Na Semana Nacional do Meio Ambiente, um evento de música eletrônica que já tem gerado muita polêmica, ganha ainda mais destaque entre as preocupações dos ambientalistas.
O grande receio é de que o festival “Cafe de la Musique Pedra Azul”, marcado entre os dias 20 e 22 de junho, durante o feriado de Corpus Christi, traga impactos significativos ao meio ambiente, especialmente para a fauna local. Previsto para ser realizado em uma área próxima ao Parque Estadual de Pedra Azul, em Domingos Martins, o festival tem tirado o sono de moradores da região.
O evento está marcado para acontecer em uma área localizada a cerca de 500 metros do Parque. O professor do departamento de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Sérgio Lucena Mendes, destaca que, na unidade de conservação, há diversas espécies de animais – inclusive algumas ameaçadas de extinção – e que a exposição dessas espécies ao ruído e às luzes emitidos por esse tipo de evento poderia trazer sérios prejuízos.
“Grande parte desse animais tem hábitos diurnos e à noite eles estão dormindo. A realização desse evento em uma área tão próxima à unidade de conservação pode atrapalhar o sono deles e deixar esses animais desorientados. Portanto, esse impacto deveria ser evitado. Deveria ser respeitado o entorno do parque”, ressaltou.
Para a realização do evento, foi realizada uma terraplanagem em uma área de aproximadamente 8 mil metros quadrados. No entanto, o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) notificou a organização do festival, alegando que essa terraplanagem foi feita sem autorização ambiental. O órgão embargou a utilização da área até a regularização da situação e apresentação de um Projeto de Recuperação para Área Degradada (PRAD).
“É lamentável que as coisas caminhem para um ponto que não precisaria ocorrer. Primeiro, qualquer projeto que alguém vá fazer tem que consultar os órgãos ambientais adequados. E, segundo, é ver onde pode e de que forma pode fazer. Ninguém é proibido de fazer uma atividade econômica ou divertimento se feito da maneira correta e no local correto. Então se instalou uma polêmica onde, na verdade, ninguém ganha, e se fizer de qualquer maneira, quem perde é a natureza”, destacou o doutor em Ciência Florestal e professor da Ufes, Luiz Fernando Schettino.
Os moradores
Na tentativa de evitar que o festival seja realizado nas imediações do Parque Estadual de Pedra Azul, moradores da região procuraram o Iema e a Prefeitura de Domingos Martins. Os moradores também discutem se entrarão com uma ação judicial para impedir o evento. A alegação é de que o evento viola o código ambiental do município, que permite limite de ruído até 55 decibéis.
A prefeitura
A Prefeitura de Domingos Martins informou que o pedido de autorização para a realização da festa, mediante protocolo efetuado na última terça-feira (28), está sob análise na Procuradoria Geral do Município para avaliação da documentação apresentada, de acordo com a legislação vigente, e decisão sobre a liberação do evento.
A organização do evento
O empresário João Vitor Guimarães Vaz, um dos sócios do Cafe de la Musique, afirma que o festival tem o apoio de hotéis, restaurantes e outros estabelecimentos de Pedra Azul. “Estamos dispostos a apresentar o projeto para esse grupo que quer nos impedir”, comenta Vaz.
O empresário alega, ainda, que o perfil do festival é diferente da festa realizada pela empresa em Guarapari. “O festival de inverno foi pensado para um público de luxo e, por isso, é para um número bem menor de pessoas. Nossa carga máxima de ingressos é de 1,5 mil pessoas. É um evento que começa às 15 horas e termina meia-noite.”, frisou.