Um ano de covid no ES: o que fazer para o sistema de saúde não entrar em colapso
Secretaria de Estado da Saúde informou que, até o final de abril, a rede pública terá 900 leitos exclusivos para pacientes com covid-19
Há um ano o Ministério da Saúde anunciava a confirmação do primeiro caso de Covid-19 no Espírito Santo, alterando completamente o dia a dia dos capixabas. A chegada da vacina, 10 meses depois, trouxe alívio e expectativas, mas com as dificuldades em conseguir doses e a consequente lentidão na cobertura vacinal, a pandemia segue preocupando a população e registrando novos recordes de casos e de mortes no Brasil.
De acordo com um levantamento da Fiocruz, o sistema de saúde do Distrito Federal e de mais 18 estados estão em situação crítica, com mais de 70% dos leitos de UTIs ocupados, 10 deles estão a ponto de colapsar e registram mais de 90% de ocupação.
Outros 7 estados estão em alerta intermediário, dentre eles o Espírito Santo. O estado registrou crescimento na taxa de ocupação de leitos, que passou de 68% para 76%, no período entre 22 de fevereiro e 01 de março. Atualmente a rede pública do Estado conta com 694 leitos de UTI, além de 649 de enfermaria, exclusivos para covid-19. Ainda segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), as internações estão aumentando.
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O Espírito Santo chegou a 331.328 casos de covid-19 nesta quinta-feira (5). Ao todo, 6.499 vidas foram perdidas por causa da doença, segundo a última atualização dos dados.
De acordo com o subsecretário de Vigilância em Saúde da Sesa, Luiz Carlos Reblin a expectativa é que ao longo de março os casos comecem a aumentar novamente. "Vamos aumentar os leitos de UTI e finalizar o mês de abril com 900 ocupações disponíveis", destacou Luiz Carlos.
A epidemiologista Ethel Maciel reforçou que a ampliação dos leitos é importante, mas a principal estratégia para interromper o ciclo de transmissão da doença é a ampliação da testagem.
"A taxa de testagem no Brasil toda foi muito ruim, nós tivemos poucos testes. E esse teria que ser o nosso foco, testar em massa e isolar as pessoas. Isso impede e faz com que você quebre a cadeia de transmissão. Se eu descubro, antes que ela apresente os sintomas, eu consigo isolar e impedir que ela transmita para muitas mais pessoas", reforçou Ethel.
Luiz Carlos Reblin destacou a importância da conscientização para evitar a propagação do vírus. "Vai levar um bom tempo para que toda a população esteja vacinada. Só que temos outra vacina que é tão boa quanto a injeção, é a máscara. Ela nos protege, usada adequadamente quando não deixamos de usar ao sair, não aglomerar", sugeriu
Mesmo o Espírito Santo não ocupando condições tão graves em relação ao número de mortes, o aumento de novos casos e a ocupação de leitos mostram que estamos longe de vencermos a doença. Um exemplo disso é o estado de Santa Catarina, que há cinco semanas registrava 55% de ocupação dos leitos de UTI e recebia pacientes vindos do Amazonas.
Por´ém, nesta semana, aproximadamente 200 pessoas com Covid-19 aguardam por um leito de UTI, e agora os pacientes catarinenses estão sendo transferidos para outros estados, inclusive para o Espírito Santo.
A Sesa já recebeu até a manhã desta sexta-feira (5), 68 pacientes, sendo 36 do Amazonas, 30 de Rondônia, e dois de Santa Catarina.
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Situação em outros estados da região Sudeste
Em Minas Gerais alguns municípios já não têm vagas na UTI e estão com ocupação acima de 90%. A informação é que o estado mineiro deve decretar lockdown em algumas regiões.
Já em São Paulo a situação é um pouco mais preocupante, já que está na fase vermelha. Com recorde do número de internações, os paulistas irão enfrentar medidas mais rígidas de isolamento a partir de sábado (6). Na capital do Rio de Janeiro já estão em vigor novas medidas de isolamento social, como a restrição de circulação de pessoas durante a madrugada.