A vacinação para idosos com mais de 60 anos não deve começar no mês de março no Espírito Santo, conforme havia previsto o governo estadual. O motivo é o anúncio – pela quinta vez só neste mês – da redução do número de doses enviadas pelo governo federal aos estados.
“Tínhamos esperança que idosos com mais de 60 anos já tomassem a primeira dose em março. É o grupo que mais interna e morre no Espírito Santo. Mas, infelizmente a não garantia das doses conforme divulgado anteriormente torna praticamente inviável o início da vacinação em março”. disse o subsecretário de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin.
Segundo a Secretaria de Saúde, o Estado conta com 560 mil pessoas com mais de 60 anos. A previsão anunciada pelo ministro da pasta, Eduardo Pazuello, no dia 17 de fevereiro, era de que 46 milhões de doses seriam enviadas aos estados neste mês. De acordo com o último anúncio feito pelo ministro na última quarta-feira (10), serão enviadas entre 22 e 25 milhões de doses.
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Segundo o governador Renato Casagrande (PSB), a vacinação para esse grupo pode começar só no final de abril.
“Mas depende muito desse cronograma que tem sido alterado dia a dia. Estamos vendo que o governo federal não conseguiu fazer todos os contratos que deveria ter feito no ano passado, e isso reduz a oferta de vacinas”, disse.
NOVAS RESTRIÇÕES
O secretário de Saúde Nésio Fernandes também informou que novas restrições serão adotadas no Estado para conter o avanço da doença. As novas regras serão divulgadas ainda nesta sexta, às 18h, pelo governador Renato Casagrande.
Nésio Fernandes e o subsecretário em Vigilância de Saúde, Luiz Carlos Reblin já adiantaram em coletiva na manhã desta sexta que os critérios para a classificação de risco dos municípios serão alterados. Uma reunião será realizada nesta tarde para a mudança do Mapa de Risco. Segundo Nésio, diversos municípios irão alcançar o risco alto e não haverá cidades em risco baixo.
Veja abaixo alguns pontos tratados no pronunciamento desta sexta (12):
Aumento de óbitos
O secretário disse que o estado vive uma nova fase de aceleração da curva de casos, internações e óbitos. Ele afirmou que o Estado vive uma semana epidemiológica com aumento significativo de óbitos. Segundo ele, “o governo do estado não hesitará em tomar medidas proporcionais capazes de responder ao aumento de casos no estado”.
Cirurgias eletivas
No sábado (13), a Secretaria de Estado da Saúde vai publicar uma portaria de recomendação para que todas as cirurgias eletivas não essenciais sejam suspensas na rede privada do Espírito Santo. “A rede precisa garantir o acesso a todos os segurados do plano de Saúde e poder ofertar leitos à rede pública de Saúde. As cirurgias no Estado já foram suspensas e algumas foram mantidas, mas vamos suspender agora também”.
Automedicação
Nésio voltou a reforçar os cuidados que devem ser tomados pela população para evitar o contágio. Ele ainda destacou que muitas pessoas estão buscando testes diretamente nas farmácias e até se automedicando quando há sintomas suspeitos da covid-19 com medicamentos que não produzem efeitos positivos no tratamento.
Doenças respiratórias
Reblin destacou que a curva de crescimento acompanha o que, historicamente, ocorre neste período, quando há um aumento nos casos de doenças respiratórias no Espírito Santo. Agora, serão incluso os casos de covid-19. “Não podemos naturalizar a doença, bater no peito e dizer ‘a mim, ela não causa nenhum dano’. Pode não causar a você, mas pode ser com alguém próximo. Precisamos ter medo da doença”, afirmou.
Novos leitos
Nésio Fernandes explicou que na projeção realizada da expansão para 900 leitos de UTI para abril, ainda não é considerada a quantidade de leitos comprados da rede privada. “Ainda podemos comprar leitos privados numa proporção que foi comprada na primeira expansão da doença em nosso estado”.
Fura-fila
Nésio Fernandes: “Estamos preparando a consolidação dos casos já levantados até o momento, as investigações daquilo que foi descartado de casos que não observaram a ordem de vacinação. Agora, na segunda quinzena do mês, iremos apresentar à população um consolidado das auditorias abertas pelo Estado e iremos ter todas as medidas que serão aplicadas aos mesmos, dentro da vigência das respectivas normas.
Hospital de Campanha
Nésio Fernandes: “Nós vamos abrir o Hospital Materno Infantil da Serra com mais de 150 leitos, sendo 20 de UTI e 133 de enfermaria. Podemos chegar a 1500 leitos de UTIs dedicados a todas as doenças no nosso estado, sendo que pelo menos 900 serão dedicados à covid-19. Nós não temos dificuldade com os leitos de enfermaria. Estamos adotando estratégias em algumas unidades, como tendas aclopadas em aguns hospitais, como o caso do Roberto Silvares, em São Mateus.”
Falta de leitos
Nésio Fernandes: “Há medidas mais restritivas, como as adotadas em outros estados, sendo estudadas. Alertamos a constatação que pode faltar leitos caso não ocorra umalto grau de disciplina social e a gente não consiga romper a cadeia de transmissão. As medidas mais restritivas deverão ser anunciadas hoje na reunião da sala de situação”.
Compra de vacinas
Nésio Fernandes: “Temos estabelecido um diálogo com a Federação da Indústria sobre a análise da compra de vacinas. Entendemos que, neste momento, o mais adequado é que o estado faça a compra de R$ 200 milhões em vacinas para que consigamos vacinar todos os grupos prioritários e alcançar a faixa etária de 30 anos, de maneira que a rede privada estaria desobrigada da doação completa das doses à rede de saúde.
Casos no Espírito Santo
As informações mais recentes do Painel Covid-19 apontam que, em 24 horas, o Espírito Santo registrou 1882 novos casos e 18 mortes. Ao todo, o estado já soma 6.660 óbitos e 340.936 casos confirmados.