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Bancária do ES fica paraplégica após praticar acroyoga

Lindalva Firme Guedes, de 32 anos, ficou 10 dias no hospital e perdeu o movimento das pernas após cair em um exercício que mistura acrobacia e yoga

Foto: Reprodução / Instagram

No dia 24 de janeiro de 2024, a vida da bancária e fotógrafa Lindalva Firme Guedes, de 32 anos, ganhou um novo capítulo, cheio de desafios, medo, mas, sobretudo, perseverança.

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Jovem, ativa, risonha e com vários planos, Lindalva ficou sem movimentos. Precisou lidar com a dor de ter um corpo estático, após uma queda durante um exercício de acroyoga. Ela ficou paraplégica

“Foi como ser desligada da tomada. Quando eu caí, senti meu corpo formigar, fiquei sem ar e com medo. Comecei a gritar porque eu não conseguia me mexer”, contou.

Lindalva mora em um sítio em Domingos Martins, na região Serrana do Espírito Santo, com o marido. É bancária, ex-diretora do Sindicato dos Bancários do Espírito Santo (Sindibancários-ES), formada em fotografia e terapia ayurvédica. 

Tinha feito, recentemente, um curso para ser instrutora de yoga e chegou a dar uma aula. No dia 24 de janeiro, uma quinta-feira, pegou o carro e foi em direção a Vitória, onde participou de uma oficina de acroyoga.

Diferente da yoga convencional, a acroyoga bebe da fonte do circo e da acrobacia, de acordo com a professora de yoga Thaís Muniz, conhecida como Puja Sintonia.

“A acroyoga é uma prática física que combina yoga e acrobacia. Ela é praticada por parceiros ou em grupos e se baseia nas artes circenses. É uma modalidade contemporânea, não é a yoga original, que possui movimentos estáticos, em que o praticante só depende dele mesmo”, explicou a professora.

No entanto, o que era para ser uma tarde descontraída e de aprendizado, terminou em um acidente que mudou a história de Lindalva.

“A aula era com a professora e outra colega que iria auxiliar as alunas. Elas dividiram a turma e mostraram a postura a ser feita, eram cerca de 10 alunas, no máximo. Formamos duplas. A professora me orientou e eu fui a base para a minha dupla subir. Mas, na minha vez, a instrutora tinha virado de costas, ela não acompanhou. Perdi o equilíbrio, cai no chão, de costas, bati e cabeça e fiquei com o corpo mole”, contou a bancária.

O acidente resultou na fratura das vértebras da cervical C5 e C6 e teve como diagnóstico: tetraparesia, paralisia parcial do tronco, ficando sem o movimento das mãos; e a paraplegia, paralisia dos membros inferiores, sem controle das pernas, bexiga e intestino. 

Desde então, ela ficou no hospital por 10 dias, passou por uma cirurgia e está em casa se recuperando. 

“Eu estou bem mexida, sabe? Sou uma pessoa muito autônoma, tento ajudar todo mundo, sou de pegar e fazer. E, agora, eu tenho que parar. Meu coração acelera quando eu me vejo nessa situação. Eu tenho medo, angústia, choro. Mas tenho fé. É um mix de emoção. Me sinto bem amparada, tenho uma rede maravilhosa. Para falar a verdade, eu fico com um certo arrependimento de ter ido para essa oficina”, desabafou.

Não é comum que lesões com este tipo de exercício sejam graves, como aconteceu com Lindalva. Mas, é preciso ter cautela.

“Não é comum se lesionar. Mas, se fizer algum exercício errado, com certeza, pode se machucar. Principalmente, se não tiver condicionamento físico. É sempre importante procurar um profissional para orientar”, explicou Thaís Muniz.

Quanto custa um recomeço?

Lindalva precisa de, pelo menos, R$ 170 mil, para realizar o tratamento, que tem a duração de um ano. 

O pedido de ajuda é para custear as despesas do tratamento, que requer uma equipe multidisciplinar, com neurologista, urologista, psiquiatra, psicólogo, fisioterapeuta, fisioterapeuta pélvico, cuidador, cadeira de rodas, cadeira de banho, órteses e outros equipamentos.

Para isso, com a ajuda de familiares e amigos, foi criada uma “vaquinha” on-line para arrecadar doações em dinheiro para custear o tratamento (clique aqui)

Até esta quinta-feira (22), já tinham R$ 62 mil doados. As doações também são recebidas por meio de Pix, na chave 2799294-3103.

Pelas redes sociais, foi criado um perfil para contar do processo de recuperação e arrecadar mais doações. Por lá, Lindalva conta com mais apoio e com um espaço para contar da sua nova história de vida.

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Carol Poleze, repórter do Folha Vitória
Carol Poleze Repórter
Repórter
Graduada em Jornalismo e mestranda em Comunicação e Territorialidades pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).