A Rússia iniciou, durante a madrugada desta quinta-feira (24), a invasão na Ucrânia. Diversos ataques foram realizados durante o dia. Segundo o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, o conflito já deixou 137 mortos, entre civis e militares, e 316 feridos.
Os militares russos realizam ataques aéreos e com mísseis. As autoridades ucranianas disseram que tropas da Rússia entraram no país pelo norte, leste e sul. Ataque nos arredores da cidade de Mariupol deixou as ruas praticamente vazias.
As cenas de destruição assustam quem passa pela região. Nos carros estacionados nas ruas e nos prédios, é possível ver as marcas de tiros e dos mísseis disparados pelos soldados.
A Rússia lançou um amplo ataque ao país vizinho. Cidades e bases foram atingidas com bombardeios. Milhares de civis tentam deixar as regiões alvo dos ataques em busca de locais seguros.
Com isso, as estações de trens ficaram lotadas. A imagem abaixo mostra um policial ucraniano carregando um rifle de assalto na plataforma de uma das estações. Ao fundo, é possível ver pessoas esperando pelo trem com destino a Kiev, em Kostiantynivka, na região de Donetsk, leste da Ucrânia.
As ruas também ficaram lotadas de carros. No primeiro dia da invasão, milhares de ucraniano seguiram em direção aos países vizinhos, como Hungria e Rômenia. Engarrafamentos quilométricos se formaram em diversas regiões.
O governo ucraniano disse que tanques e tropas russas atravessaram a fronteira em uma “guerra em grande escala”, que poderia reescrever a ordem geopolítica.
De fato, os olhos de todos os países do planeta se voltaram para o conflito. Durante o dia, ucranianos que vivem em Nova York, nos Estados Unidos, organizaram uma manifestação contra a invasão e ataques russos na Ucrânia. Os manifestantes marcharam da Lexington Avenue até a sede da Organização das Nações Unidas.
Para ajudar os centenas de feridos, o governo ucraniano pediu que a população doe sangue e que, caso precise de assistência médica, busque atendimento fora de hospitais.
As Forças Armadas russa utilizaram armas de alta precisão durante os ataques. O Ministério de Defesa do país nega que tenha havido mortes de civis, mas ao menos quatro já foram confirmadas em hospitais da região de Donetsk.
Por meio das redes sociais, milhares de pessoas que estão na região contam os momentos de tensão e medo que vivem atualmente. A capixaba Lyarah Vojnovic Barberan relatou que está presa em um hotel com os filhos e o marido, o meio-campista brasileiro Maycon, ex-Corinthians e atualmente no Shakhtar Donetsk.
“Os noticiários estão dizendo que está tudo certo, calma, mas não está. Estamos presos no hotel, e ninguém dá uma posição do que podemos fazer e como podemos sair. É desesperador ver os nossos filhos, as pessoas que estão aqui. Não são só os brasileiros que estão se abrigando no hotel, são outras pessoas também“, disse a influenciadora.
Emocionada, a jovem pediu para que seguidores orem por ela e pela família.
“Conto com as orações de vocês, peço ajuda, compartilhem para que a gente possa ter uma resposta. E não está tudo bem. A gente fala com a embaixada e a embaixada fala que tudo bem, que é o melhor lugar para a gente ficar, mas não é aqui que a gente quer ficar“, desabafou.
Itamaraty: Não há segurança para retirar brasileiros da Ucrânia
O Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, disse que está cadastrando os brasileiros que estão na Ucrânia e desejam deixar o país. No entanto, segundo o órgão, neste momento não há condições de segurança para a evacuação.
Atualmente, há cerca de 500 brasileiros em território ucraniano. A orientação é para que eles fiquem em casa abrigados e sigam as recomendações das autoridades locais.
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A orientação de deixar o país o quanto antes, ainda que por meios próprios, é apenas para os brasileiros que estão na região ao leste da Ucrânia, onde há maior tensão militar.
O que tem motivado invasão russa na Ucrânia?
Nos últimos dias, muito se falava da possível invasão russa ao país vizinho. O que parecia distante da realidade, tornou-se real nesta quinta-feira. O dia 24 de fevereiro de 2022 tornou-se uma data histórica. Mas, afinal, o que tem motivado a guerra entre os dois país?
O presidente russo Vladimir Putin autorizou uma operação militar nos enclaves separatistas do leste do país, segundo o Ministério da Defesa russo.
Em pronunciamento na TV, Putin afirmou que a ação visa desmilitarizar a Ucrânia, mas não ocupá-lo. O presidente russo justificou sua decisão por um pedido de ajuda dos separatistas pró-russos e pela política agressiva da Otan com Moscou.
No pronunciamento, Putin também pediu que os ucranianos “larguem as armas e voltem para casa” e que os soldados que desistirem não serão atingidos. O presidente afirmou que se houver derramamento de sangue, será responsabilidade do governo ucraniano.
Putin também alertou que aqueles que “tentam interferir devem saber que a resposta da Rússia será imediata e levará a consequências que nunca conheceram”.
“Tenho certeza de que os soldados e oficiais da Rússia cumprirão seu dever com coragem (…) A segurança do país está garantida“, disse.
A alegação do presidente russo, de que o ataque seria necessário para proteger os civis no leste da Ucrânia, é considerada falsa pelos Estados Unidos, que já previam que ela seria usada como pretexto.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy declarou lei marcial, dizendo que a Rússia atacou a infraestrutura militar do país. Ele pediu aos ucranianos que fiquem em casa e não entrem em pânico.
Zelensky disse ainda que a Ucrânia rompeu as relações diplomáticas com a Rússia e assegurou que os ucranianos “não desistirão de sua liberdade“, independentemente das ações de Moscou.
“A partir de hoje, nossos países estão em lados diferentes da história mundial“, escreveu em publicação no Twitter.
O líder ucraniano afirmou que os russos “traiçoeiramente” atacaram o território vizinho, “como fez a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial”.
Para Zelensky, a nação governada por Vladimir Putin embarcou em um “caminho maligno”.
“Para todos aqueles que ainda não perderam a consciência na Rússia, é hora de sair e protestar contra a guerra com a Ucrânia“, exortou.
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Pão mais caro? Reajuste no valor dos combustíveis? Entenda como o conflito pode afetar o ES
Apesar do Espírito Santo estar em outro continente, a situação pode trazer reflexo negativo para o capixaba. O valor dos alimentos e dos combustíveis, por exemplo, devem ficar mais altos.
O economista Eduardo Araújo conversou com o Folha Vitória. Segundo ele, o barril do petróleo deve ser o primeiro a demonstrar alta nos preços.
“A gasolina, que já está em um valor muito alto, pode aumentar ainda mais. A Petrobras pode fazer este anúncio a qualquer momento“, disse.
Ele explicou que este impacto acontece porque a cotação do barril do petróleo já está subindo no mercado internacional. E, quando o barril do petróleo fica mais caro, consequentemente os combustíveis e alimentos também sofrem reajuste de preço.
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Entre os alimentos, Araújo destaca que será preciso ter muita atenção ao que é produzido com trigo, que é importado pelo Espírito Santo.
“A Ucrânia e a Rússia são responsáveis por cerca de 30% da produção de trigo no mundo e isso vai refletir diretamente nos valores nos supermercados e nas padarias, no preço do pãozinho. O Estado terá que encontrar outros locais de onde importar o produto para tentar reduzir o impacto para os consumidores“, explicou.
O preço dos fertilizantes, outra categoria importada pelo Espírito Santo, também pode sofrer alta nos preços e isso gerar maior gasto para o consumidor final.
“Com o fertilizante mais caro, o produto agrícola terá um preço mais alto e isso vai refletir nas gôndolas dos supermercados. Nos próximos dias, os valores já estarão mais altos nas prateleiras“, alertou.
*Com informações do Portal R7 e do Estadão Conteúdo.
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