Imagina uma história de amor com quase sete décadas? Compartilhar uma vida inteira e construir uma família com o amor da sua vida. Essa história é de um casal do Espírito Santo que comemorou 68 de casados com um ensaio fotográfico bem especial.
O senhor Calil Miguel, de 102 anos, e senhora Valda Oliveira Calil, de 86 anos, podem provar que o amor realmente resiste ao tempo. Juntos, eles têm 188 anos e união formaram uma linda família com 4 filhos, 9 netos e 5 bisnetos.
Para o marco dessa história de amor, eles foram presenteados com um ensaio fotográfico em alguns pontos turísticos de Anchieta, já que são moradores de Iriri.
A surpresa foi do fotógrafo e amigo da família André Serrão, que organizou tudo com uma das filhas do casal. Em entrevista ao Folha Vitória, ele contou que é um admirador da história de dona Vanda e Calil.
“Nossas famílias sempre foram amigas, desde muitos anos. Eu sempre admirei muito a história de amor deles. Combinamos tudo com uma das filhas deles e tivemos a ideia de fazer em um ponto turístico nosso, que é o santuário. Levamos mais coisas, como violino e balões e apesar de ter sido muito rápido, deu certo”, explicou.
André contou que o ensaio foi um presente para o casal. Para ele, que ama o que faz, toda fotografia é uma história, por isso decidiu presenteá-los e contar um pouco da história deles.
O casal se conheceu no dia 12 de julho de 1953, em um casamento de parentes da dona Valda, em Minas Gerais. Com quase um ano de namoro, eles decidiram oficializar a união e, no dia 15 maio do ano seguinte, se casaram no dia do aniversário de dona Valda.
“Ele fazia parte de uma banda típica, cantava tangos, e foi convidado para o casamento. Na hora da festa, ele e os outros músicos tocavam instrumentos musicais como violão, violino e ele cantava também”, relembra dona Valda.
O mais curioso e inusitado é que entre namoro, noivado e casamento, o casal só se encontrou pessoalmente 12 vezes, já que dona Valda morava em Lajinhas e Calil em Caratinga, ambos em Minas Gerais.
Casal de comunicava por cartas
Segundo dona Valda, devido à distância das cidades e más condições de infraestrutura da época, era difícil os dois se encontrarem. Para matar a saudade e manter o relacionamento à distância, eles se comunicavam por cartas.
“A carta demorava mais de 15 dias para chegar, ele respondia a minha carta e eu enviava outra, era assim”, contou ela.
Com alegria, dona Vanda relembra que logo após o casamento, os dois pegaram um voo para o Rio de Janeiro, onde curtiram 12 dias de férias.
“Ele virou para mim e falou assim: ‘Vamos fazer uns passeios, vamos no Cristo Redentor e lá no Tabuleiro da Baiana. Quando ele falou isso, eu falei que não queria ir, porque eu achei que seria uma baiana vendendo coisas, mas era o local”, lembrou.
Outra lembrança e curiosidade da vida do casal é em relação ao nome de uma das filhas. “Quando nasceu a Selma, a terceira dos filhos, ele virou e falou: ‘Agora você não vai agradar. Eu vou colocar o nome nela de Selma, que foi uma moça linda que eu namorei no Rio de Janeiro e vim embora para Caratinga. Quando eu voltei lá, quando eu podia casar, ela já estava casada com outro'”, contou.
Quando soube o motivo da escolha do nome, dona Valda não gostou muito da ideia, mas concedeu.
“Eu quase morri, foi a mesma coisa que me dar uma punhalada no peito. Aí eu falei: ‘Bem feito, você se casou foi comigo’ e ele falou: ‘Graças a Deus que ela já tinha se casado com outro, porque eu estou muito satisfeito de ter casado com você”, relembrou dona Valda.
Atualmente o casal tem uma rotina de tempo livre, já que os negócios foram passados para o filho mais novo. Aos finais de semana, eles recebem visitas de parentes que vivem no interior.
Ao ser questionada sobre o segredo de tanto tempo de casamento, dona Valda revelou que o primeiro de tudo é o respeito e desculpar um ao outro, em tudo que estiver ao alcance.
*Texto da estagiária Gabriela Vasconcelos, com supervisão da editora Thaiz Blunck.