Por que a Rússia atacou a Ucrânia? Entenda a guerra e veja fotos
Vladimir Putin justificou decisão por um pedido de ajuda dos separatistas pró-russos e pela política agressiva da Otan com Moscou. Alegação, no entanto, é vista como pretexto pelos Estados Unidos
A Rússia iniciou nesta quinta-feira (24) um ataque a diversas partes da Ucrânia, com bombardeios contra alvos militares em Kiev, Kharkiv e outras cidades no centro e no leste do país vizinho.
O presidente Vladimir Putin autorizou uma operação militar nos enclaves separatistas do leste do país, segundo o Ministério da Defesa russo.
Em pronunciamento na TV, Putin afirmou que a ação visa desmilitarizar a Ucrânia, mas não ocupá-lo. O presidente russo justificou sua decisão por um pedido de ajuda dos separatistas pró-russos e pela política agressiva da Otan com Moscou.
No pronunciamento, Putin também pediu que os ucranianos “larguem as armas e voltem para casa” e que os soldados que desistirem não serão atingidos. O presidente afirmou que se houver derramamento de sangue, será responsabilidade do governo ucraniano.
Putin também alertou que aqueles que "tentam interferir devem saber que a resposta da Rússia será imediata e levará a consequências que nunca conheceram". "Tenho certeza de que os soldados e oficiais da Rússia cumprirão seu dever com coragem (...) A segurança do país está garantida", disse.
A alegação do presidente russo, de que o ataque seria necessário para proteger os civis no leste da Ucrânia, é considerada falsa pelos Estados Unidos, que já previam que ela seria usada como pretexto.
Em entrevista ao Estadão, o historiador George Liber avaliou que, após a saída caótica dos EUA do Afeganistão, Vladimir Putin provavelmente acreditou ter uma janela de oportunidade para insistir em uma antiga demanda dele e da Rússia: a de consolidar a Ucrânia sob a esfera de influência russa.
"A retirada dos EUA de Cabul provavelmente inspirou Putin. Eu acho que as explicações do governo Biden de por que o Taleban assumiu tão rapidamente não convenceram. O presidente russo viu isso e parece ter acreditado que este era um bom momento para pressionar os EUA e a Otan sobre a Ucrânia", afirmou.
"Putin tem um interesse de longa data em trazer a Ucrânia de volta para a esfera de influência russa. Ele imaginou que o Afeganistão enfraqueceu tanto o governo Biden que quaisquer declarações feitas por ele sobre a Ucrânia ou a Otan não seriam apoiadas pelos outros membros da aliança militar", completou.
Ataques já destruíram mais de 70 instalações militares na Ucrânia
Nesta quinta-feira, uma série de explosões foi ouvida em Kiev, Kharkiv e Odesa, enquanto os líderes mundiais denunciavam o início de uma invasão russa que poderia causar baixas em massa e derrubar o governo democraticamente eleito da Ucrânia.
O Ministério da Defesa da Rússia garante ter destruído a capacidade de defesa antiaérea da Ucrânia, bem como parte de seus jatos na operação.
Segundo a pasta, as Forças Armadas do país já destruíram 74 instalações militares da Ucrânia, entre elas 11 bases aéreas. Um dirigente do Ministério do Interior da Ucrânia confirmou os ataques aos centros de comando.
O ministro da Defesa, Sergei Shoigu, determinou que os soldados ucranianos sejam tratados "com respeito" e disse que os que entregarem suas armas receberão oferta para deixar a região por "corredores seguros". A pasta ainda confirmou a perda de um jato de ataque Su-25 por "erro do piloto".
De acordo com dirigentes do governo da Ucrânia, a primeira onda de bombas começou pouco depois do anúncio feito por Vladimir Putin de que seria iniciada uma operação militar (ainda de madrugada pelo horário de Brasília).
Pelo menos 18 pessoas teriam morrido na cidade de Odessa em um ataque, de acordo com as autoridades da região.
A Ucrânia afirmou ainda que destruiu quatro tanques russos em um estrada ao leste de Kharkiv e matou 50 soldados próximo a uma cidade na região de Luhansk, além de ter abatido um sexto avião da Rússia.
O país liderado por Vladimir Putin negou que a aeronave ou veículos tenham sido destruídos. O serviço de fronteira da Ucrânia afirmou que três de seus funcionários foram mortos ao sul da região de Kherson e muitos ficaram feridos.
Tropas russas avançam e chegam aos arredores de Kiev
Horas depois do início da ofensiva militar contra a Ucrânia, tropas russas alcançaram a região de Kiev. Pelo menos uma equipe de imprensa internacional já confirmou a presença de soldados russos nos arredores da capital, a poucos quilômetros do centro da cidade.
O chefe militar da Ucrânia, Valerii Zaluzhnyi, confirmou pela manhã que um combate estava sendo travado perto da base aérea de Hostomel, sete quilômetros a noroeste da capital, Kiev. O líder militar também confirmou que batalhas estavam sendo travadas ao sul, perto de Henichesk, Skadovsk e Chaplynka.
Nos arredores de Kiev, a cerca de 30 km do centro da capital, uma equipe da CNN registrou o momento em que um grupo de paraquedistas russo estabelecia um perímetro de segurança ao redor de uma base aérea recém-conquistada.
De acordo com a emissora americana, oficiais ucranianos temem que o plano russo seja não apenas cercar a capital, mas invadi-la, depondo o governo atual e substituindo por um governo pró-Rússia.
Ataque russo causa pânico na capital da Ucrânia
Mesmo antes da confirmação de que as tropas russas se aproximavam de Kiev, milhares de moradores da capital ucraniana começaram a deixar a cidade, que já vive um verdadeiro caos.
Ao longo do dia, foram registradas imagens de enormes congestionamentos se formando, especialmente nos corredores de acesso às saídas da cidade. Também há filas nos postos de combustíveis e vários deles já não têm mais gasolina para vender.
Muitos moradores também percorreram os supermercados, tentando comprar mantimentos. Milhares de pessoas lotaram estações de ônibus e trens do metrô, a maioria com bagagem nas mãos, tentando deixar a capital ucraniana.
Pouco depois de duas explosões serem ouvidas em Kiev, sirenes para alertar para bombardeios ressoaram no centro da capital. Com isso, os moradores correram para as estações subterrâneas do trem em busca de abrigo.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitro Kuleba, acusou Vladimir Putin de iniciar uma "invasão em grande escala" contra seu país.
"Cidades ucranianas pacíficas estão sob ataque", tuitou. Contrariando as imagens captadas em solo ucraniano, Kuleba também afirmou que "ninguém está fugindo".
O ministro da Defesa ucraniano Oleksii Reznikov afirmou que quem estiver preparado e apto para "segurar uma arma" pode se juntar às forças de defesa territorial. Além disso, a polícia disse que vai distribuir armas para veteranos.
O Ministério da Infraestrutura da Ucrânia, por sua vez, anunciou o fechamento do espaço aéreo do país "por causa do alto risco de segurança", interrompendo o tráfego civil logo após a meia-noite.
Já o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy declarou lei marcial, dizendo que a Rússia atacou a infraestrutura militar do país. Ele pediu aos ucranianos que fiquem em casa e não entrem em pânico.
Rompimento de relações com a Rússia e preocupação com Chernobyl
Zelensky disse ainda que a Ucrânia rompeu as relações diplomáticas com a Rússia e assegurou que os ucranianos "não desistirão de sua liberdade", independentemente das ações de Moscou. "A partir de hoje, nossos países estão em lados diferentes da história mundial", escreveu, em publicação no Twitter.
O líder ucraniano afirmou que os russos "traiçoeiramente" atacaram o território vizinho, "como fez a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial".
Para Zelensky, a nação governada por Vladimir Putin embarcou em um "caminho maligno". "Para todos aqueles que ainda não perderam a consciência na Rússia, é hora de sair e protestar contra a guerra com a Ucrânia", exortou.
O presidente da Ucrânia também rejeitou as alegações de Moscou de que seu país é uma ameaça à Rússia e alertou que uma invasão poderia resultar em dezenas de milhares de mortes.
Zelensky disse ainda que as forças militares da Rússia estão tentando tomar a usina nuclear desativada de Chernobyl, localizada na fronteira ucraniana com Belarus.
"Nossos defensores estão dando suas vidas para que a tragédia de 1986 não se repita", afirmou o mandatário, em referência o desastre nuclear após a explosão de um reator da usina, então sobre o controle da União Soviética.
Segundo ele, a primeira-ministra da Suécia, Magdalena Andersson, foi avisada do fato. "Esta é uma declaração de guerra contra toda a Europa", escreveu o presidente ucraniano.
Durante um discurso em vídeo transmitido antes do início do ataque russo, Zelenskyy disse: "O povo da Ucrânia e o governo da Ucrânia querem a paz. Mas se estivermos sob ataque que coloque em risco nossa liberdade e a vida de nosso povo, nos defenderemos".
Além disso, Zelenskyy disse que tentou entrar em contato com o presidente russo, Vladimir Putin, na noite de quarta-feira, mas não obteve resposta do Kremlin.
Biden discute situação da Ucrânia com equipe de segurança nacional dos EUA
Na manhã desta quinta, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, convocou uma reunião de seu Conselho de Segurança Nacional, na Sala de Situação da Casa Branca para discutir o desdobramento da situação na Ucrânia, disse um funcionário da Casa Branca.
Após a reunião, Biden participará de um encontro virtual com líderes do Grupo dos Sete países. Biden, que foi informado durante a noite por seus conselheiros de segurança nacional, chamou a invasão russa da Ucrânia de não provocada e injustificada.
"As orações de todo o mundo estão com o povo da Ucrânia nesta noite, que sofre um ataque não provocado e injustificado das forças militares russas", afirmou Biden, em nota divulgada pela Casa Branca.
"O presidente Putin escolheu uma guerra premeditada que trará uma perda catastrófica de vidas e sofrimento humano. A Rússia sozinha é responsável pela morte e destruição que este ataque trará, e os Estados Unidos e seus aliados e parceiros responderão de forma unida e decisiva. O mundo responsabilizará a Rússia."
"Estarei monitorando a situação da Casa Branca esta noite e continuarei recebendo atualizações regulares da minha equipe de segurança nacional. Amanhã, me encontrarei com meus colegas do G7 pela manhã e depois falarei com o povo americano para anunciar as outras consequências que os Estados Unidos, nossos aliados e parceiros vão impor à Rússia por esse ato desnecessário de agressão contra a Ucrânia e a paz e a segurança globais."
"Também iremos coordenar com os nossos Aliados da Otan para assegurar uma resposta forte e unida que impeça qualquer agressão contra a Aliança. Esta noite, Jill e eu estamos orando pelo corajoso e orgulhoso povo da Ucrânia."
Otan diz que Rússia pagará 'pesado preço econômico e político'
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan)m por sua vez, condenou, "nos mais fortes termos possíveis", o "horripilante" ataque, que considera "inteiramente injustificado e não provocado". Em comunicado divulgado na manhã desta quinta-feira, a aliança também denunciou Belarus por apoiar as ações russas.
Segundo a nota, a operação representa "grave violação" da lei internacional e constitui um ato de agressão contra um país independente e pacífico. A Organização reitera apoio às instituições e aos líderes eleitos ucranianos, incluindo o Parlamento e o presidente.
"Sempre manteremos nosso total apoio à integridade territorial e à soberania da Ucrânia dentro de suas fronteiras internacionalmente reconhecidas, incluindo suas águas territoriais", afirma.
A Otan exorta Moscou a cessar as atividades militares e a retirar suas tropas da região. Também critica o reconhecimento da independência de regiões separatistas no leste ucraniano e afirma que seus aliados nunca aceitarão essa medida "ilegal". "Isso viola ainda mais a soberania e a integridade territorial da Ucrânia e viola os acordos de Minsk, dos quais a Rússia é signatária", ressalta.
A aliança diz ainda que os líderes russos terão que suportar integral responsabilidade pelas consequências do seus atos, com um "pesado" preço político e econômico. "A Otan continuará a coordenar estreitamente com as partes interessadas relevantes e outras organizações internacionais, incluindo a UE União Europeia", pontua.
A Organização acrescenta que, desde o início da crise, buscou soluções diplomáticas, mas que os esforços não foram recíprocos e que os russos escolheram a escalada do conflito. "As ações da Rússia representam uma séria ameaça à segurança euro-atlântica e terão consequências geoestratégicas", destaca.
A Otan conclui afirmando que tomará todas as medidas necessárias para garantir segurança e defesa de seus aliados e que mobilizou forças defensivas adicionais no leste da aliança.
"Decidimos, de acordo com nosso planejamento defensivo para proteger todos os aliados, tomar medidas adicionais para fortalecer ainda mais a deterrência e a defesa em toda a Aliança", pontua, acrescentando que as medidas são "preventiva, proporcional" e não visam à escalada.
Conselho Europeu pede que Rússia retire tropas da Ucrânia
Os membros do Conselho Europeu também se manifestaram sobre o ataque russo à Ucrânia. Eles divulgaram um comunicado conjunto, no qual demandam que a Rússia cesse as atividades militares, "incondicionalmente" retire forças e equipamentos militares da Ucrânia e respeite a "integridade, soberania e independência" do país. "Esse uso de força e coerção não tem lugar no século 21", diz a nota.
De acordo com o texto, os líderes do Conselho se reunirão hoje para discutir a "flagrante agressão" russa e decidir sanções que vão "impor consequências maciças e graves à Rússia pela sua ação, em estreita coordenação com os nossos parceiros transatlânticos."
Os integrantes do bloco condenam a ofensiva de Moscou e o apoio de Belarus e também fornecerão ajuda política, financeira e humanitária aos ucranianos. "Por suas ações militares não provocadas e injustificadas, a Rússia está violando grosseiramente o direito internacional e minando a segurança e a estabilidade europeias e globais", destacam.
Os líderes ainda dizem que "deploram" as perdas de vida e o sofrimento decorrentes desse episódio. "Apelamos à Rússia e às formações armadas apoiadas pela Rússia para que respeitem o direito internacional humanitário", finalizam.
A secretaria da Organização dos Estados Americanos (OEA) também condenou, nesta quinta-feira, a invasão da Ucrânia pela Rússia e exortou Moscou a cessar imediatamente as hostilidades que "irresponsavelmente" iniciou.
Em comunicado, a entidade que reúne 35 países americanos classifica a ofensiva de "crime contra a paz internacional" e "gravíssima violação do direito internacional", com desrespeito à soberania e integridade territorial ucranianas.
"A agressão foi definida como 'supremo crime internacional' e constitui, sem dúvida, um atentado contra a paz e a segurança da humanidade, bem como as relações civilizadas entre os Estados", destaca a nota.
Já a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, afirmou que a estabilidade da Europa e a ordem mundial pacífica "estão em jogo", após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Em coletiva de imprensa, Von der Leyen chamou de "atroz" a decisão do presidente russo, Vladimir Putin, de iniciar a ofensiva militar no país vizinho. Para ela, o ataque é a mais grave ameaça à segurança da região em décadas.
"Em determinada e unida resposta, a União Europeia tornará o mais difícil possível para o Kremlin executar suas ações agressivas", disse.
Von der Leyen revelou que conversou hoje por telefone com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que pediu ajuda às potencias ocidentais. Ela reiterou ainda que o bloco vai propor sanções maciças contra a Rússia, que limitarão o acesso aos mercados de capitais e provocarão efeitos econômicos, como redução da taxa de crescimento e aumento da inflação. As punições também devem bloquear o acesso de empresas russas a tecnologias, de acordo com ela.
A presidente da Comissão acrescentou que, nas últimas semanas, a UE trabalhou para reduzir a dependência do gás natural russo.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, que também participou da coletiva, afirmou que a Rússia atacou as "fundações da UE", que é um projeto de paz. Ele reforçou que o Conselho se reunirá hoje e decidirá novas sanções. Também fez um apelo para que Belarus "não siga as ações destrutivas" de Moscou.
Reações também no Reino Unido e na Alemanha
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, também se pronunciou sobre a ofensiva militar russa na Ucrânia. De acordo com o premiê, a "missão" das lideranças ocidentais está clara nos campos "político, econômico e eventualmente militar".
Johnson disse que, junto dos aliados britânicos, está sendo preparado um novo pacote de sanções que deixará a economia da Rússia "manca". Ele ainda voltou a defender que os países europeus abandonem a dependência pelo uso de petróleo e gás russo.
Para o primeiro-ministro britânico, a agressão russa não é só contra a Ucrânia, mas contra os princípios de independência e soberania que permitem que europeus escolham seus futuros. "A ofensiva de Putin tem de terminar em falha", disse Johnson.
Já a secretária de Relações Exteriores do Reino Unido, Liz Truss, disse no Twitter que convocou o embaixador russo no país para explicar a invasão da Ucrânia por forças russas, que ela descreveu como "ilegal".
"Vamos impor severas sanções (à Rússia) e buscar o apoio de países à Ucrânia", afirmou Truss, em sua conta oficial na rede social.
Um grupo empresarial que representa empresas alemãs com investimentos na Rússia e no Leste Europeu também condenou o ataque da Ucrânia por forças russas e cancelou um encontro planejado de seus integrantes com o presidente russo, Vladimir Putin.
O encontro, um evento anual que não aconteceu no ano passado por causa da pandemia de covid-19, estava marcado para o início de março. Um porta-voz do grupo, no entanto, comunicou às autoridades russas que a reunião não poderia ser realizada diante das circunstâncias.
"Estamos profundamente chocados com a invasão russa na Ucrânia. Trata-se de um ataque injustificável a um estado soberano, a seus cidadãos e à paz na Europa e no mundo de modo geral", disse o grupo em comunicado.
O grupo, que reúne algumas das maiores empresas da Alemanha, incluindo Siemens, Bayer, Deutsche Bank e SAP, apelou a Putin que interrompa a guerra. Com informações da Dow Jones Newswires.
Brasil pede suspensão imediata de invasão
Por meio de nota, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil pediu a "suspensão imediata" das hostilidades, após a Rússia invadir o território ucraniano. O texto diz ainda que o governo brasileiro acompanha com "grave preocupação" a deflagração de operações militares pela Rússia contra alvos na Ucrânia e pede uma solução pacífica para o conflito.
"O Brasil apela à suspensão imediata das hostilidades e ao início de negociações conducentes a uma solução diplomática para a questão, com base nos Acordos de Minsk e que leve em conta os legítimos interesses de segurança de todas as partes envolvidas e a proteção da população civil", afirma.
A nota é a primeira manifestação oficial do governo brasileiro após o agravamento do conflito. O presidente Jair Bolsonaro ainda não havia se pronunciado até a publicação desta matéria.
O texto ressalta ainda que, como membro do Conselho de Segurança (CS) das Nações Unidas, o Brasil "permanece engajado nas discussões multilaterais com vistas a uma solução pacífica, em linha com a tradição diplomática brasileira" e na defesa de soluções que considerem "os princípios da não intervenção, da soberania e integridade territorial dos Estados e da solução pacífica das controvérsias".
Brasileiros na Ucrânia
Uma segunda nota foi divulgada com orientações para brasileiros na Ucrânia. De acordo com o texto, a Embaixada do Brasil em Kiev permanece aberta e dedicada à proteção dos cerca de 500 cidadãos brasileiros no País.
"Solicita-se aos cidadãos brasileiros em território ucraniano, em particular aos que se encontrem no leste do país e outras regiões em condições de conflito, que mantenham contato diário com a Embaixada. Caso necessitem de auxílio para deixar a Ucrânia, devem seguir as orientações da Embaixada e, no caso dos residentes no leste, deslocar-se para Kiev assim que as condições de segurança o permitam", completa.
O Itamaraty disponibilizou para casos de emergência relacionadas ao conflito o número de telefone de plantão consular +55 61 98260-0610.
Com informações do Estadão Conteúdo
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