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Rua e Viaduto Caramuru: marco histórico de Vitória já foi cenário de rivalidade e batalhas

Prestes a completar o seu centenário, a estrutura que liga as Ruas Dom Fernando e Francisco Araújo foi erguida sobre um local onde os nativos expulsaram holandeses

Gabriel Barros

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação/PMV

Um dos marcos históricos do Espírito Santo será restaurado em breve. A ordem de serviço para o início das obras no Viaduto Caramuru foi assinada há dez dias pelo prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini.

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A construção imponente na Cidade Alta é carregada de história. Prestes a completar o seu centenário, a estrutura que liga as Ruas Dom Fernando e Francisco Araújo foi erguida em sobre um local que já foi cenário até de guerras.

Em 1640, holandeses tentaram invadir a ilha, que hoje é a Capital do Espírito Santo. As pessoas que viviam no local entraram em guerra na região que, atualmente, leva o nome de Rua Caramuru — antiga Rua do Fogo. Os nativos conseguiram vencer a guerra.

Mas, de onde vem o nome "Caramuru"?

Antes da construção do viaduto, havia apenas uma ladeira na região, que levava ao Cais São Francisco. O local era utilizado pelos freis do Convento de São Francisco.

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Naquela época, havia certa rivalidade entre os membros de duas irmandades de São Benedito. Os membros que frequentavam o Convento, na Cidade Alta, eram conhecidos como "Caramurus". Já os que frequentavam a Igreja do Rosário, que ficava na parte baixa da cidade, eram conhecidos como "Peroás".

Rua e viaduto conhecidos hoje não são originais

Tanto o cenário visto na Rua Caramuru, quanto o viaduto que podemos ver hoje na região não são exatamente iguais às construções originais. Isso porque, como lembra o historiador Roberto Abreu, em 1930, o viaduto passou por uma obra de ampliação. Para isso, algumas casas que haviam na rua precisaram ser demolidas. Durante a obra, a rua também foi alargada.

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Trilho para bonde do Viaduto Caramuru nunca foi usado

Quando foi construído, o Viaduto Caramuru recebeu um trilho para que o bonde que circulava pela Cidade Alta pudesse passar pelo local. No entanto, dois fatores fizeram com que o veículo tradicional do século passado nunca passasse pelo viaduto. 

Um deles é a curva existente no local, o que dificultaria a passagem do bonde. O outro motivo está ligado a própria estrutura do viaduto, que poderia não suportar o peso do bonde. 

Restauração mantém viva história e cultura da região

A assinatura da ordem de serviço para início das obras de restauração foi assinada no último dia 12. O investimento de R$ 841 mil será aplicado no tratamento da estrutura e na recomposição da iluminação do local. O prazo para a conclusão das obras é de 180 dias.

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As intervenções a serem realizadas no entorno do Viaduto Caramuru, segundo a Prefeitura de Vitória, buscam recuperar a importância histórica da estrutura e valorizar a ambiência da paisagem, garantindo a permanência na memória coletiva.

"Essa obra representa a força da sociedade capixaba e vitoriense. Tenho certeza que a restauração do Viaduto do Caramuru vai permitir que o local volte a ser um marco na história e na arte capixaba", destacou o prefeito da Capital, Lorenzo Pazollini.

Durante a obra de restauro, será realizada a manutenção e recuperação dos tabuleiros, adornos, postes, muros de arrimo e do pavimento de concreto do viaduto. Os trilhos remanescentes serão mantidos e recuperados, além de receber tratamento anticorrosivo.

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Ainda de acordo com a prefeitura, também será realizada a reconstrução do pavimento da calçada, a recuperação dos postes metálicos, a instalação de iluminação cênica e a retirada da camada asfáltica e recuperação do paralelepípedo original das Ruas Caramuru, São Francisco e Francisco Araújo.

Os percursos serão humanizados por meio da inclusão de áreas arborizadas e de mobiliário urbano que promova a permanência e o usufruto do espaço urbano como local de convivência. Este, inclusive, é um dos pontos destacados pelo historiador ouvido pelo Folha Vitória

"Acho que tinham que arborizar bem as cabeceiras embaixo do viaduto. Também poderiam ser instalados banheiros públicos com chuveiro para banho de moradores em situação de rua, caso contrário, o mau cheiro tende a continuar no local", pontua o historiador Roberto Abreu.
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