Geral

Moradores denunciam abandono e maus-tratos a animais em casa de Vitória

Por medo, eles preferiram não se identificar, mas contaram que não é a primeira vez que veem os animais em condições precárias, em residência no bairro Santa Cecília

Matheus Moraes

Redação Folha Vitória

Moradores de Santa Cecília, em Vitória, estão denunciando um caso de maus-tratos contra animais em uma residência do bairro. Segundo relatos, um morador tem deixado inúmeros cachorros abandonados dentro de casa e, diante dessa situação, os pets já foram vistos brigando entre si, cometendo canibalismo e até comendo fezes pela falta de alimentação.

"A gente fica sem saber o que fazer. Já tentamos de tudo várias vezes. Temos que dormir com o ar-condicionado ligado para não sentir o cheiro ou ouvir o sofrimento dos animais".

Esse é o relato de uma moradora que, por medo, preferiu não se identificar, mas contou à reportagem do Folha Vitória que esse é apenas um dos problemas presentes em uma casa no bairro Santa Cecília, em Vitória.

>> Quer receber nossas notícias 100% gratuitas? Participe da nossa comunidade no WhatsApp ou entre no nosso canal do Telegram!

Segundo essa moradora, o caso é antigo, mas ficou ainda pior no último domingo (29), quando os animais foram vistos brigando e comendo a carne uns dos outros.

"Começou há mais de cinco anos. Ele morava no local e os cachorros viviam latindo e brigando, mas até então não podíamos afirmar que teve maus-tratos. Há cerca de um ano, ele não mora mais aqui e os cachorros começaram a cruzar e ter filhotes. São uns 20 e poucos cachorros", contou a moradora.
Foto: Reprodução

No início deste ano, segundo o relato, outros moradores perceberam uma ausência do proprietário da casa em que os animais vivem. O tempo entre uma visita e outra aumentou e a situação dos animais piorou.

LEIA TAMBÉM: ES registra aumento nos casos de maus-tratos contra animais

Diante da situação, moradores decidiram denunciar o caso para a Gerência de Bem-Estar Animal de Vitória. Em um vídeo é possível ver que a denúncia dos relatos foi enviada, por mensagem, para a gerência, mas não houve resposta.

Após não obter retorno do órgão citado acima, a moradora decidiu entrar em contato com a Polícia Militar para relatar o caso e saber o que poderia ser feito.

"No sábado [21 de janeiro], liguei para a Polícia Militar que me orientou a ligar para o 156. Eu liguei e na segunda-feira [23 de janeiro] a Gerência de Bem-Estar Animal veio até a casa", contou.

A moradora ainda relata que a equipe da gerência confirmou a situação precária em que a casa e os animais se encontravam

"Eles viram que os animais estavam há dois ou três dias sem se alimentar. A casa estava sem condições de que os animais ficassem lá e fizeram um laudo. Mais tarde, o dono apareceu, ele tirou dois animais de dentro da casa, que estavam bem magros."

"Depois que a prefeitura veio, ele passou a voltar na casa diariamente, mas os animais continuam na mesma situação. Ele veio e simplesmente limpou o quintal", relatou a moradora.

Denúncia de canibalismo

Mesmo com as visitas e as limpezas na residência, a situação dos animais não mudou e no último domingo (29), os animais foram vistos brigando e cometendo canibalismo.

LEIA TAMBÉM:

>> Morre cachorrinha resgatada após ser enterrada viva na Serra

>> Cadela e 7 filhotes são abandonados em praça na Mata da Praia

"Quando as equipes chegam, ele limpa tudo"

Em entrevista à reportagem, outra moradora, que, novamente por medo, não quis se identificar, contou que já notou a presença do proprietário da casa somente quando as equipes de fiscalização aparecem no local.

"Sempre fica muito sujo. Quando as equipes responsáveis chegam, ele limpa tudo. Não tem controle de nascimento de filhotes, não tem animal castrado e os filhotes, que conseguem sobreviver a essa situação, às vezes fogem por debaixo do portão e ficam nas ruas", disse.

Preocupada com a situação, a moradora conta que já chegou a dar comida aos animais. Antes da presença dos órgãos de fiscalização, ela cozinhava angu e deixava no portão para que os cachorros se alimentassem.

"Ele não pode ser chamado de cuidador porque é uma pessoa muito ausente. Tem cachorro chorando de fome dia e noite. A gente convive com essa situação e a gente fica triste de ver. Está fora do controle. Será que não estão vendo isso?", questionou a moradora.

O que diz a Prefeitura de Vitória

Em nota, a Prefeitura de Vitória informou que Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semmam) realizou uma vistoria no local última segunda-feira (23), como relatado pela moradora, e que na ocasião, o médico veterinário "emitiu um termo de correção para o tutor realizar as devidas adequações no espaço e apresentar carteira sanitária dos animais e laudo do estado de saúde de cada animal."

Ainda segundo a prefeitura, durante a vistoria, o "tutor não permitiu a entrada da equipe na residência e os animais foram examinados na rua". De acordo com a prefeitura, somente dois animais foram constatados com "score baixo" e o "prazo do termo assinado pelo tutor ainda está vigente e nova vistoria será realizada."

Confira a nota na íntegra:

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semmam) informa que realizou uma vistoria no local no dia 23 de janeiro, na qual o médico veterinário emitiu um termo de correção para o tutor realizar as devidas adequações no espaço e apresentar carteira sanitária dos animais e laudo do estado de saúde de cada animal. No momento da vistoria, o tutor não permitiu a entrada da equipe na residência e os animais foram examinados na rua, sendo possível constatar apenas dois com score baixo. O prazo do termo assinado pelo tutor ainda está vigente e nova vistoria será realizada.

Caso ganhou notoriedade após denúncia de vereadora

A queixa por parte dos moradores de Santa Cecília é antiga, mas ganhou notoriedade após a vereadora da Serra, Raphaela Moraes, que também é advogada e defensora da causa animal, divulgar o caso em suas redes sociais. 

Na postagem, ela relata que há uma semana tem recebido relatos de moradores de Vitória sobre o caso em questão. No vídeo, ela pede urgência aos órgãos da capital para que o caso seja resolvido.