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Policial do ES afirma que foi suspenso por postar vídeos de humor

Thiago diz que, por conta do conteúdo produzido e publicado em perfis que mantém com a esposa, foi afastado do cargo por dez dias

Tiago Alencar

Redação Folha Vitória


Foto: Reprodução / Instagram


Contando com milhões de seguidores espalhados em cinco redes sociais, o policial militar capixaba Thiago Garrocho usou o seu perfil no Instagram no último sábado (11), para dizer que estava sendo punido pela Polícia Militar do Espírito Santo (PMES), em função de vídeos de humor e entretenimento produzidos por ele, em conjunto com sua esposa, que também é policial.

O militar, que está na PM desde 2014, disse aos seus seguidores que foi suspenso de suas funções pelo prazo de dez dias. A mulher de Thiago, que é da Polícia Civil, não é alvo de repreensão por conta do material que produz e divulga com o marido.

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Começando a valer a partir desta segunda-feira (13), a punição, aplicada pelo Conselho de Ética do Batalhão da PM em Guarapari, impede Thiago de receber seu salário integral, hoje avaliado em R$ 3.800,00, bem como honrarias e medalhas durante o período em que estiver afastado.

Veja o vídeo com a declaração do policial:

Assim como no relato feito em suas redes, Thiago afirmou à reportagem do Folha Vitória, na tarde deste domingo (12), ter ficado surpreso e decepcionado com a decisão da PM.

"Tenho me sentido muito triste e desapontado, meus vídeos têm o intuito de humanizar a farda e mostrar que o policial é um ser humano; antes de entrar na PM, eu era um cidadão comum. Fico triste em tentar mostrar outro lado do policial e ainda ser punido pela polícia", disse.

Em outro trecho da conversa, o policial demonstrou se sentir magoado pelo fato de estar na corporação há cerca de nove anos e nunca ter sido promovido a outra patente.

"Estou na PM desde 2014, tenho oito anos na Polícia Militar, sou soldado e nunca fui promovido e essa punição irá prejudicar minha carreira para sempre", ressaltou.

Questionado se, mesmo após a punição aplicada pela PM, ele continuaria produzindo conteúdo para o seu público nas redes, Thiago disse ainda estar pensando a respeito do assunto.

"Estou pensando sobre o assunto é até minha permanecia na polícia, a polícia nunca valorizou meu trabalho nas redes sociais e essa punição me deixou em choque", afirmou.

A reportagem também perguntou a Thiago se ele tentou, de alguma forma, recorrer da decisão aplicada pelo Batalhão. Ele contou que um advogado da Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar do Estado do Espírito Santo havia tentando reverter o quadro, porém sem sucesso.

"Eu tenho um advogado da associação que acompanhou todo o processo e fez tudo que podia, mas tudo foi julgado dentro do Batalhão de Guarapari, o encarregado e o Conselho de Disciplina e Ética são do meu batalhão e eles me culparam pelos vídeos", disse.

Sobre o tipo de conteúdo criado em seus perfis nas redes, o policial afirmou que se trata de vídeos informativos, além de brincadeiras que visam aproximar a polícia da sociedade.

Por fim, Thiago destacou que, desde que decidiu criar conteúdo com a finalidade de desmistificar a imagem da polícia junto à população, em 2019, a maioria das respostas que ele recebe do público é positiva.

"Todos os dias recebemos respostas positivas de pessoas que deixaram de ter uma imagem negativa da polícia após nossos vídeos, pessoas que até saíram da depressão por conta dos nossos vídeos", pontuou.

Presente em cinco redes sociais

A abrangência do conteúdo produzido pelo policial ultrapassou as fronteiras do Estado. Os vídeos de Thiago são assistidos por pessoas de várias partes do país e do mundo, segundo ele.

"Juntando todas as redes sociais, hoje temos 8 milhões: 600 mil no Instagram, 4,4milhoes no TIKTOK, 2,7 milhões no kwai, 300 mil no YouTube, 180mil no Facebook, que acompanham e gostam do conteúdo! Muita gente até de fora do Brasil", finalizou.

A PMES e Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) foram procuradas para comentar o afastamento do policial. Via assessoria, a PMES informou que, para apurar as informações a respeito do caso, dependeria do "horário administrativo da Corregedoria".