Usuários de redes sociais tem compartilhado cada vez mais posts de divulgação de curiosidades e preferências, como “Conte 5 curiosidades sobre sua vida”, “Mostre suas fotos de agora e de 10 anos atrás”, entre outros. No Instagram, a trend começou a bombar nas últimas semanas.
Esse tipo de publicação pode parecer inofensiva e divertida, mas é preciso ter atenção com as informações pessoais que estão sendo compartilhadas na internet para qualquer pessoa ver.
Além de amigos e familiares que estão interagindo com a postagem, criminosos também podem estar aproveitando o momento para coletar dados e elaborar golpes e até para tentar clonar ou invadir um perfil em alguma plataforma digital.
Ao participar de uma corrente, que pede para publicar a foto atual do Whatsapp, por exemplo, a imagem pode ser copiada e armazenada por alguém com segundas intenções.
Dessa forma, fica mais fácil clonar a conta do aplicativo de mensagens de um usuário e aplicar golpes pedindo transferências de dinheiro, o conhecido golpe do Pix.
Tudo isso é parte da chamada “engenharia social”, em que técnicas são utilizadas para fazer com que a pessoa compartilhe, sem perceber, dados pessoais. Ou seja, a vítima entrega aos criminosos informações usadas para planejar um crime contra ela mesma.
Uma foto clássica de todo mundo que sai de férias é aquela com o bilhete de embarque em mãos. Esse tipo de publicação não apenas mostra para os criminosos que a pessoa vai viajar, mas expõe também qual empresa aérea emitiu a passagem, o destino, o horário do voo e o assento no avião.
Com todas essas informações, criminosos conseguem criar um e-mail pedindo dados cadastrais ou até a cobrança de uma taxa, por exemplo. Nesse caso, não foi necessário invadir o celular da vítima ou instalar algo no aparelho, bastou ter acesso a um post nas redes sociais.
Cuidados nas redes
Para o especialista em tecnologia e professor da FGV-RJ, Arthur Igreja, os usuários precisam tomar cuidado no momento de compartilhar informações pessoais, especialmente se tiverem um perfil público nas redes.
“Falta uma certa malícia para as pessoas entenderem que a internet não é um ambiente absolutamente inocente. Essas correntes vêm embaladas em gamificação, em diversão, aí acontece um golpe e a pessoa fica chocada. Acho que falta um certo cuidado, um pouco de autoproteção”, afirma o especialista.
Para o professor, o ideal é que o usuário reflita um pouco antes de compartilhar suas informações, especialmente em perfis abertos. “Imagina se eu participo de uma dessas correntes e compartilho algo pessoal meu. Daqui a dois meses alguém clona a minha conta e usa o que eu compartilhei para fingir intimidade e pedir um depósito por Pix, por exemplo. Eu nem vou saber de onde veio”, alerta.
Ao mesmo tempo, o especialista explica que é possível que a pessoa se proteja sem deixar de aproveitar as redes sociais. Um bom exemplo são as correntes de Instagram. Uma forma de se proteger, é criar um grupo de “close friends” e dividir esse conteúdo apenas com pessoas de confiança.
“Ficar neurótico com tudo não resolve nada, não precisa apagar a rede social, não precisa ter desespero, mas tem que ter cuidado, ficar esperto. Assim como as pessoas não andam na rua com o celular e a carteira na mão porque acham que algo pode acontecer, na internet é a mesma coisa: tem que navegar com cuidado”, finaliza o especialista.
*Com informações do Portal R7