Em entrevista à TV Vitória na manhã desta quarta-feira (17), o secretário de Saúde, Nésio Fernandes, alertou que a rede privada não tem mais leitos de UTI disponíveis para compra pelo SUS. Até abril, o estado conseguirá abrir o total de 900 leitos de UTI exclusivos para covid-19, o limite máximo da expansão.
A partir desta quinta-feira (18), ficarão suspensas por duas semanas as atividades consideradas não essenciais em todo o Espírito Santo para conter o avanço da covid-19. Pela primeira vez, desde o começo da pandemia, a ocupação dos leitos de UTI ultrapassou a marca dos 90% na última terça-feira (16).
De acordo com o secretário, atualmente não há nenhum paciente em estado grave aguardando vaga. No entanto, se a doença continuar crescendo pode haver um colapso no Sistema Único de Saúde do Espírito Santo.
“Há um crescimento muito grande de pacientes graves, inclusive de pacientes que não são idosos e que não possuem comorbidades. Neste momento, alcançando 91% da ocupação hospitalar, estabelecemos ainda uma estratégia de ampliação de leitos na rede estadual. Porém, é preciso adotar medidas para que a gente não colapse, como aconteceu em outros estados que tardaram na realização de ações.”
O secretário afirmou que as medidas de distanciamento social propostas pelo Governo do Espírito Santo, precisam ser aplicadas para que a pressão no sistema de saúde diminua nas próximas semanas.
Além disso, Nésio fez um alerta caso as ações não sejam cumpridas pela população. “Se falhar a estratégia e a população não aderir ao distanciamento estabelecido, se tivermos uma expressão de rebelião, desobediência civil, aviso a toda população que não haverá leitos para todos, nem mesmo para aqueles que tiverem dinheiro para comprar um hospital, não vão ter leitos”, afirmou.
Ampliação de leitos
O governo já tinha uma programação de ampliação de mais 200 leitos de UTIs até o final de abril. No entanto, o secretário sinaliza que a estratégia de aumento de leitos pode não alcançar a velocidade da doença registrada nos últimos dias.
Nésio destacou ainda que espera que o fechamento total das atividades não essenciais diminua o número de pacientes com outras condições de saúde que demandam leitos.
“Reduzir os pacientes de trauma, descompensação metabólica, além de outras necessidades que competem com o recurso hospitalar para atender pacientes com covid-19. Assim teremos uma melhor condição de garantir acesso ao leitos”, disse.
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Rede privada não tem leitos
O secretário explicou que, com a suspensão das atividades em 2020, o governo teve a oportunidade de comprar leitos na rede privada. “No auge da ampliação de leitos do ano passado chegamos a ter 715 leitos. No entanto, agora estamos tendo que ampliar mais de 900 leitos de UTI dedicados a pacientes com a covid-19, ou seja estamos aumentando em 200 leitos a oferta”.
Sem profissionais de saúde
Nésio acrescentou que a rede privada já deixou claro que não consegue contratar profissionais para grandes expansões de leitos e também não consegue vender mais leitos para o SUS.
Atualmente, há 749 leitos de UTIs destinados à pacientes com covid-19 em todo o Espírito Santo. Diante da capacidade máxima de 900 leitos, o governo só conseguirá abrir mais 151 leitos. “Não será possível atender toda a população caso não tenha adesão ao distanciamento social”, finalizou o secretário.