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Marcação de lugares, circuitos para higienização e troca de máscaras: a preparação de escolas do ES para a volta às aulas

Diante da pandemia do novo coronavírus, a adaptação do corpo docente foi essencial. Agora, as instituições se preparam, seguindo os protocolos, para o retorno em fevereiro

Thaiz Blunck

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação / Escola Monteiro
Alunos da Escola Monteiro em aula após o retorno presencial

Após um ano diferente de todos os outros e cheio de desafios, principalmente para a educação, instituições de ensino privadas já estão prontas para tocar a campainha e iniciar o ano letivo em fevereiro. Desde a suspensão das aulas presenciais por conta da pandemia do novo coronavírus, no primeiro semestre de 2020, o verbo ‘reinventar’ passou a fazer parte, na prática, da vida de educadores, pais e alunos. 

As aulas foram suspensas nas escolas do Espírito Santo no dia 17 de março e só puderam ser retomadas praticamente no fim do ano, no mês de outubro. Mas, durante esse período, os estudos não pararam! O rápido trabalho desenvolvido e a adaptação do corpo docente ao ‘novo normal’ foram fundamentais para que os alunos continuassem sentindo-se no ambiente escolar, mesmo remotamente.

Na casa da estudante de doutorado, Ludimilla Rupf Benincá, a mesa de um dos cômodos se transformou em sala de aula para as filhas Helena, de 10 anos, e Clarice, de 7. E o fato de estudar em casa não deixou irmãs desanimadas! O momento de estudos continuou sendo especial, com direito a uniforme, laço no cabelo e, é claro, muita concentração para realizar as atividades.

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
As irmãs Helena e Clarice durante aula remota

“Minhas filhas se adaptaram muito bem ao modelo remoto. A escola nos deixou à vontade para permanecer em casa e nos deu todo o suporte pedagógico necessário, mas retornar presencialmente será muito importante para o desenvolvimento social e emocional delas. Espero que as férias escolares tragam novas energias para as crianças e elas possam retornar mais animadas e alegres, apesar de as restrições não se abrandarem”, afirma Ludimilla.

Helena e Clarice são estudantes da Escola Monteiro, localizada em Vitória. A mãe das pequenas destaca a preocupação da instituição em manter contato com os pais para explicar todas as medidas adotadas no retorno presencial, o que a deixou mais segura e confiante de que os protocolos seriam, de fato, seguidos.

“Acompanhei indiretamente o retorno presencial em 2020, pois minhas filhas permaneceram no ambiente remoto, e senti muita confiança na adoção dos protocolos de segurança e na responsabilidade de todos em segui-los. Através de várias reuniões que a escola fez com as famílias antes e ao longo do período de retorno presencial, cada medida foi explicada e justificada, e o mesmo se fez com as crianças, tornando as novas rotinas mais claras para todos."
Foto: Escola Monteiro
Eduardo Costa Gomes, diretor da Monteiro

Mesmo durante a pandemia, a instituição, que atende alunos do ensino fundamental e médio, demonstrou que é possível sustentar o processo de ensino-aprendizagem com afeto e diálogo. O diretor da Escola Monteiro, Eduardo Costa Gomes, destaca como foi a preparação para o retorno das aulas presenciais, que foi dividida em três momentos. 

“Acolhimento, biossegurança e conscientização são três palavras que marcaram o retorno às aulas presenciais na Escola Monteiro. Para se adequar ao novo momento, a instituição contou com a consultoria de uma equipe de especialistas na área de infectologia, adotando todos os protocolos de segurança de forma a zelar pelo bem-estar de alunos, professores e funcionários. Nossa preocupação sempre foi agir com responsabilidade, diálogo e parceria, dando às famílias a opção de manutenção das aulas exclusivamente remotas, mas oferecendo segurança e acolhimento para as que optaram pelo retorno”, destaca o diretor.

Para oferecer esse acolhimento sem abrir mão da segurança, foram necessárias algumas alterações na estrutura da instituição, como marcação de lugares, instalação de dispensers com álcool gel na entrada e no interior da escola, pias em áreas do pátio e distanciamento entre cadeiras. 

Foto: Divulgação / Escola Monteiro
Dispensers com álcool gel foram instalados na Escola Monteiro

A segunda fase de retorno trata-se do diagnóstico pedagógico, com avaliação do processo de aprendizagem. Já a terceira etapa, é o pleno funcionamento do projeto da escola com aulas presenciais e remotas e momentos de integração entre os dois grupos. O retorno está sendo feito de forma gradativa, com “escalas” e horários diferenciados entre as turmas. A instituição também continua oferecendo o modelo exclusivamente remoto para as famílias que assim decidirem.

"As escolas aprenderam muito ao longo do ano de 2020 como vencer os desafios propostos de ensino remoto, de dificuldades de aprendizado. Então, no 2021, a gente chega muito mais bem preparado. Aquilo que é tarefa para execução antes do retorno das aulas agora, é uma organização pedagógica de como a gente vai atuar com os diferentes grupos de alunos em cada turma, em cada segmento, de acordo com o aproveitamento que eles tiveram no ano passado", enfatiza Eduardo.  

OUÇA | Diretor da Escola Monteiro, Eduardo Costa Gomes, fala sobre a retomada das aulas

Retomada segura
Na linha de frente da covid-19, a enfermeira Ravena Scalzer Moreira, mãe dos gêmeos Theo e Davi Scalzer Alves, de 6 anos, conhece bem os protocolos de segurança e observou todas as medidas adotadas na instituição de ensino dos filhos para o retorno das aulas presenciais. 

Eu realmente fiquei muito tranquila com as medidas tomadas. Tivemos um reunião on-line e fiquei impressionada com os protocolos segurança. Vi que o que foi exposto pela escola realmente estava sendo feito. Eu, sendo profissional de saúde, enfermeira de UTIN, fiquei muito segura porque as medidas são muito rigorosas como as das unidades de saúde", 

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
Gêmeos Theo e Davi Scalzer Alves durante a formatura - (FOTO TIRADA ANTES DA PANDEMIA)

Os irmãos cursam o primeiro ano do ensino fundamental no Centro Educacional Vicente Pelicioni (Cevip), localizado em Cariacica. A mãe esclarece que o contato da escola com os pais é semanal e periódico, sempre com informações sobre tudo o que está sendo adotado neste período de pandemia. 

"Minha expectativa ao retorno das aulas, apesar de não termos começado a vacinação, ainda são boas e confiantes. Este retorno para eles foi muito importante para a interação social. A adaptação deles também foi bem tranquila, porque já vínhamos explicando tudo o que estava acontecendo, toda a importância do uso da máscara, do distanciamento e do uso do álcool gel", afirma. 
Foto: Divulgação | CEVIP
Alunos do Centro Educacional Vicente Pelicioni após a retomada das aulas presenciais 

A Gestora Educacional do Cevip, Cristiane Pelliccioni, explica que para acessar as dependências da escola e permanecer nelas, os profissionais da instituição e os estudantes precisam passar por um circuito que conta com várias etapas. Se o aluno apresentar temperatura acima de 37.2º, o acesso à escola não é autorizado. 

"O circuito conta com a higienização do calçado em tapete com produto sanitizante, aferição de temperatura (o aluno com temperatura acima de 37.2 graus não poderá acessar a escola ou será encaminhado a uma sala específica) e higienização das mãos com álcool 70%. As aulas acontecerão no formato híbrido, obedecendo o rodízio, como orientado pela SESA/SEDU, seguindo rigorosamente o protocolo de saúde e segurança", explica a gestora. 

Foto: Divulgação | CEVIP
Circuito de higienização realizado pelo Cevip

E os cuidados continuam durante todo o período que as crianças permanecem no ambiente escolar. Após passar pela higienização, o aluno segue diretamente para a sala de aula, onde as portas e janelas estão sendo mantidas abertas para permitir melhor ventilação e as cadeiras estarão marcadas com fitas vermelhas e fitas amarelas para manter o distanciamento social. 

"Os alunos do turno matutino sentarão nas cadeiras marcadas com as fitas amarelas e os do turno vespertino nas cadeiras com fitas vermelhas. Além do distanciamento, a ação permitirá que eles usem uma carteira totalmente higienizada, após 24 horas do último uso. A orientação da OMS é que cada máscara seja usada por no máximo 4 horas seguidas, e, após o uso, ela deve ser trocada. Porém, nossa orientação é que o estudante use duas para o tempo de permanência na escola", destaca Cristiane. 


Protocolos rígidos 

Ainda nos primeiros meses da pandemia, as escolas particulares do Espírito Santo já preparavam-se para o retorno das aulas presenciais. Um rigoroso protocolo de biossegurança com medidas a serem adotadas por alunos, professores e demais funcionários das unidades de ensino foi elaborado e, segundo o presidente do Sindicato das Escolas Particulares do Espírito Santo (Sinepe-ES), Moacir Lellis, continuará sendo seguido com a volta às aulas em fevereiro. 

Foto: Divulgação

"As nossas escolas estão preparadas para iniciar as aulas no dia primeiro de fevereiro. Nós vamos continuar seguindo o nosso protocolo de biossegurança à risca porque a pandemia não passou e não sabemos quando vai passar, então isso é uma coisa que não vamos abrir mão. Dentro das escolas, o nosso protocolo é muito rígido, ele é parecido com o de um hospital. O estudante só entra de máscara, tem que usar álcool gel, tem também a medição de temperatura. Imaginamos que as famílias tenham mais tranquilidade e mais confiança para enviarem os seus filhos", afirma Lellis. 

Para ele, o ensino híbrido - que combina a aprendizagem presencial e remota - deve continuar também em 2021. Mas agora, com as famílias mais confiantes, a tendência é de que o ensino presencial volte com mais força. O presidente do Sinepe destaca também a preparação das escolas para as provas do Enem, que acontecem nos próximos dias 17 e 24 de janeiro. 

"Agora vamos ter as provas do Enem. As nossas escolas estão trabalhando com as aulas online e fazendo revisões dos conteúdos. Algumas estão até abertas, caso o aluno tenha interesse de ir até a instituição.Estamos trabalhando para que o 3º ano faça a prova, de movo que os alunos não fiquem prejudicados. O conteúdo, por mais que se tenha tentado, não é como o presencial. Mas os trabalhos foram feitos para que esses alunos se saiam bem", concluiu. 

Cuidados na escola e em casa

Mesmo com os protocolos sanitários das instituições de ensino, é necessário também que os pais orientem seu filhos em casa sobre os cuidados que devem ter no ambiente escolar. A médica pediatra com formação em infectologia e professora do Departamento de Pediatria da UFES, Filomena Alencar, destaca que o compartilhamento de objetos, por exemplo, que é uma prática comum entre os estudantes, não deve ocorrer de forma alguma. 

Foto: Divulgação
Filomena Alencar, pediatra com formação em infectologia e professora da Ufes

"O estudante deve levar uma garrafinha para beber água e não usar o bebedouro comum, apenas se for para abastecer sua garrafinha. Também não deve emprestar nada na escola, isso deve ser muito claro para os pais informarem a criança. Não emprestar lápis, régua, nada. Pensando no retorno, quando entrar na escola já vai higienizando as mãos e só deve tirar a máscara antes da refeição. De preferência, levar mais de uma máscara também.  Outro ponto importante é levar o mínimo possível de material e, chegar em casa, evitar entrar com o sapato e imediatamente tirar a roupa e higienizar-se", orienta a pediatra. 

A especialista enfatiza que a escola é necessária e que o vínculo perdido do estudante com a instituição de ensino prejudica o seu desenvolvimento. Ela destaca que o ambiente é interessante não só por causa do aprendizado, mas por um conjunto de coisas. 

“É um ambiente mais controlado porque tem todo um esquema de operacionalização para funcionar, mas os pais também precisam entender que se o aluno apresentar sintomas gripais ou tiver contato com alguém que testou positivo ou está com suspeita da covid-19, ele também precisa ficar em isolamento e não deve frequentar as aulas. Quando se faz um cumprimento adequado das normas da escola e se explica à criança, ela vai incorporando dentro da vida dela o que ela aprendeu’. Na escola, quando todo mundo faz, eles vão entender melhor essas regras, porque eles incorporam as coisas que aprendem na escola e até ensinam outras pessoas”, destaca. 

Os principais cuidados listados pela especialista para a volta `às aulas:

01) Manter o distanciamento social

02) Não compartilhar objetos e material escolar

03) Não utilizar o bebedouro comum (levar garrafinha)

04) Usar máscara (se possível, levar mais de uma)

05) Levar somente os materiais necessários

06) Separar um cantinho em casa para os estudos 

07) Evitar entrar com sapato em casa

08) Tirar o uniforme/roupa e higienizar-se assim que chegar

09) Higienizar os materiais escolares

10) Não frequentar as aulas se apresentar febre, sintomas gripais ou tiver contato com pessoas que testaram  positivo ou estão com suspeita da covid-19.