Após mulher morrer, Anvisa alerta sobre proibição de 'chá de ervas emagrecedor'
Há duas resoluções do órgão que proíbem a comercialização, a distribuição, a fabricação, a propaganda e o uso do produto
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alertou que produtos com a marca "50 Ervas Emagrecedor" estão proibidos no Brasil desde 2020, por não estarem regularizados como medicamentos.
O comércio de mercadoria com propriedades terapêuticas não autorizadas é atividade "clandestina". O alerta se dá após a morte de uma mulher que tomou o "chá emagrecedor".
A agência destacou que o "50 Ervas Emagrecedor" não pode ser classificado como alimento ou suplemento alimentar, pois "contém ingredientes que não são autorizados para o uso em alimentos".
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"Entre esses componentes estão o chapéu-de-couro, cavalinha, douradinha, salsaparrilha, carobinha, sene, dente-de-leão, pau-ferro e centelha asiática", disse, em nota. Espécies vegetais que têm autorização para uso somente em medicamentos, como fitoterápicos.
Há duas resoluções do órgão que proíbem a comercialização, a distribuição, a fabricação, a propaganda e o uso do produto, além de determinarem sua apreensão e inutilização. A primeira relativa à produção pela empresa Pró-Ervas data de 2020. Já a segunda é de 2021, referente à mercadoria da Natuviva.
Conforme informou a Anvisa, as proibições se deram após comprovada divulgação e comercialização dos produtos sem registro, notificação ou cadastro, fabricados por empresa que não possui autorização de funcionamento para fabricação de medicamentos.
O órgão ainda lembrou que qualquer produto com propriedades terapêuticas só pode ser comercializado no Brasil em farmácias ou drogarias, por serem considerados medicamentos. "Desconfie de produtos com promessas milagrosas, que prometem emagrecimento fácil ou qualquer outro tipo de ação de tratamento, cura ou prevenção de doenças. Todo produto com ação terapêutica precisa estar regularizado na Anvisa como medicamento", finalizou.
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Mulher morre após rejeição de transplante de fígado
A enfermeira Edmara Silva de Abreu, de 42 anos, morreu na quinta-feira, 3, após rejeição de transplante de fígado, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), conforme informou o portal de notícias UOL. Na semana anterior, a paciente havia sido diagnosticada com hepatite fulminante após consumo de cápsulas de "chá emagrecedor".
Médica assistente no departamento de gastroenterologia na Divisão de Transplantes de Órgãos do Aparelho Digestivo do HC, Liliana Ducatti acompanhou o caso e aproveitou para fazer um alerta no Instagram. A profissional destacou que quadros de hepatite fulminante ocorrem em pessoas previamente saudáveis e são "dramáticos". "Desenvolve uma falência aguda do fígado que precisa transplantar urgente, porque, se não transplantar, evolui a óbito em questão de 24h, 48h, 72h."
"Na grande maioria das vezes (a causa) é medicamentosa", explicou. Há uma série de medicamentos que podem levar ao quadro, como a isotretinoína, do Roacutan. No entanto, ela destaca que o uso deles é feito com acompanhamento médico para que isso não ocorra.
No caso de Edmara, Liliana revelou que não foi identificado uso de algum desses medicamentos conhecidos. Posteriormente, a família levou à equipe médica um pote de cápsulas de "chá emagrecedor" que a paciente estava usando. "Quando olhamos o rótulo dessa 'medicação' pudemos identificar várias ervas que são conhecidas por serem hepatotóxicas", afirmou. "Dentre elas, a mais comum, o chá verde."
Por isso, no vídeo, a médica desaconselha o uso de produtos que prometam "detox" ou "desinchar", por exemplo. "Muitas vezes a pessoa não consegue nem chegar a um transplante de fígado", alertou.