Especial educação

Geral

Volta às aulas: como as faculdades estão se preparando para o ano letivo de 2021?

A previsão é que o ensino híbrido continue nas faculdades do Espírito Santo

Thaiz Blunck

Redação Folha Vitória
Foto: TV Vitória

O ano de 2020 certamente ficará marcado na história e na vida de todos, principalmente daqueles que precisaram buscar alternativas e reinventaram-se para não permitir que a pandemia paralisasse planos e sonhos. Na educação, o esforço mútuo do corpo docente e discente na adaptação à nova realidade, foi crucial para dar continuidade ao ano letivo sem prejuízos na qualidade do ensino.

Nas faculdades particulares do Espírito Santo, o ensino híbrido, que combina o modelo aprendizagem tradicional, em sala de aula, com o online, ofereceu aos alunos uma nova experiência e possibilitou o cumprimento das grades curriculares em sua totalidade. Agora, com a volta às aulas batendo a porta e a expectativa em torno da vacinação contra a covid-19, como ficam as atividades do ensino superior?

A especialista em Educação, Sandra Raimundo, explica qual é o principal objetivo do ensino híbrido e destaca a autonomia e o protagonismo dos alunos que a modalidade ajuda a desenvolver. "Ele vai ser a nossa maior ferramenta de adaptação à esse retorno das aulas presenciais", destaca. 

Para o estudante Thiago Dornelas, de 22 anos, continuar com as aulas remotas neste momento é uma boa opção, visto que os alunos já estão familiarizados com ambiente virtual e suas funcionalidades. Ele cursa o 4º período de Administração na Faculdade Estácio de Sá e conta também como foi sua  adaptação ao modelo de ensino.

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
Thiago Dornelas, aluno da Estácio

“Para 2021, ainda estou receoso por conta da pandemia, mas confiante de que seguindo todos os protocolos de prevenção, gradualmente possamos voltar ao normal. Como estudante, preferia continuar tendo aulas remotamente, levando em conta, principalmente, a questão da nossa saúde e de nossos familiares. No início da pandemia, fiquei apreensivo, achei que ficaríamos sem aula, mas aí surgiu o ensino remoto e ao vivo. Gostei muito da modalidade, me adaptei melhor do que imaginava!”, conta. 

A boa adaptação citada por Thiago, foi possível graças à preocupação da instituição em entender as dificuldades dos alunos na migração do ensino presencial para o remoto, buscando soluções para os problemas encontrados no meio do caminho e dando espaço para que  eles pudessem avaliar o que foi aplicado. 

“Obtivemos  experiências no decorrer das aulas sobre outras formas de fazer coisas que, antigamente, eram feitas presencialmente. Por exemplo, os trabalhos em grupo, as apresentações, as palestras e as atuais lives. Uma das coisas que me chamou a atenção, foi de a Estácio entrar em contato com aluno para saber o que está achando das aulas, para obter um feedback sobre o sistema, modalidade, professores e também sobre o conteúdo ministrado”, destaca Thiago.
Foto: Divulgação | Estácio de Sá
 Anderson Paulo da Cruz, diretor da Estácio no Espírito Santo

As aulas na Estácio de Sá retornam no dia 22 de fevereiro. O diretor da instituição no Espírito Santo, Anderson Paulo da Cruz, conta que o período da pandemia também teve seu lado positivo: a faculdade fez grandes investimentos na infraestrutura para oferecer o melhor retorno aos alunos. 

"Investimos na reforma total dos nossos laboratórios de Anatomia, Núcleo de Práticas Jurídicas, Agência Experimental de Publicidade e Propaganda; além da reforma da biblioteca. Também investimos na implementação dos novos laboratórios de Práticas Dietéticas e Avaliação Nutricional que vão atender o novo curso de Nutrição. Temos trabalhado com os protocolos de saúde e atentos às orientações governamentais para retorno total às aulas presenciais", conta Anderson. 

Para o diretor, as soluções tecnológicas oferecidas pela instituição foram essenciais para que os alunos pudessem manter os estudos. Ele destaca que a instituição está preparada para receber os alunos.

"Em 2020 tivemos momentos presenciais nas aulas práticas e de estágio. As demais disciplinas dos alunos foram viabilizadas através de aulas remotas, com presença do professor. Dentro do cenário de crise covid-19, nossos alunos mantiveram seus estudos através das soluções de tecnologia que implementamos.  Nossos ambientes estão preparados para recepção dos alunos presencialmente de acordo com os protocolos publicados. Estamos atentos aos desdobramentos da politica de saúde governamental para podermos fazer essa afirmativa. Mas estamos preparados para o retorno aguardando esta definição", afirma. 

Concluindo o ano remotamente
Diante da pandemia, os alunos vivenciam uma nova realidade: os calouros, que ainda têm um longo percurso pela frente, já começam com desafios. Os veteranos, que aguardam com ansiedade a conclusão da graduação, chegam ao último período com as aulas acontecendo remotamente. 

E será exatamente assim com estudante Enzo Chieza Dummer, de 21 anos. Quando iniciou o curso de Economia, na Fucape Business School, ele não imaginava que chegaria ao final da graduação estudando em casa. Mas, apesar de não ser da forma que esperava, ele garante que está satisfeito. 

"Eu já me programei para concluir o ano agora de forma remota. Meu último período de matérias vai ser agora e estou muito satisfeito de concluí-lo de forma remota. Acredito que não tenha nenhum grande prejuízo. Algumas pessoas, naturalmente, vão demandar o presencial. Mas, ao menos do meu lado, acho que o remoto atende super bem”, conta. 

Foto: TV Vitória
Adaptações da Fucape para oferecer um ensino remoto de qualidade aos alunos

Com a decisão de suspensão das aulas presenciais, anunciada em março pelo governo estadual, a Fucape agiu rápido e conseguiu transferir as atividades para o sistema remoto em cerca de 48 horas, o que garantiu que os alunos não tivessem prejuízos no processo de aprendizagem. 

“A adaptação ao ensino remoto foi muito positiva. A faculdade, como um todo, ajudou bastante os alunos e forneceu as ferramentas necessárias para que pudéssemos fazer desse período o melhor possível. A Fucape, ao meu ver, foi a primeira do estado a se posicionar e oferecer as ferramentas, tanto para professores, quanto para alunos", pontua o estudante. 

As aulas na instituição já retornam na próxima semana, no dia 25 de janeiro. Neste primeiro momento, segundo o diretor-presidente da Fucape e doutor em Controladoria e Contabilidade, Valcemiro Nossa, o ensino híbrido vai continuar. Deste modo, fica à critério dos alunos frequentar ou não as atividades presenciais. 

Foto: Divulgação Fucape
 Valcemiro Nossa, diretor-presidente da Fucape

"Para 2021, a ideia é que a gente continue, neste início, com as aulas híbridas. Com isso, quem quiser vir, pode vir. Esperamos, o mais cedo possível, ter os nossos alunos de forma presencial. Estamos trabalhando com a ideia de voltar tudo o mais rápido possível, mas teremos de manter as salas híbridas para quem não se sentir seguro, pelo menos nesse primeiro semestre. Tivemos que preparar as salas com novos equipamentos para fazer isso acontecer da melhor forma. Houve redução de custo, mas ela foi 'engolida' com essa necessidade de investimentos", explica. 

Tudo que é novo provoca insegurança e um certo receio. E não foi diferente com os alunos da instituição, ao receberem a notícia de que as aulas passariam a ser remotas. O medo, no entanto, não durou muito, e agora a modalidade passou até a ser preferência dos estudantes. 

"No começo, como acontece em toda mudança, muitos têm medo. Quando começamos na telepresencial, ninguém queria. Os alunos queriam que suspendêssemos. Mas, logo a partir da segunda semana, a adesão foi 100%. Agora, quando demos a opção de retornar, aconteceu o inverso e eles não quiseram voltar. Muitos, talvez, nem estavam com medo da insegurança sanitária, mas já estão acostumados com o conforto de estar em casa. A gente acredita que muitos gostariam de continuar com a telepresencial, mas a nossa graduação é presencial e a ideia é que a gente continue com ela presencial", explica Valcemiro. 

OUÇA | Diretor da Fucape fala sobre as aulas durante a pandemia

AULAS NA UFES

Foto: Divulgação Ufes

Na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), as atividades de ensino da graduação e pós-graduação serão retomadas a partir de 1º de fevereiro, também de forma remota. Na data, inicia-se o segundo semestre letivo especial 2020/02, por meio do modelo Ensino-Aprendizagem Remoto Temporário e Emergencial (Earte). O modelo remoto também se aplica às atividades administrativas, exceto as previstas em lei, que são as atividades essenciais.

Segundo a Ufes, poderão ser realizadas atividades em formato híbrido ou presencial apenas em caso de disciplinas teórico-práticas e/ou práticas e os estágios curriculares obrigatórios dos cursos de Medicina, conforme dispõe a Portaria nº 1.030 do Ministério da Educação.

Os outros cursos da área da saúde devem privilegiar ofertas no formato remoto e, em caso de impossibilidade de adaptação das disciplinas práticas, teórico-práticas e estágios curriculares obrigatórios para o formato remoto, requerer da concedente a assinatura de termo de observação dos protocolos de biossegurança da Organização Mundial da Saúde e do Ministério da Saúde.