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Ministro fala "todes" durante discurso. Entenda o que é pronome neutro e se há regra

Em algumas cerimônias de posse dos novos ministros, foram utilizadas expressões neutras direcionadas para pessoas não-binárias; especialistas comentam a regra

Foto: Reprodução

Na posse de Haddad na Fazenda, cerimonialista saudou o público no início e no fim do evento com um agradecimento pela presença de ‘todos, todas e todes’

Durante as cerimônias de posse dos novos ministros, nesta semana, integrantes do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), usaram o termo “todes”, linguagem neutra utilizada para se referir a pessoas não-binárias. Um dos exemplos ocorreu na posse de Fernando Haddad, onde a cerimonialista saudou os presentes com “todos, todas e todes”. Veja:

O que é?

A linguagem neutra é uma variação da norma gramatical usada por grupos de pessoas agênero (que não se identificam com nenhum gênero) e não-binárias (que não se identificam só com o gênero masculino nem só com o feminino). Ela consiste no uso da letra “e” em substantivos, em vez de “a” ou “o”, e dos pronomes “elu”, “delu”, “ile” e “dile”.

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Para o professor e estudioso de Língua Portuguesa, J. Jerry Tononi, mesmo com a utilização da linguagem neutra durante eventos oficias, o ato é considerado “desnecessário”. 

“De acordo com a norma padrão da língua portuguesa, o artigo masculino cumpre papel de pronome neutro no plural”, destacou. 

Entretanto, o estudioso ressalta que, na língua, tudo é possível. “Apenas o tempo irá dizer do que será do futuro da língua”, explicou. 

Já professora de Consultora Educacional e Mestre em Estudos Linguísticos, Juliana Santos, afirma que gramaticalmente não existe a linguagem neutra, entretanto, do ponto de vista da linguística, ou seja, do estudo da linguagem, é existente.

“A regra é masculino e feminino, entretanto, hoje há uma discussão linguística, não a gramatical, em relação ao uso do pronome neutro. Usamos a gramática como norma de uso, ela nos dá a liberdade de utilizar mudança linguística de maneira a inclusão das pessoas”, destacou a estudiosa

Além disso, a profissional explica que a língua é dinâmica, sendo assim, em um futuro, pode ser que ocorra a inclusão do pronome neutro na gramática, mas é um processo lento, com uma certa morosidade.

“A língua é viva”, diz professor de Linguagem

O professor de Linguagem e Redação, Lúcio Manga, explica que não há uma regra específica para o uso da linguagem neutra, isso porque, é um pronome utilizado para a identificação de gênero nas relações contemporâneas.

“A língua é viva, por isso a questão linguística é tão ampla e diversa, ela vai absorver, em seu entorno e construção com o passar anos, os temas e questões que envolvem a lura pela identidade e pelos direitos iguais”, explicou. 

Para o especialista, não é impossível que a linguagem neutra posse a integrar oficialmente o idioma no futuro, mas destaca que tudo dependerá de haver adesão pública. “O que consagra a regra é o uso, não sabemos qual será o futuro, depende do tempo”, finaliza. 

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Repórter do Folha Vitória, Maria Clara de Mello Leitão
Maria Clara Leitão Produtora Web
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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário Faesa e, desde 2022, atua no jornal online Folha Vitória