O Carnaval acabou e, para os fiéis das igrejas cristãs, começa nesta quarta-feira (22) o período da quaresma. Muitos católicos, ortodoxos, anglicanos e luteranos, por exemplo, fazem jejum ou adotam a abstinência em relação a algum alimento ou bebida como forma de penitência e renovação do espírito.
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O termo deriva do latim e nomeia o período que se estende da quarta-feira de cinzas até a Sexta-Feira da Paixão. A contagem faz uma referência aos 40 dias em que Jesus Cristo esteve no deserto. Neste ano, a quaresma se estenderá entre 22 de fevereiro e 06 de abril.
A moradora de Vitória Maria Lucia repete a abstinência todos os anos. Durante os 40 dias, ela deixa de comer carnes (vermelha e branca).
“Essa é uma forma de me encontrar com Cristo. Comecei há mais de 40 anos, quando passava por um momento de dificuldade. Prometi que faria todos os anos e, desde então, nunca mais parei de fazer“, contou.
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Outras pessoas realizam a prática com outros alimentos e bebidas, como o chocolate e a bebida alcoólica.
Para marcar o início do período, durante a Quarta-Feira de Cinzas, as paróquias realizam missas e celebrações especiais. Durante os encontros, cinzas bentas são colocadas na testa dos fiéis, como sinal de arrependimento dos pecados e volta para Deus.
O período foi instituído na Igreja por volta do século IV. Ele é considerado um período de penitência e renovação espiritual.
Em sua mensagem para a quaresma deste ano, o Papa Francisco fez um convite para que os fiéis se coloquem no caminho de Jesus para aprofundar e acolher o seu mistério de salvação.
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O chefe supremo da Igreja Católica Romana destacou ainda a relação entre o caminho quaresmal e o caminho sinodal que a Igreja está trilhando, radicada na tradição e aberta à novidade.
Entenda a diferença entre jejum e abstinência
O Código de Direito Canônico, documento elaborado pelo Vaticano e que é utilizado como um “guia” para as leis da Igreja, explica que o jejum deve ser realizado de apenas uma refeição completa durante o dia. O gesto é uma forma de penitência pelos pecados.
De acordo com as orientações do documento, só devem fazer jejum os cristãos entre 18 e 59 anos. Grávidas, pessoas com algum tipo de doença e os trabalhadores braçais são dispensados.
“O jejum é a forma de penitência que consiste na privação de alimentos. Na disciplina tradicional da Igreja, a concretização do jejum fazia-se limitando a alimentação diária a uma única refeição, embora não se excluísse que pudessem tomar-se alimentos ligeiros às horas das outras refeições. Ainda que convenha manter-se esta forma tradicional de jejuar, contudo os fiéis poderão cumprir o preceito do jejum, privando-se de uma quantidade ou qualidade de alimentos ou bebidas que constituem verdadeira privação ou penitência“, detalha o texto.
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Já a abstinência, segundo o documento, deve ser realizado nas sextas-feiras durante o período da quaresma. Neste período, os fiéis da igreja devem se privar de alimentos e bebidas, em especial, os mais requintados. Os fiéis devem viver de forma mais simples.
“A abstinência, por sua vez, consiste na escolha de uma alimentação simples e pobre. A sua concretização na disciplina tradicional da Igreja era a abstenção de carne. […] Contudo, devido à evolução das condições sociais e do género de alimentação, aquela concretização pode não bastar para praticar a abstinência como acto penitencial. Lembrem-se os fiéis de que o essencial do espírito da abstinência é o que dizemos acima, ou seja, a escolha de uma alimentação simples e pobre e a renúncia ao luxo e ao esbanjamento. Só assim a abstinência será privação e se revestirá de carácter penitencial“, afirma o documento.
