos em outros municípios
Segundo o gerente estadual de vigilância em saúde, Romildo Andrade, os profissionais de saúde do estado vão receber uma nota técnica para identificar possíveis casos de diarreia que tenham “vínculo epidemológico” com o caso de surto na creche de Vila Velha. Nas redes sociais, pessoas apontam ter sofrido com sintomas parecidos em outros municípios.
“A investigação neste momento se dá em entender se houve algum tipo de contato dessas pessoas que estão dando entrada com casos de gastroenterite (diarreia) com os casos anteriores. É importante destacar que não se trata de um quadro de epidemia, mas um caso focal, que tem como foco de contaminação a creche onde as pessoas tiveram contato”, afirma.
Pistas para o quebra-cabeça
De acordo com a gerente estadual de vigilância epidemiológica, Larissa Dell’Antonio, um formulário será enviado para pais, alunos, funcionários e prestadores de serviço que tiveram algum tipo de contato com a creche. Um dos primeiros casos identificados, do menino de dois anos que morreu vítima da contaminação, teria viajado para a Bahia, no último dia 10 com os pais.
“Vamos investigar o que cada um deles comeu, onde estiveram e, junto com os resultados laboratoriais, entender de onde veio a contaminação”, conta Dell’Antonio.
Prevenção
“O importante neste momento é manter a prevenção de contaminação, higienizar as mãos antes de comer, lavar hortaliças, evitar carnes mal passadas e evitar alardes que possam atrapalhar o trabalho dos profissionais. Estamos disponibilizando o telefone do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) caso as pessoas tenham alguma dúvida”, explica o gerente de vigilância em Saúde, Romildo Amorim.
O telefone do Cievs é o (27) 99849-1613.