No início da tarde deste sábado (30), uma equipe formada por especialistas de engenharia e fiscais do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES) esteve no condomínio residencial São Roque, no bairro Padre Gabriel, em Cariacica, onde duas caixas d’águas se romperam no final do ano passado, causando uma morte e deixando centenas de famílias fora de casa.
O relatório final sobre a causa da queda das caixas ficará pronto em até 15 dias, mas de acordo com o presidente do Crea-ES, Jorge Silva, algumas falhas no projeto já foram identificadas.
A construtora responsável pela obra do condomínio terceirizou a fabricação das caixas d’água. O projeto foi elaborado por uma empresa de São Paulo. O Crea-ES analisou o documento e encontrou falhas graves. “Existem falhas no projeto estrutural feito pela empresa e existem falhas gravíssimas na construção. Foi utilizado excesso de soldagens. Na base, utilizaram laminas de aço carbono com 8mm e no final com 2,5mm”, explicou o presidente do órgão.
A previsão é que as obras de reforma dos apartamentos danificados fiquem prontas em duas semanas. Das quase 500 famílias que moram no condomínio, cerca de 50 ainda aguardam a conclusão das obras para retornar aos apartamentos. “Alguns apartamentos já foram entregues aos moradores. Eu acredito que, pela nossa vistoria que está sendo realizada hoje, em mais duas semanas todos os apartamentos estarão concluídos”, disse.
Na vistoria realizada neste sábado, os especialistas também analisaram a capacidade de abastecimento de água no condomínio. Os reservatórios que substituem, temporariamente, as caixas d’água não possuem a mesma capacidade. “Elas são inferiores, mas pela quantidade de pessoas que voltou para os apartamento até então, elas conseguem satisfazer. No entanto, com a volta dos próximos moradores, tem que haver uma ampliação das caixas d’água”, ressaltou Jorge.
O desastre aconteceu no dia 30 de dezembro. O bombeiro hidráulico Juscelino Roncon realizava reparos em um dos equipamentos. Ele foi socorrido em estado grave, mas não resistiu e acabou morrendo. Uma das caixas ficou dependurada em um dos prédios do condomínio, danificando o apartamento do último andar.
O presidente do Crea-ES ressaltou que a empresa deverá ser punida. “Ela vai ter punições tanto nas áreas civil e criminal, como em vários atos de infração e suspensão de atuação no Espírito Santo enquanto não se regularizar perante o Crea. Os valores das multas variam de R$ 2.200 a R$ 7 mil por cada infração cometida”, concluiu Jorge.
*Com informações do repórter Alex Pandini, da TV Vitória/Record TV.