Em busca de tratamento, família acorrenta jovem viciado em drogas em casa
O jovem, de 20 anos, costuma fugir de casa e cometer furtos para alimentar o vício; a mãe teme que o filho seja morto e pede ajuda
O vício em drogas de um jovem de 20 anos representa o sofrimento de uma família inteira. Para evitar que o rapaz fuja de casa e cometa crimes para consumir os entorpecentes, os parentes o mantém acorrentado em um quarto na casa onde mora. A reportagem não irá identificar o bairro e cidade para preservar a identidade da família.
Desesperada, a mãe pede ajuda para conseguir internar o rapaz em uma clínica de dependentes químicos. Ela teme que o filho seja assassinado. Segundo a família, para alimentar o vício, o jovem foge de casa, comete furtos no bairro onde mora e deixa todo mundo preocupado.
A mãe contou que já procurou ajuda médica, levou o filho para atendimentos psiquiátricos, mas não consegue interná-lo. Mesmo com dificuldades financeiras, a mulher já pagou uma clínica particular para o rapaz, mas ele não ficou no lugar.
"Nos estamos pedindo um laudo psiquiátrico para que eu possa internar meu filho compulsoriamente. Eu prefiro ver o meu filho internado do que fazer o velório dele".
Para resguardar os momentos de delírio do rapaz, os familiares resolveram acorrentá-lo. A medida extrema dessa mãe é para que ele não machuque ninguém dentro de casa. Segundo a família, o rapaz costuma ficar nervoso e quebrar tudo que encontra pela frente.
"Antes eu mantinha o portão fechado, mas ele começou a me agredir, falar que ia me matar. Não teve jeito. Eu peguei uma corrente e coloquei nele", lamentou a mãe.
De acordo com os familiares, o jovem se envolveu no mundo das drogas, no bairro onde mora, quando ainda era adolescente. "Ele começou com 15 para 16 anos. Quando ele fez 18 anos, foi preso. Ele ficou na cadeia cerca de seis meses".
Apoio social
Para ajudar essa e tantas outras famílias que passam pelo mesmo drama, o subsecretário estadual de Políticas Sobre Drogas, Carlos Lopes, dá algumas orientações.
"A internação compulsória é possível para aqueles casos extremos. A família deve procurar a Defensoria Pública com laudo médico que comprove essa necessidade e, então, é dado o direcionamento via poder judiciário".
Lopes chamou atenção sobre as maneiras de internação a força. "Neste caso, não precisa de ações judiciais. Basta que um médico ateste a necessidade da internação desse individuo. A família pode procurar a unidade de saúde mais próxima para receber orientações".
A Secretária de Estado de Saúde (Sesa) informou que o Espírito Santo conta, atualmente, com leitos psiquiátricos para adultos, jovens e crianças, em três hospitais na Grande Vitória. Além dos leitos próprios, a Sesa também conta com leitos em hospitais filantrópicos contratados e clínicas credenciadas para atender aos pacientes.
A Sesa informou que oferecem triagem e acolhimento de pessoas com dependência química no Centro de Acolhimento e Atenção Integral sobre Drogas (CAAD), localizado no Centro de Vitória. Os atendimentos pode ser feitos pelo telefone 0800 028 1028.
Para que famílias possam agendar atendimento para tratamento e orientação sobre recuperação do CAAD, o telefone 0800 028 1020
Com informações do repórter Douglas Camargo, da TV Vitória/RecordTV