Após quase um ano isolados, idosos começam a sair de casa para receber a vacina
Atualmente, pessoas com 90 anos ou mais estão no grupo prioritário para receber os imunizantes no Espírito Santo
Depois de quase um ano praticamente fechados dentro de casa, para se proteger da pandemia do novo coronavírus, muitos idosos estão começando a sair de seus lares. Mas isso não significa que eles estejam quebrando o isolamento social. A saída de casa é por um bom motivo: tomar a vacina contra a covid-19.
Atualmente, idosos com 90 anos ou mais estão no grupo prioritário para receber os imunizantes no Espírito Santo. É o caso da pensionista Conceição da Silva Rosa, de 90 anos. Durante quase um ano, nem salão de beleza ela frequentou.
Viúva e com sete filhos, 16 netos e 17 bisnetos, dona Conceição evitou contato físico até mesmo com a família. No entanto, esta terça-feira (9) foi um dia diferente: ela se arrumou, fechou a casa e partiu feliz para o compromisso: tomar a primeira dose da vacina contra o novo coronavírus.
"Foi maravilhoso, só de pensar em sair. É uma pena que está chovendo. Eu não gosto de chuva. Mas foi maravilhoso, graças a Deus. Todo mundo está falando que custou a chegar [a vacina]. Eu acho que chegou rápido", afirmou.
O aposentado Michel Elias Maneri também se ajeitou todo para o grande momento. Com 97 anos, ele chegou cheio de estilo à paróquia onde é realizada a vacinação, na Praia de Itaparica, em Vila Velha, e escolheu o braço esquerdo para a primeira dose. "Significa proteção para a minha saúde contra o coronavírus. Isso que eu espero, que, com esta vacina, eu fique imunizado", disse.
Dona perpétua, de 92 anos, foi ao local acompanhada da filha, Nara Florindo, que estava radiante ao ver a mãe mais protegida. "A gente nunca tem tempo de parar. Sempre pensa 'hoje eu não posso, amanhã não dá, depois de amanhã não dá'. E 2020 foi o ano que a gente parou. Querendo ou não, a gente parou, a gente pensou, a gente rezou, a gente se voltou mais para Deus, nos voltamos mais para nossa família, para as pessoas que convivem com a gente, para os nossos vizinhos. E eu acho que isso foi muito importante", frisou.
"Eu passei muito medo com ela, ela mora comigo. Mas graças a Deus a gente está aqui, sem ter pego covid e tranquilos, graças a Deus. Então essa vacina é uma luz no fim do túnel, com certeza", completou.
Para quem está perto dos 100, o que é esperar um ano pela vacina? Se comparado à própria idade, até parece pouco. Mas quando esse mesmo ano significa ficar em isolamento, longe dos filhos, netos e bisnetos, vira uma eternidade.
Foi o caso da aposentada Maria Carmélia da Rocha, de 96 anos. A filha, a também aposentada Sônia Maria Gomes Pereira, 76 anos, relata como foi difícil o período de distanciamento. "Tivemos que abdicar de muitas coisas. E, com a vacina, já é uma esperança que está surgindo para nós", destacou.
A dose de esperança dona Maria Carmélia tomou nesta terça-feira. Antes de sair de casa, arrumou o cabelo e fez a unha para, finalmente, se vacinar. "Imediatamente. Queria logo. Se tivesse chegado há mais tempo, eu já tinha feito", afirmou.
Quem também não vê a hora de chegar sua vez de tomar a vacina é o genro da dona Maria Carmélia, o aposentado Aílton Gomes Pereira, de 81 anos. "Eu estou tranquilo em tomar a vacina, porque ainda quero ver se eu faço 86, 90... até 100".
A médica infectologista Rúbia Miossi, no entanto, alerta que, mesmo com a vacina, ainda é preciso manter os cuidados. "Não é porque vacinou com a primeira dose que o idoso já está protegido e não vai pegar covid mais. Está errada essa interpretação. É apenas a primeira dose, e a gente só leva em consideração que a vacina está funcionando cerca de 30 dias depois da segunda dose", alertou.
Dona Maria Carmélia entende que vai ter de segurar a vontade de sair abraçando netos e bisnetos, mas confia que, após a vacina, o momento está um pouquinho mais perto.
"Às vezes a pessoa fica com um certo medo, porque é uma vacina, não sabe como foi feita, quem fez, quem deixou de fazer. Mas a gente sabe que quem está trabalhando neste ramo de saúde sabe o que está fazendo. Os nossos cientistas sabem muito bem, aprenderam para isso. E, por isso, nós devemos confiar. Primeiro no autor dos autores, que é o maior cientista que existe. E, depois, os cientistas terrenos", ressaltou.
Com informações da jornalista Andressa Missio, da TV Vitória/Record TV