DELIVERY DE ARMAS

Família é presa suspeita de fabricar e vender 200 armas para o crime organizado na Grande Vitória

Investigação da polícia aponta que a família tenha conseguido com o crime cerca de meio milhão de reais. Os suspeitos usavam crianças para despistar

Carol Poleze

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação / Polícia Federal/Arte/Folha Vitória

Pai, filhos, esposas e cunhado: uma família inteira suspeita de fabricação, venda e distribuição de armas ao crime organizado da Grande Vitória está atrás das grades. 

A Operação Legado Armeria, realizada pela Polícia Civil, desarticulou o grupo, e prendeu cinco pessoas nesta semana. O homem apontado como líder da facção já havia sido preso em dezembro.

>> Quer receber nossas notícias 100% gratuitas? Participe da nossa comunidade no WhatsApp ou entre no nosso canal do Telegram!

A estimativa da polícia é que a família tenha produzido e comercializado aproximadamente 200 armas de fogo, com o valor de R$ 2,5 mil cada e obteve, com isso, um faturamento anual de cerca de meio milhão de reais. 

A produção de armas do grupo acontecia em uma casa na zona rural de Cariacica - o nome do local não foi passado pela polícia. Cada integrante, de acordo com investigações policiais, era responsável por uma função: fabricar o armamento, logística de distribuição e sistema de pagamento com os interessados.

Armas eram escondidas nas bolsas das crianças 

O delegado Daniel Belchior, titular da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme), disse que o grupo realizava as entregas em família e usava, até mesmo, crianças para não chamar a atenção das autoridades policiais. Em alguns momentos, eles escondiam as armas dentro das bolsas das crianças.

Ainda para mascarar o crime, a maior parte do grupo tinha trabalho formal, inclusive, uma das pessoas detidas, trabalhava como professora. De acordo com a polícia, esse perfil contribuiu para não levantar suspeitas.

O delegado explicou sobre a dificuldade da operação:

"A grande dificuldade da investigação de fabricação de arma de fogo caseira envolve não só a rastreabilidade das armas, mas o perfil das pessoas. Elas não têm o perfil ou passagem que indicam que estão fabricando esse tipo de arma semi-industrial. Eles trabalhavam em outros empregos formais, inclusive, tem uma professora no meio", disse Daniel Belchior.

Como funcionava o esquema da família

Foto: Divulgação / Polícia Federal/Arte/Folha Vitória

A primeira prisão foi a de Wilrison Manske, apontado como principal membro da organização criminosa, em dezembro de 2023, na primeira fase da operação. Foi a partir dessa prisão que a polícia conseguiu chegar até o restante da família, com a prisão preventiva dos outros cinco integrantes.

Na última terça-feira (23), outras cincos pessoas da família foram detidas: Edilson Manske, Tiago Manske, Ariane Vingler, Bruno Vingler, mais conhecido como Jhon Caseiras, e Hellen Luise.

Eles são acusados de porte ilegal de arma de fogo, associação criminosa e receptação.

Veja as funções de cada um no crime, de acordo com a polícia:

Fabricação das armas:

Edilson Manske e Wilrison Mansk (pai e filho)

Negociação:

Bruno Vingler, conhecido como John Caseiras (irmão de Ariane)

Entregas:

Tiago Manske (filho de Edilson e irmão de Wilrison) e Hellen Luise (esposa de Bruno)

Financeiro:

Ariane Vingler (esposa de Wilrison)

Ainda de acordo com a polícia, os fabricantes aprendiam a fazer as armas por meio de tutoriais na internet, no YouTube. A venda era sob encomenda e as armas tinham as características que os solicitantes pediam. 

"A demanda era tão grande que nem eles estavam conseguindo dar conta. Eles fabricavam da forma que a pessoa pedisse: o calibre, o modo de disparo... Era tudo por encomenda, tinha gente que encomendava de 10 em 10, inclusive", explicou o delegado Daniel Belchior.

Os suspeitos realizavam entregas no Bairro da Penha, em Vitória, e em Guarapari e Cariacica. O delivery era feito de carro e, na maioria das vezes, por toda a família, utilizando crianças, para despistar os policiais.

Na fábrica de armas, foram apreendidos:

1 pistola calibre .380
1 rifle calibre .28
1 rifle calibre. 22
1 carabina calibre .22
1 garrucha
3 carregadores de pistola
41 munições calibre .380
31 munições calibre .38
13 munições calibre .12
22 munições calibre .28
26 munições calibre .36
10 munições calibre .32
4 munições calibre .45
3 munições calibre .40
86 munições calibre .22
1  munição calibre .765.

Veja por quais crimes cada integrante vai responder:

Wilrison Manske

Porte ilegal de arma de fogo, comercio ilegal de arma de fogo e associação criminosa

Edilson Manske

Porte ilegal de arma de fogo, comercio ilegal de arma de fogo e associação criminosa

Tiago Manske

Comercio ilegal de arma de fogo e associação criminosa

Bruno Vingler de Sena (John Caseiras)

Comercio ilegal de arma de fogo, receptação e associação criminosa

Hellen Luise Santos Silva

Comercio ilegal de arma de fogo, receptação e associação criminosa

Ariane Vingler Gonçalves

Comercio ilegal de arma de fogo e associação criminosa

Com as prisões preventivas, a polícia encerrou a investigação, mas não descarta novas prisões de tiver outras suspeitas de envolvimento com a família. 

LEIA TAMBÉM: "Chance de ir para o IML é grande", diz coronel sobre suspeitos de balear PM em Vila Velha