Relacionamento tóxico: entenda o que é e saiba como evitar
Assunto teve grande repercussão nas redes sociais neste fim de semana e acendeu um alerta sobre relacionamentos abusivos
As repercussões sobre relacionamentos tóxicos e abusivos ganharam a atenção dos internautas nos últimos dias após acontecimentos envolvendo a relação entre Bruna Griphao e Gabriel Tavares no Big Brother Brasil 23.
No programa deste domingo (22), o apresentador do reality show, Tadeu Schmidt, fez um alerta ao vivo sobre os abusos da relação entre os dois competidores.
"Quem está envolvido em um relacionamento, talvez, nem perceba ou ache que é normal. Mas quem está de fora consegue enxergar quando os limites estão prestes a serem gravemente ultrapassados", disse o apresentador no que chamou de "toque".
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Durante sua fala, Tadeu também citou falas de participantes do programa sobre a relação de Bruna e Gabriel e relembrou um diálogo em que o rapaz insinuou poderia agredir Bruna.
"'Eu sou o homem da relação', disse Bruna. Gabriel falando: 'Mas já já você vai tomar umas cotoveladas na boca'. Gabriel, em uma relação afetiva, certas coisas não podem ser ditas nem de brincadeira", advertiu o apresentador.
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Antes mesmo da polêmica ser mencionada pelo apresentador, o pai de Bruna já havia feito diversas postagens nas redes sociais sobre o assunto.
Após a fala de Tadeu Schmidt, Gabriel tentou convencer Bruna a defendê-lo. Essa, inclusive, é uma das características de um relacionamento abusivo.
Um levantamento realizado pelo Projeto Justiceiras apontou que o apelo psicológico é uma das principais formas de violência utilizada pelo parceiro para se manter no controle.
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O estudo considerou atendimentos prestados entre março de 2020 e setembro de 2022. Cerca de 82% das mulheres que buscaram ajuda alegaram que se sentiram controladas em algum momento da relação.
O que é um relacionamento tóxico?
O relacionamento tóxico acontece quando uma das partes da relação busca o controle da outra, como explica a psicóloga da Unimed Sul Capixaba, Flávia Moreira Oliveira.
"É o exercício da dominação e manipulação do outro, com cerceamento da manifestação de vontade, da individualidade e liberdade. Há sempre uma parte que se considera superior e melhor em detrimento do outro, que vive subjugado, desestimulado, e rebaixado", disse.
É importante destacar que o relacionamento abusivo pode ocorrer independente de ser uma relação hétero ou homossexual.
De acordo com a psicóloga, o relacionamento tóxico ou abusivo conta com controles e manipulações "invisíveis" que passam pelo abuso psicológico, financeiro ou moral. Ela lembra que esse tipo de relação também pode acabar em ações mais graves, como ações físicas abusivas que resultam em violência física e sexual.
Flávia ainda detalha alguns pontos que as pessoas precisam ficar atentas, como ciúmes excessivo, controle da liberdade e de quem você convive. Veja no vídeo a seguir.
Escutar o que amigos e familiares dizem pode ser um ponto positivo
Como lembrou Tadeu Schmidt durante sua fala no programa deste domingo, muitas vezes quem está de fora do relacionamento percebe certas situações e pode ficar incomodado com alguns acontecimentos que quem está dentro da relação não percebe ou acha que é normal.
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Por isso, segundo a psicóloga, ficar atento ao que os amigos próximos e familiares têm a dizer a respeito do companheiro ou companheira e dos laços criados com o parceiro ou parceira podem te ajudar a se livrar de uma cilada.
"É comum a pessoa que sofre o abuso ter dificuldade em percebê-lo rapidamente. Para quem está de fora, uma boa postura é manter-se presente e aberto a ouvir, sem criticar, criando sempre um clima de segurança e confiança para que a pessoa possa falar sobre suas vivências", disse.
De acordo com a psicóloga, quem está de fora pode ajudar fazendo algumas perguntas. Por exemplo: "quais sentimentos você tem quando ele(a) faz isso com você?" "Você tem se sentido você mesmo(a) ao lado dele(a)?" "Você se sente respeitada(o) nas suas necessidades?"
"Acolher as respostas e falar sobre temas como respeito mútuo, autoestima, reconhecimento de si e do outro pode ajudar a pessoa a perceber o que está acontecendo e abre caminho para falar diretamente sobre tema com a pessoa", explicou.
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A advogada especialista em direito das famílias e sucessões e presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família no Espírito Santo (IBDFAM-ES), Flavia Brandão, um pilar importante é estar sempre por perto para amparar a vítima do da relação abusiva quando necessário.
"Os sentimentos das vítimas são sempre embaçados pela difícil situação e pela dependência emocional. Observando que a situação piora, pode ser feito uma denúncia anônima pelo número 181, em prol da pessoa vítima do relacionamento abusivo", ressaltou.
Relacionamento abusivo pode acabar em crimes mais graves
A advogada lembra que um relacionamento tóxico pode causar violências mais graves e deixar feridas profundas nas pessoas que fazem parte da relação.
"As violências psicológica e moral são as primeiras que conseguem ser vistas no relacionamento abusivo. Desqualificação da pessoa, voz agressiva de comando, ciúme excessivo e xingamentos são alguns exemplos corriqueiros. Violência patrimonial também é muito comum, que são aquelas condutas que impactam diretamente os bens ou o controle sobre os bens da pessoa. Por fim, temos a violência física e a sexual", detalhou.
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Algumas dessas violências, inclusive, são consideradas crimes e podem ser punidas judicialmente. É o caso das violências físicas e sexual, como explica a advogada.
Consequências atingem principalmente a saúde mental
De acordo com a psicóloga, se envolver em um relacionamento que traz dores a uma das partes pode trazer sérias consequências em um futuro breve para a saúde mental.
"A pessoa que sofre o abuso tem prejuízos em sua autoestima, tende a sentir-se insegura e sem valor, costuma desenvolver forte dependência emocional e pode apresentar depressão", lembrou Flávia.
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Por isso, segundo a especialista, ao identificar que está em um relacionamento abusivo, a melhor decisão é por um fim na relação o quanto antes.
"Se você acredita estar em um relacionamento abusivo, a melhor ação é sair dele, pois não podemos mudar o outro, mas podemos escolher nossa própria trajetória. Converse com amigos que você confia para ter uma rede de apoio valiosa nesse momento. Muitas vezes, um profissional da psicologia se faz pertinente para auxiliar nessa vivência. Caso tenha receio de sofrer alguma violência nesse processo, não hesite em entrar em contato com órgãos de proteção", orientou.