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“As pessoas não podem mais andar na calçada?”, diz filha de médico engolido por cratera

Ortopedista de 83 anos precisou passar por cirurgia no fêmur e continua internado. Acidente foi na segunda-feira (1º), em Cachoeiro de Itapemirim

Maria Clara Leitão

Redação Folha Vitória
Foto: Montagem / Folha Vitória

O médico ortopedista Eurípedes Fernandes de Melo, de 83 anos, que foi "engolido" por uma cratera aberta em uma calçada na Avenida Francisco Lacerda de Aguiar, em Cachoeiro de Itapemirim, região Sul do Espírito Santo, continua internado após passar por uma cirurgia e não possui previsão de alta. O caso foi registrado na manhã desta segunda-feira (1º). 

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Em entrevista à reportagem da TV Vitória/Record, a filha dele, Daniele Melo, de 46 anos, afirma que o acidente poderia ter sido bem pior e se configura como uma falta de responsabilidade.

“Estamos falando da vida. Fiquei desesperada ao receber a notícia. As pessoas não podem andar mais na calçada?”, questiona.

Daniele afirma que a família está revoltada com o caso, principalmente pelo fato de que, depois que a tragédia aconteceu, as instituições envolvidas priorizaram “jogar a culpa um para o outro”. 

"Falam que foi a raiz da árvore, comentam que pode ter sido manilha de drenagem, mas ninguém sabe realmente o que aconteceu!", afirma. 

“Foi o melhor presente de aniversário!”, diz filha 

Uma coincidência no meio de toda essa confusão: o acidente com o médico foi no dia do aniversário da filha. Daniele relembra que, ao atender a ligação da mãe pela manhã, acreditava ser um “parabéns”, mas era a notícia de que o pai estava ferido. 

"Recebi uma ligação da minha mãe, falando que o meu pai havia sofrido um acidente, que a calçada havia cedido e ele foi engolido pela calçada. Eu tentei tranquilizar a minha mãe, mas logo que desliguei, já liguei para outras pessoas", destaca. 

Mesmo com todo o desespero, Daniele diz que agradece pelo fato do pior não ter acontecido. “Ontem (segunda) foi meu aniversário e esse foi o maior presente que ganhei na minha vida: meu pai viver de novo”, disse. 

Vídeo mostra o médico desabar em cratera 

Câmeras de segurança registraram o momento exato em que o médico ortopedista caiu em um buraco após a calçada em que ele caminhava ceder.

Ele estava caminhando normalmente na calçada, quando o buraco se abriu. Assim que o idoso cai na cratera, um muro também cede e cai em cima do local onde ocorreu o acidente.

Prefeitura: rede de drenagem deteriorada 

Por meio de nota, a Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim informou que, segundo informações preliminares, a possibilidade é que a rede de drenagem tenha sido deteriorada em virtude do tempo, já que existe há mais de 30 anos. 

Além disso, estudo está sendo feito e não há como afirmar, ainda, que a árvore existente no local tenha sido responsável pelos danos à rede.

A hipótese foi levantada pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES), que cogitou que o desabamento pode ter sido causado pelo rompimento da rede de drenagem, gerado por raízes de uma árvore.

Segundo o engenheiro do Crea-ES, Erivelto Diogo, no local é presente uma rede de drenagem que também recebia esgoto. 

"Próximo a ela, uma árvore no passeio, as raízes da vegetação procuram água e nutrientes para sobreviver, então ela fez um caminho, levantou a rede de drenagem, falando de maneira simples e houve um vazamento", disse o engenheiro.

Concessionária diz que problema é no sistema de água da chuva 

A BRK, concessionária responsável pelos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário em Cachoeiro, enviou nota alegando que a "ocorrência não está relacionada às tubulações de água e esgoto existentes no local. As redes de abastecimento de água e de coleta de esgoto daquele trecho operam com regularidade, sem qualquer avaria".

A concessionária acrescenta que encaminhou uma equipe técnica ao local logo após ciência do fato, e "em vistoria identificou que o problema é inerente ao sistema de drenagem (água de chuva) daquele trecho; estrutura e serviço que não fazem parte do escopo de trabalho da BRK no município".

*Com informações da repórter Suellen Araújo, da TV Vitória/ Record TV 

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