Dizem que Deus criou as mães com o que há de melhor no ser humano, dando a elas o dom de gerar uma vida. O que muitas não esperavam é que as vidas geradas em seus ventres fossem tiradas com assassinatos brutais. Dilaceradas, doloridas e vazias é assim que mães como Ana Kátia Rodrigues Félix e Selma Santos vão passar neste domingo (10) de Dia das Mães. Ambas perderam as filhas assassinadas por namorados, homens que se sentaram à mesa de suas casas e lhe tiraram o prazer de ser mãe.
Ana Kátia é mãe de Ana Clara Cabral, de 19 anos, assassinada com cinco tiros, no dia 05 de fevereiro, pelo então namorado, o policial militar Itamar Rocha. Esse será o primeiro Dia das Mães sem a presença da única filha mulher. “É o pior dia das mães, ela era minha amiga, minha companheira, linda e feliz. Agora evito até entrar no quarto, trouxe comigo as almofadinhas dela e muitas fotos para ficar mais perto, sentir mais um pouco dela”, chorou Ana Kátia.
A mãe diz que um mês antes da morte da filha estava em uma viagem quando sonhou que a jovem estava morta. “Eu estava viajando e meus outros dois filhos foram e ela não quis ir, sonhei que ela estava morta, mas era uma menininha, era criança, fiquei angustiada, e senti uma dor no peito. Ajoelhei e pedi a Deus para tirar aquilo do meu peito”, revelou.
Ciúmes
O namoro dos dois era conturbado, o ciúme do PM era motivo de preocupação para todos que cercavam a jovem. “Eu nunca gostei dele, ele era
arrogante, prepotente, se gabava muito, minha família é simples. Eu dizia que ciúmes com bebida e arma é perigoso, e ela falava, mãe ele não tem coragem de matar uma mosca. Ela gostava muito dele, amava muito”, contou emocionada Ana Kátia.
Agora a mãe espera que a justiça seja feita e que Itamar perca a patente de policial militar e responda em júri popular pelo crime. “Eu tenho certeza que ele vai ser condenado, para ele ir para a prisão comum e pagar”, afirmou. O sonho de tomar café da manhã com todos os filhos juntos neste domingo, não será possível nunca mais.
Outra mãe também não vai tomar café, tão pouco almoçar com todos os filhos neste Dia das Mães. Falta uma filha e a dor só aumenta com o passar do tempo.
“Em vez de melhorar, a tristeza e a saudade só aumentam quando chegam as datas comemorativas dá um nó na garganta. Eu não tenho mais expectativa, não planejo mais o almoço. Levaram um pedaço da minha vida”. Essa é a realidade de Selma Santos, mãe de Bárbara Richardelle, de 18 anos, assassinada com golpes de cavadeira, no dia 17 de março de 2014, pelo ex-namorado, Christian Cunha.
Mau pressentimento
Selma contou que quando a filha não atendeu mais o celular no dia que desapareceu após sair do trabalho o sexto sentido de mãe indicou algo errado. “Se aconteceu alguma coisa, foi ele, pensei. Eu já sentia que minha filha não estava mais aqui”, lembrou.
Bárbara era a única filha mulher, a única neta, a única irmã e a única sobrinha. O carinho da menina que fazia lembrancinhas para o Dia das Mães foi tirado de sua família pelo homem que Selma já até fez bolo de aniversário e tantas vezes jantou em sua casa.
“A justiça não vai trazer ela de volta, mas eu espero que ele pegue a pena máxima. Trinta anos se ele ficar lá dentro, preso, é pouco”, disse Selma. Christian aguarda condenação, sob custódia do Estado, em um presídio.
“Ele era uma pessoa boa, acima de qualquer suspeita. A gente tem que proteger nossas meninas. Quando vejo uma jovem tenho medo dela ser a próxima. Abrace, beije e diga que ama muito sua filha”, declarou em tom de esperança por Justiça.