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IBGE: casais do ES se casam mais em 2021, mas pedem divórcio como nunca

O crescimento no número de matrimônios foi acompanhado pelo aumento na quantidade de divórcios, sendo que foram concretizados 7.274 no Estado em 2021

Isabella Arruda

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução/ Freepik

O número de casamentos subiu 23,4% no Espírito Santo entre os anos de 2020 e 2021, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta quinta-feira (16).

O aumento implica em 4.381 casamentos a mais, em números absolutos, com o total de 23.120 matrimônios em 2021, ao passo que foram 18.739 no ano anterior. No Brasil, o número de matrimônios aumentou 23,2% no mesmo período, tendo sido registrados 932 mil no ano mais recente de comparação.

Sobre o assunto, a "taxa de nupcialidade legal" representa a relação do número de casamentos por cada mil habitantes em uma dada região e em um período de tempo, foi de 7,1% em 2021, terceira maior do país.

Foto: Raw Pixel/Freepik

Mais divórcios no ES do que casamentos

No Espírito Santo, o crescimento no número de casamentos foi acompanhado pelo aumento na quantidade de divórcios, sendo que foram concretizados 7.274 no Estado em 2021, número 27,36% superior ao total de divórcios em 2020, que foi de 5.711. No Brasil, o número subiu 16,8% no mesmo período.

Também no território capixaba, em 2021, o tempo médio entre a data do casamento de cônjuges de sexo diferente e a data da sentença ou escritura do divórcio foi de 13,1 anos.

Para o advogado especialista em Direito de Família, Tomás Baldo, não é possível indicar um fato isolado que justifique este crescimento no número de divórcios e casamentos de menor duração.

“Há sim alguns indicativos sociais que demonstram que as modificações no conceito de família, com a ressignificação da idéia estática da estrutura familiar, tem contribuído para este dado. As pessoas passaram a compreender que não existe uma obrigação em permanecer em um casamento que não traga felicidade. O desaparecimento de algumas amarras sociais acaba encorajando as pessoas neste sentido”, afirmou.

Para ele, a pandemia pode ter contribuído para vários casos de divórcio. Apesar disso, o jurista afirma que não é possível resumir as causas ao fator isolado, tratando-se muito mais de um fenômeno que vem de mudanças no comportamento e nas crenças da sociedade em geral.

Foto: arquivo pessoal

Traição como causa de divórcio

Baldo também tocou em um ponto polêmico: o das traições em um casamento, dizendo que tem sido muito mais comum que um caso de traição gere o divórcio do que era décadas atrás.

“Alguns parceiros, principalmente as mulheres, acabavam se submetendo à aceitação da infidelidade, seja por motivos religiosos ou sociais. Hoje, com o avanço da sociedade, e, particularmente no caso das mulheres, com o empoderamento feminino, as pessoas têm menor aceitação à infidelidade e acabam se divorciando, por não aceitarem se submeter a tal comportamento do parceiro”, disse o especialista.

Motivos que atrapalham um processo de divórcio

Para o jurista, há motivos que “emperram” o processo de divórcio, tornando-o mais longo que o esperado. Ele explica que pode haver muitas razões para isso e que, entre os principais aspectos que podem atrapalhar, estão:

• divergências quanto à partilha dos bens;
• divergência quanto à guarda, convivência e alimentos devidos a filhos menores;
• insuficiente elaboração, pelos casais, dos motivos que conduziram ao término da relação, o que traz ressentimentos que embaraçam a conclusão dos processos por questões que não dizem respeito ao aspecto jurídico do divórcio.

Divórcios com guarda compartilhada e registros de nascimento

A pesquisa mostrou um aumento do percentual de divórcios judiciais cuja sentença consta a guarda compartilhada dos filhos. No Espírito Santo, essa modalidade de guarda passou de 42,0% em 2020 para 45,6% em 2021.

Em relação ao número de nascimentos, em 2021, no Estado, foi apresentada uma queda de 2,8% em relação a 2020.

Número de mortes

O número de mortes ocorridas em 2021 e registradas em território capixaba foi de 32.780, cerca de 13% superior ao número de 2020. No mesmo ano, verificou-se que 84,0% das mortes por causas não naturais eram de homens.

Além disso, no período de dez anos, entre 2011 a 2021, o percentual de registros de mortes por causas externas de homens jovens de 15 a 24 anos caiu de 77,3% para 49,7% no Espírito Santo.

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