Ano letivo 2021: um panorama da primeira semana de aulas nas instituições do ES
Especialistas reforçam a importância do acompanhamento dos pais nas atividades escolares e dão dicas de como ajudar as crianças nesta adaptação
A primeira semana de fevereiro foi marcada pelo retorno das aulas nas escolas do Espírito Santo. A retomada nas instituições de ensino privadas aconteceu em formato híbrido, e embora a maioria tenha se adaptado a ele, o tradicional modelo de ensino, dentro da sala de aula, não perdeu o seu lugar e continua sendo a melhor opção para muitos pais e alunos.
Esse é o caso da Letícia Ruschi, mãe do Gustavo, de 14 anos, e da Carolina, de 8 anos, que estudam na Escola Monteiro, em Vitória. Ela conta que o filho, hoje estudante do 9º ano do ensino fundamental, se adaptou bem ao online. Mas para a filha, que ainda está no 3º ano, foi um pouco mais difícil.
“Agora em 2021 os dois voltaram para o presencial. A escola é o lugar mais seguro que as crianças possam estar, o protocolo é muito rigoroso e isso dá uma certa segurança pra gente. No início da pandemia, eles estavam no remoto. Depois, quando reabriram as escolas, o Gustavo ficou no remoto e a Carolina foi para o presencial. Foi muito importante porque ela não se adaptou muito bem ao online”, conta.
Na turma da Carolina, a procura pelo presencial neste ano é grande, tanto que foi necessário dividir a classe e fazer um revezamento para atender todos os alunos com segurança, seguindo os protocolos sanitários, como distanciamento, troca de máscara, medição de temperatura e higienização das mãos.
“No terceiro ano, eles passaram a dividir as turmas em quatro grupos e cada um vai ficar, todo mês, pelo menos uma semana em casa. Já no 9º ano não houve necessidade de dividir a turma e o Gustavo continua 100% presencial. A escola está seguindo todos os protocolos e quando chega em casa também tem todo um cuidado, como lavar as mãos, tirar a máscara, higienizar os materiais, tirar a roupa e ir para o banho. Eles seguem bem à risca”, ressaltou Letícia.
Na Escola Monteiro, as turmas com maior índice de retorno presencial são, justamente, as do Fundamental I, como a da Carolina. O diretor da instituição, Eduardo Costa Gomes, explica que há uma segurança aparente por parte dos pais, além da necessidade em mandar os filhos para a escola, visto que muitos voltaram a trabalhar fora.
"Agora temos muita mais gente no presencial. Em algumas turmas, temos mais de 90% no presencial. Outras com 100%, que ninguém optou pelo remoto, então estamos atendendo algumas por rodízio. No ensino médio, temos um pouco mais no remoto porque os alunos já têm certa autonomia, então é mais fácil essa adaptação", afirma.
Mudança de instituição
Um outro desafio da volta às aulas em meio à pandemia é a mudança da instituição de ensino e do grau de escolaridade. A Elizangela Aparecida Marques Leite, mãe da Isadora Possati, de 6 anos, vivencia as duas coisas ao mesmo tempo.
“A expectativa para o retorno foi grande, pois ela é aluna que veio de creche integral, não tem o costume de ficar em casa. Diante de tantas mudanças e adaptações, tivemos a mudança de instituição de ensino em 2021. Optamos pelo Cevip por ser escola em período integral e termos várias referências positivas. Antes do início, tivemos reunião online com os diretores, coordenadores e professores para apresentação das medidas de segurança da escola e orientação para os pais”, conta.
Isadora saiu da creche em período integral e inicia agora uma nova etapa da vida escolar no Centro Educacional Vicente Pelicione (Cevip), o primeiro ano do ensino fundamental. A mãe reconhece a importância de alfabetizá-la na escola.
“Essa é a fase onde o convívio com os colegas e experiências são parte ativa do processo de aprendizagem. Fase em que aprenderá o que será base para toda a sua vida acadêmica e sentimos muito o peso de alfabetiza-la em casa no ano anterior. Acreditamos que o ambiente escolar é mais propício para o desenvolvimento dela. Tentamos voltar às rotinas normais em 2021, com a confiança em Deus, colocando-o a frente de tudo e optando por uma escola segura, e comprometida com a segurança dos alunos e da equipe de trabalho.”, afirma.
O ano letivo no Cevip teve início no dia 1º de fevereiro, mas os preparativos começaram bem antes. Os diretores, Aloir Pelliccioni e Cida Pelliccioni, destacam que além da reorganização do espaço físico, a instituição realizou também uma reunião remota para apresentar os protocolos de biossegurança às famílias.
“Para dar condições de recebermos todos os alunos que tinham interesse em participar das aulas de forma presencial todos os dias, reorganizamos todos os espaços da escola e até diminuímos o número de vagas, pois uma alta porcentagem de famílias optaram pelo ensino presencial. Observamos que todos os estudantes e profissionais expressaram imensa alegria em retornar às atividades presenciais e as famílias se sentiram seguras em enviá-los à escola. Desta forma, o retorno foi muito tranquilo, uma vez que todos já tinham conhecimento das normas e procedimentos de segurança.”
Reforço Escolar
Para minimizar os impactos provocados pela pandemia em 2020 e ajudar a sanar dúvidas e dificuldades dos alunos, a volta às aulas na Escola Americana de Vitória ocorreu um pouco antes. Primeiro, os estudantes tiveram duas semanas pra reforçar os conteúdos do ano anterior para, depois, iniciar o ano letivo.
O Lucas, de cinco anos, filho da Ana Broseghini, estudou remotamente praticamente todo o ano de 2020. Ele está no 1º ano do ensino fundamental na Escola Americana de Vitória e passou por essa etapa do reforço escolar.
"As aulas voltaram na segunda, mas como ele já era aluno, antes disso tiveram duas semanas de reforço do ano anterior. No ano passado, ele foi de março até novembro no online. A escola retornou em outubro, mas achamos melhor mantê-lo em casa e em novembro ele voltou presencialmente. Dividiram a turma do Lucas em dois grupos, mas mantendo as aulas todos os dias”, conta.
O retorno na Escola Americana de Vitória foi 100% presencial. Nos primeiros dias, além de revisar as atividades, a instituição preocupou-se também em estabelecer regras de convívio.
"Passamos os primeiros dias trabalhando, com os protocolos de retorno, compartilhando com os alunos. Criando as regras de convivência social, que tem que manter o distanciamento, a importância de usar a máscara, não tirar a máscara. Como a gente senta com os amiguinhos, que tem que sentar em carteiras separadas. As primeiras ações foram voltas a estabelecer as regras de convívio, tem toda uma rotina que estamos trabalhando com as crianças para estabelecer”, explicou a diretora pedagógica, Andrea Buffara.
Apoio dos pais
Neste período de volta às aulas, o suporte dos pais e responsáveis é fundamental para os alunos. Segundo a orientadora Educacional, Tatiani Svacina, criar uma rotina que favoreça uma organização para atender as exigências da escola, é uma das opções para ajudar os alunos.
"Para estimular o aprendizado e manter as crianças interessadas nas aulas, sejam elas remotas ou presenciais é importante que as crianças se preparem para este momento. A organização do espaço de estudo colabora para autorregulação e consequentemente para proporcionar mais atenção e disponibilidade para as propostas das aulas que serão ofertadas", afirma.
A pedagoga e especialista em transtornos infantis, Claudia Laet, reforça a importância do acompanhamento dos pais nas atividades escolares e dá orientações de como as famílias podem ajudar as crianças neste momento de volta as aulas.
"Nós podemos começar conversando com as crianças e, juntos, montar um horário de dormir, por exemplo. Começar a dormir mais cedo, tomar café da manhã juntos, preparar a roupa que vai usar no dia seguinte. Quando a criança participa das decisões, ela está mais propícia a realizar as tarefas", afirma a especialista.
Confira as orientações da especialista!
Rede Estadual
As atividades nas escolas da Rede Estadual de Ensino foram retomadas na quinta-feira (04). Seguindo todos os protocolos de segurança e prevenção à covid-19, com distanciamento e uso de máscara por todos os alunos e profissionais, as aulas seguem nos modelos híbrido ou remoto, respeitando também o Mapa de Risco.
O secretário de Estado da Educação, Vitor de Ângelo, afirmou que o ambiente escolar está organizado para receber os alunos e os profissionais com muita segurança.
"Nossas escolas estão preparadas, nós cuidamos do planejamento escolar, transferimos recursos para cada uma delas para comprar os insumos e as máscaras, além de organizar o ambiente escolar para que a gente pudesse, devidamente e com segurança, receber profissionais e alunos. Desejo um excelente ano letivo para todos”, disse o secretário durante visita de boas-vindas nas Escolas Estaduais Agenor Roris e Francelina Setubal, em Vila Velha.
Para receber os alunos de uma forma especial, algumas instituições usaram a criatividade. Na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) David Roldi, localizada em São Roque do Canaã, os alunos aprenderam os protocolos de higiene e segurança contra a covid-19 com peças teatrais, que contaram com apoio do professor de Educação Física Gabriel Carlini e da professora de Arte Rafaela Torezani.
Em Colatina, na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Rubens Rangel, também foi feito um acolhimento aos alunos que, a partir deste ano, passam a contar com Ensino Médio Integrado em Tempo Integral, com habilitação em Administração e Segurança do Trabalho.
A rede estadual conta, atualmente, com 240 mil alunos. Pela estratégia obedecendo às regras sanitárias, o retorno ocorre em revezamento semanal com as turmas divididas em duas. Enquanto uma metade fica em casa acompanhando as aulas via internet, a outra está presencialmente nas escolas.