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Governo do ES estuda adotar medidas mais rígidas para conter o avanço do Novo Coronavírus

Segundo Casagrande, até a próxima sexta o Executivo estadual deverá definir essas medidas. Estado registrou primeiros casos de transmissão comunitária

Rodrigo Araújo

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução

Com a confirmação, nesta segunda-feira (30), de que o Espírito Santo registrou os primeiros casos de transmissão comunitária do Novo Coronavírus — foram registrados, até o momento, três casos com essa característica, todos em Vila Velha — o Governo do Estado estuda adotar medidas mais rígidas para minimizar ao máximo a proliferação do vírus em território capixaba. 

De acordo com o governador Renato Casagrande, até a próxima sexta-feira (03) o Executivo estadual deverá tomar novas decisões a respeito dessas medidas. Segundo o governador, também será reavaliado o fechamento de alguns estabelecimentos comerciais, como lojas de materiais de construção e de autopeças.

"Essa semana vence, no sábado, o prazo de comércio. Nós vamos ter que discutir com a Secretaria de Saúde, pegar orientação com os infectologistas e ver qual vai ser o comportamento [do Coronavírus]. Só teremos um quadro mais geral na sexta-feira. Os dados vão nos dando condição para ver se a gente continua ou não com as restrições que nós temos hoje ao comércio, se as restrições vão ser menores ou maiores. Vai depender muito do comportamento do vírus aqui no Espírito Santo e do impacto dele na sociedade capixaba", destacou o governador, durante uma coletiva de imprensa pela internet nesta segunda-feira.

Segundo Casagrande, nesta terça-feira (31) será publicado, no Diário Oficial do Estado, um decreto que regulamentará o funcionamento das casas lotéricas no Espírito Santo.

"Nós não proibimos o funcionamento das lotéricas. Compreendemos como um serviço essencial, mas os donos das lotéricas e os servidores estavam preocupados com o funcionamento. Então nós discutimos com eles um protocolo que essas casas de loteria vão seguir para que possa continuar o seu funcionamento", ressaltou.

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O governador afirmou ainda que outros estabelecimentos também precisarão seguir protocolos mais rigorosos para evitar a proliferação do Coronavírus, caso queiram continuar em funcionamento.

"Vamos estabelecer protocolos mais rigorosos para aquelas atividades que estão funcionando. Nós não paramos indústria, comércios essenciais e serviços. Nós poderemos, numa avaliação, liberar que alguma outra atividade possa funcionar — nós vamos fazer essa avaliação até sexta-feira —, mas para cada atividade que vai funcionar, nós vamos estabelecer, por decreto ou por portaria, protocolos que estabeleçam segurança nesse funcionamento, seja a quantidade de pessoas dentro de cada estabelecimento, distância entre as pessoas e pessoas do grupo de risco não poderem trabalhar nesses locais", frisou.

"Nosso grande desafio é o transporte coletivo. Vamos ver como a gente faz para ir controlando. Já reduziu em 75% a demanda no transporte, mas ainda é um desafio que nós temos para que a gente possa dar conta desse protocolo, desse rigor que nós queremos", completou o governador.

Cuidados individuais

Casagrande destacou também que não basta a adoção de protocolos mais rigorosos dentro de estabelecimentos. Segundo o governador, é preciso que as pessoas aumentem ainda mais seus cuidados durante o dia a dia.

"Na hora em que você chega no estágio de transmissão comunitária, os cuidados aumentam muito. O isolamento social tem que se ampliar e o cuidado que as pessoas têm que ter na relação interpessoal tem que aumentar, porque você não imagina quem é o vetor, quem é a pessoa que está transmitindo o vírus. Às vezes é uma pessoa muito próxima de você. Então é importante que a gente alerte a população que os cuidados precisam ser redobrados. Mas esses cuidados redobrados é na nossa vida pessoal, familiar, é na hora em que a gente vai ao supermercado, à farmácia, na hora que a gente vai acessar um ônibus".

O secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, reforçou o discurso do governador e destacou que é preciso uma "radicalização" dos cuidados diários a partir de agora.

"Todo diagnóstico de síndrome gripal precisa ter o isolamento estrito. Nós precisamos ser muito radicais. Toda pessoa que tenha febre com mais sintomas respiratórios, sem outro diagnóstico, não pode sair de casa por 14 dias. E dentro de casa ela precisa usar máscara o tempo inteiro, não pode apertar a mão dos familiares, não pode tocar nos familiares e precisa estar literalmente sem contato físico direto. Mais do que nunca, essa disciplina intradomiciliar precisa ser reforçada, e esses pacientes não podem ter nenhum tipo de atividade social fora do seu apartamento, mesmo dentro dos seus condomínios. Então essa radicalização vai ser necessária a partir de agora", ressaltou o secretário.

"Não há nenhuma tranquilidade, nenhuma situação confortável, não há nenhuma razão que justifique a flexibilização das medidas de isolamento social", completou Nésio Fernandes.