Uma verdadeira corrida contra o tempo. Ananda Sampaio Rampinelli, 34 anos, médica socorrista do Samu, contou como foram os momentos em que ela, junto com a enfermeira Dandara Mariano e o técnico de enfermagem Fábio Litzkon tentaram medicar e levar oxigênio para a adolescente, Sabrina Morassuti, de 15 anos presa em meio aos escombros.
Sabrina, a mãe dela, Camila Morassuti Cardoso, de 34 anos e o avô Eduardo Cardoso, de 38 anos, foram resgatados sem vida após o prédio em que eles moravam desmoronar decorrente de uma forte explosão, no início da manhã desta quinta-feira (21). Somente a outra filha de Eduardo, Larissa Morassuti, conseguiu sobreviver à tragédia.
Segundo Ananda, a equipe teve acesso à vítima por meio de um buraco de cerca de 45 cm de diâmetro. Eles foram chamados 20 minutos após a chegada ao local da tragédia, assim que os bombeiros conseguiram contato com a adolescente.
“Eles conseguiram acesso a mãozinha dela, então eles chamaram a gente pra ver se era possível fazer alguma coisa ou intervir de alguma forma naquele momento. Foi a primeira vez que a gente subiu lá nos escombros”, contou.
“Entramos eu, a técnica que estava comigo, a Dandara e o enfermeiro Fábio. Entramos nós três. A princípio eu entrei, vi que tinha condições de pegar um acesso, em seguida os dois, que são enfermeiro e técnica, entraram e conseguiram realizar uma punção na mão dela, pra gente correr um soro”.
A médica relatou ainda a enorme dificuldade de chegar perto da vítima por conta dos escombros e lembrou do momento em que foi possível levar um pouco de oxigênio para Sabrina.
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“Água não tinha como, a gente via a mão dela pelo buraco, então ela conseguia botar a mãozinha pra fora, a gente conseguiu segurar a mão dela um pouco. Naquele momento, a gente pegou o oxigênio e conseguiu, pelo buraco que tinha, passar o oxigênio lá pra dentro um pouco”.
A todo instante, as equipes conversavam com a vítima e pediam para que ela tentasse ficar calma, na busca de promover algum tipo de conforto diante toda a situação. Enquanto isso, os bombeiros seguiam trabalhando na retirada dos escombros que estavam sobre ela. “Ela dizia que ela queria sair dali, pedia ajuda e pedia pra gente tirar ela dali logo”, lembrou a médica.
Um dos momentos de maior aflição foi quando Sabrina parou de se comunicar com as equipes de resgate. “Logo que o soro começou a correr um pouco, os bombeiros tiveram acesso ao resto do braço e logo em seguida perdeu esse acesso, por conta de toda a situação e foi quando ela parou de responder a gente”, disse.
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