Com o verão finalmente se firmando no Espírito Santo, acompanhado de uma leve redução nas fortes chuvas que caíram quase sem pausa, a preocupação dos pais com afogamentos acaba se voltando para os momentos na praia.
Apesar disso, uma estatística chama a atenção: mais da metade dos casos envolvendo crianças de até 9 anos acontecem dentro de casa.
E os acidentes domésticos, segundo explicou o tenente Mendes, da diretoria de operações do Corpo de Bombeiros Militar, ocorrem tanto em piscinas, como em baldes e até em vasos sanitários, com crianças menores. O cuidado, nesses casos, precisa ser redobrado.
De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático, quatro crianças morrem diariamente no Brasil vítimas do afogamento. A cada três dias, uma criança morre afogada em casa.
• 52% das mortes na faixa de 1 a 9 anos de idade ocorrem em piscinas e residências;
• Crianças menores que 9 anos se afogam mais em piscinas e residências;
• 70 a 75% dos óbitos ocorrem em rios e represas e não nas praias.
Nas praias, rios e cachoeiras
Apesar de tudo, é claro, não vale minimizar os riscos nas praias, rios e cachoeiras, e deixar os pequenos correndo por lá sozinhos, hein? Afinal, o mais assustador, segundo o tenente, é justamente esta constatação de que o afogamento é a principal causa de óbito de crianças entre 1 e 9 anos no Brasil.
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A recomendação, para o especialista, é de que a criança fique, no máximo, a um braço de distância do adulto.
“O afogamento não é um acidente, mas um incidente, já que pode ser evitado. É preciso que haja prevenção. A criança precisa obrigatoriamente de supervisão direta dos pais, os responsáveis têm que estar presentes, mesmo que haja um revezamento entre membros da família. E por que um braço de distância? Porque com um braço, quando ela submergir, ou seja, o rosto entrar na água, fica mais fácil retirar e evitar o afogamento”, disse.
De acordo com ele, se uma criança de dois anos cai com o rosto no meio aquático, ela se afoga. Mas, estando perto, é só retirar o rosto, já que o afogamento é a aspiração da água, fazendo com que ela vá para o pulmão.
“E mesmo resgatada, tem gente que vai para o hospital e acaba morrendo por complicações, como uma pneumonia ou alguma infecção, já que a água poderia até estar contaminada”, acrescentou.
Cuidados ao prestar socorro
De acordo com o tenente, são necessários alguns cuidados na hora de prestar socorro a alguém que está se afogando.
“Já vi gente tentar recuperar um afogado e, por vezes, acabar morrendo também. Então é preciso nunca tentar fazer salvamento corpo a corpo, tentar pegar a pessoa. O ideal é colocar entre ambas um objeto flutuante, como uma prancha, uma garrafa pet vazia fechada ou mesmo uma caixa de isopor, cordas e galhos, mas nunca tentar puxar”, afirmou.
Atenção a todos os banhistas
À reportagem do Folha Vitória, o Tenente Mendes também ressaltou que, para quem não sabe nadar, vale a máxima: “água no umbigo é sinal de perigo”. Segundo ele, se a água passa da altura do umbigo, o banhista perde a estabilidade e, se cair em um buraco, fica sem ter onde se segurar.
Para prevenir intercorrências e incidentes de afogamento, a autoridade dos bombeiros recomenda que se evite consumir bebida alcoólica antes de se dirigir ao ambiente aquático. Outra dica é dar preferência às praias com guarda-vidas.
“Chegando lá, deve-se procurar o posto onde fica o guarda-vidas e se informar. Por exemplo, avise que está com crianças e pergunte se está seguro entrar no mar. Este servidor dirá se o mar está tranquilo ou não naquele dia. É imprescindível respeitar as orientações dele”, disse.
Mendes reiterou que afogamento não é um acidente, mas sim um “incidente”, já que é um evento previsível e passível de prevenção. “A prevenção é a melhor forma de evitar o afogamento. Prevenir é salvar! Mais de 90% das mortes ocorrem porque os riscos foram ignorados, ou não foram respeitados limites pessoais ou, ainda, porque não se sabia como agir”, finalizou.
Confira mais dicas:
1. Prefira praias que sejam protegidas pelo serviço de Guarda Vidas, consulte-o sobre as condições de segurança para o banho no local;
2. Se consumir bebidas alcoólicas não nade;
3. Não exceda suas capacidades físicas e habilidades de natação se afastando da margem ou tentando travessias;
4. Se não souber nadar lembre-se: “água no umbigo sinal de perigo!”
5. Crianças necessitam de supervisão direta de um adulto – a distância segura é de um braço de afastamento para que haja uma pronta resposta;
6. Evite boias infláveis, ela podem esvaziar ou furar, dê preferência a coletes flutuadores rígidos;
7. Use sempre coletes salva vidas se estiver embarcado, mesmo em pequenas embarcações como canoas ou caiaques;
8. Muita atenção em cascatas e cachoeiras, as rochas são altamente escorregadias facilitando quedas, eventuais traumas e também afogamentos;
9. Se precisar ajudar alguém que esteja se afogando, não faça contato corpo a corpo, lance objetos flutuantes como cordas, galhos, bolas, garrafa pet vazia e fechada, pranchas, etc. Além de tudo, ligue para o 193.